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VII Festival Paideia: A Utopia que já virou realidade

"Ondas, Tudo que Brilha Vê", do canadense Théâtre Des Confettis, para bebês. (foto Vincent Champoux)

Em parceria com o Sesc Santo Amaro, o Festival Internacional Paidéia de Teatro chega à sua 7ª edição trazendo espetáculos de diferentes cidades do Brasil e do mundo, de 25 a 29/set

Imagine um pátio de coletores de lixo sendo transformado em um Pátio de Coletores de Cultura. Essa é a sede atual da Paideia. Após ocupar diferentes lugares da zona sul de São Paulo, hoje o antigo pátio de coleta residual, da Subprefeitura de Santo Amaro, vem sendo constantemente transformado. Uma Associação Cultural que é dividida em núcleos e regida por uma Cia de teatro com os olhos mais do que voltados aos jovens e às crianças: a Cia. Paideia de Teatro.

Fundada em 1997 por Amauri Falseti e Aglaia Pusch, a Paideia mantém há três anos uma parceria com o GRIPS Theater de Berlim - Alemanha, um dos mais importantes e reconhecidos centros de teatro do mundo, voltado para crianças. Atualmente a Paideia é um pólo cultural que ajuda no desenvolvimento infanto-juvenil por meio da dramaturgia e de todas as suas possibilidades.

O Sesc é parceiro da Associação, há algumas edições, na realização do “Festival Internacional Paideia de Teatro para a Infância e Juventude: Uma Janela para a Utopia”, que acontece anualmente desde 2006. Trata-se de um intercâmbio cultural com programações dirigidas para diferentes faixas etárias, que incluem espetáculos, oficinas, workshops e mesas de reflexão.

Neste ano, o VII Festival ocorre de 25 a 29 de setembro com o tema Água. No  dia 24 tem início uma Oficina sobre Crítica de Teatro Infantil com reflexão sobre as peças que serão apresentadas nos dias seguintes. Serão espetáculos de diversas cidades do Brasil e do mundo abordando questões sobre sustentabilidade e meio ambiente. As programações acontecem no Sesc Santo Amaro, na sede da Paideia e em locais especiais da região, como o Mercado Municipal de Santo Amaro.

A EOnline conversou com o jornalista, dramaturgo e crítico teatral Dib Carneiro Neto e com Aglaia Pusch, fundadora da Paideia e coordenadora geral do Festival. Ambos fazem parte da equipe de curadores desta edição, juntamente com o Sesc. “A maioria das pessoas assiste às peças, participa dos debates, este é um dos nossos principais enfoques, o encontro”, conta Aglaia que diz ainda que este foi o primeiro ano no qual a curadoria do Festival foi formada por uma equipe, o que tornou possível debater sobre os detalhes do projeto.

Foram considerados diversos aspectos na escolha das companhias teatrais, principalmente a qualidade artística apresentada. “É um tema muito atual, muito pertinente e ao mesmo tempo é uma das coisas que eu, como crítico de Teatro, mais valorizo: como tratar desses temas, que são sociais ou de certa forma didáticos, sem perder a qualidade artística, se não fica chato”, pontua Dib Carneiro.  “Eles não abrem mão de ser teatro, antes de querer passar qualquer lição”, afirma o jornalista.

Outro aspecto relevante da edição 2013 do Festival está ligado às discussões que foram realizadas para trabalhar o tema em seu sentido mais amplo. O desenvolvimento infanto-juvenil, sobre este assunto, foi um dos motivadores para que workshops e oficinas fossem incluídos nas programações. Espetáculos como “A Menina Lia” (Cia do Fubá – SP) e “Terremota” (Jackie Obrigon e Marcelo Romagnoli – SP) tratam de temas como cidadania e solidariedade, com muita diversão. “A Menina Lia é uma menina que adora ler, ela quer mudar o mundo a partir do que vê nos livros, ela não tem esse exemplo em casa, os pais são exatamente o contrário, só querem ver televisão, então é um jeito inusitado e até invertido de tratar o tema”, detalha Dib que conta que temas como bulling e preconceitos são retratados claramente em algumas peças contribuindo para que a plateia se envolva nestas questões e as leve para discussão em casa.

Acompanhe a seguir outros trechos da entrevista:

EOnline: Qual seria a característica principal e mais marcante deste Festival em relação a outras programações teatrais infanto-juvenis que são realizadas no Brasil?
Aglaia Pusch: Uma coisa que falo com muito orgulho é que este Festival é sempre um lugar de encontro e de muito intercâmbio. É uma busca para o teatro contemporâneo, o que hoje em dia as crianças e os jovens precisam para o teatro? Isso vai ser discutido na mesa para o teatro de jovens, com o pessoal da Colômbia, do Uruguai e do Brasil também. Essas discussões e principalmente, os encontros acho que são bem importantes.

Dib Carneiro Neto: Uma coisa que acho muito forte é a integração com a comunidade, no bairro de Santo Amaro, onde é a sede da Paideia. É um festival que prioriza esse público que eles conquistaram ao longo dos anos e que, em parceria com o Sesc Santo Amaro, acabou se intensificando mais ainda. Proporcionar este acesso para uma população, que fica distante do circuito tradicional de teatro de São Paulo, sem sair do bairro, atrações para família inteira e do nível que é, acho um grande diferencial. Cada cidade ou bairro devia seguir este exemplo e foi muito legal o Sesc ter percebido este potencial da Paideia e ter estabelecido a parceria. Para conseguir assistir boas peças é preciso sair do bairro, mas em setembro não, está tudo ali, ao alcance da mão e eu acho essa acessibilidade muito legal.

EOnline: Como parte da equipe de curadoria do Festival, quais foram as principais considerações para a escolha das Cias Teatrais e dos espetáculos escolhidos para este ano?
A. P.: Este ano foi bem diferente porque nós decidimos trabalhar com um tema específico e escolhemos a Água como tema principal. Foi o primeiro ano em que a curadoria do Festival foi formada por um grupo de pessoas, uma equipe. Associamos ainda a questão da sustentabilidade e buscamos Cias que conseguissem alinhar a arte com o tema em si.

EOnline: Temos espetáculos voltados para bebês, caso do “Ondas, Tudo que Brilha Vê” do grupo Canadense Théâtre Des Confettis e ao mesmo tempo peças como “Sua Incelença, Ricardo III” do potiguar Clowns de Shakespeare. Como é o trabalho que busca o caráter educativo para públicos que são ao mesmo tempo próximos em sua faixa etária, porém bastante distintos quanto a sua fase de aprendizado e percepção?
D. C. N.: Tem a ver com a localização do bairro e do seu público, que são famílias inteiras e as crianças de várias idades. Então, como contemplar todo mundo? Enquanto a mãe fica com uma criança na sala, o pai pode ir com a outra de uma faixa etária maior, a gente tentou atingir as várias faixas etárias que frequentam a Paideia. Mesmo esses espetáculos para bebês, passam muita calma, com uma trilha sonora agradável, então se um adulto assistir não será uma tortura, é uma coisa que consegue agradar a todo mundo. E o “Ricardo III”, direção do Gabriel Villela, que é um cara que faz uma verdadeira festa visual e musical, será uma festa de encerramento no Mercado Municipal de Santo Amaro, com essa celebração, com Shakespeare, com um teatro da melhor qualidade, no bairro e no mercado que este público frequenta durante a semana.

o que: VII Festival Internacional Paideia de Teatro para Infância e Juventude: Uma Janela para a Utopia
quando:

25 a 29/setembro

onde:

Sesc Santo Amaro e espaço da Cia. Paideia de Teatro

Consulte a programação e confira os locais onde ocorrem as atividades

ingressos:

Ingressos Sesc através das bilheterias das unidades e Ingressos Paideia na sede da Associação Cultural

o que: Fechamento do Festival
“Sua Incelença, Ricardo III”, com o grupo teatral Clowns de Shakespeare (Natal – RN). Este espetáculo de rua parte da tragédia Ricardo III, de William Shakespeare e reúne o universo lúdico do picadeiro do circo, dos palhaços mambembes e das carroças ciganas criando um diálogo entre o sertão brasileiro e a Inglaterra elisabetana
quando:

29/setembro às 19h

onde: Mercado Municipal de Santo Amaro: Rua Padré José de Anchieta, 953 – Santo Amaro
ingressos:

grátis
Para este espetáculo, haverá retirada de ingressos com 1 hora de antecedência no local.