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Namastê, saberes da Índia

Barbearia<br>Foto:Silvio Fatz
Barbearia
Foto:Silvio Fatz

Sesc São Caetano recebe, de 2 a 29/setembro, a exposição fotográfica Namastê, saberes da Índia, com fotografias a respeito da cultura indiana, seus costumes, hábitos e crenças com enfoque no Kumbh Mella, o maior festival espiritual do planeta

O fotógrafo Silvio Fatz conversou com a EOnline sobre seu trabalho como fotógrafo, da motivação e inspiração que teve para realizar as fotos na Índia no meio do Festival Kumbh Mella, que acontece de doze em doze anos na Índia, bem como a exposição que fica em cartaz até o final do mês no Sesc São Caetano, que faz parte do projeto Namastê, yoga e outros saberes da Índia. Confira os principais trechos da entrevista a seguir.

EOnline:Pra começar, que tal contar um pouquinho do seu trabalho para nós?
Silvio Fatz: Tenho realizado diferentes trabalhos de artes visuais e instalações usando técnicas e processos alternativos, combinando vídeo, música e fotografia. Além dos trabalhos autorais, invisto o meu tempo em documentar temas humanitários, ambientais e culturais. Já fotografei na Antártida, Argentina, Caribe, Chile, China, França, Holanda, Índia, Inglaterra, México, Paraguai, Tailândia e EUA.

EOnline: O que o motivou escolher a Índia?
S. F.: Conheci o guru brasileiro e líder humanitário, Sri Prem Baba, que foi iluminado na Índia pelo guru Sri Hans Raj Maharaj. Foi ele que me orientou e deu o apoio necessário para as viagem fotográficas na Índia.

EOnline: Qual o registro mais marcante e por que?
S. F.: Difícil falar no registro mais marcante, todos os momentos na Índia são muito especiais e inusitados. Um deles foi num casamento tradicional indiano, as comemorações variam de acordo com a região, com as diferentes religiões e com as castas indianas (divisão por classes). Os festejos duram de três a sete dias de muita festa, todos da cidade são convidados, desde a família mais rica até a mais pobre, vi um contraste social marcante e muito especial. No final da festa os noivos trocam colares de flores chamados mangal sutra, que concretizam simbolicamente a união do casal.

EOnline: Você esteve na Índia no Festival  Kumbh Mella com um grupo de brasileiros. É o maior Festival religioso do mundo e acontece de 12 em 12 anos. É isso mesmo? Como foi realizar este trabalho no meio de mais de trezentas mil pessoas?
S. F.: Com certeza é uma loucura, fiquei 12 horas perdido da equipe, fui levado pela multidão, foi uma experiência única. O Khumba Mela é o festival religioso mais antigo da história da humanidade e o principal da Índia, recebe milhões de fiéis, gurus, sadhus e peregrinos para se banharem no Sangam (local em Allahabad onde se encontram três rios sagrados: o Ganges, o Yamuna e o Saraswati) para se purificar de seus "karmas" (pecados cometidos na encarnação atual e nas passadas). O Maha Kumbh Mela de 2013, em Allahabad, foi um dos maiores e mais espetaculares, com a maior concentração humana jamais vista, atraindo mais de 100 milhões de pessoas para se banharem nas águas sagradas durante os 55 dias do evento.

EOnline: Existem muitas outras fotos suas do Festival no flickr, redes sociais entre outras. Foi difícil selecionar as fotos para a exposição? Qual foi o critério?
S. F.: Muito díficil, principalmente porque a gente fica envolvido emocionalmente com as fotos. Captei, nas viagens para a Índia, 65 mil imagens e 350 pequenos vídeos. Realmente é um material imenso que poderei editar de diferentes formas para  futuras exposições.

EOnline: Na exposição há um painel com muitos retratos dos indianos, o que impressiona são os olhares. O que você tem a dizer sobre os olhares dos indianos? Alguma outra característica marcante?
S. F.: Com esse painel eu quis mostrar a diversidade do povo indiano, sua pluralidade étnica. Para eles as crenças espirituais, o yoga e o respeito com os animais são os valores mais importantes da sociedade que ainda sofre com altos níveis de pobreza, analfabetismo, doenças e desnutrição. O olhar profundo do indiano, sua amorozidade, sua espiritualidade, são tocantes. Nos disperta que a vida pode ser feliz, sem desperdícios e com simplicidade. Não precisamos matar nenhum ser vivo da Terra para sobreviver.

EOnline: Quais os líderes e divindades, se é que são chamados assim, da Índia que teve oportunidade de conhecer e fotografar?
S. F.: No Khumba Mela, aconteceram muitos eventos e momentos especiais. Tive a oportunidade de estar na presença de grandes líderes: ativistas, filantrópicos, políticos, mestres espirituais, gurus e líderes comunitários. Todos vieram para contribuir com a preservação do meio ambiente e a paz global.

EOnline: Suas fotos ficam em cartaz no Sesc São Caetano  até o final do mês. Vai expor em algum outro lugar?
S.F.: Estou em tratativas para que a exposição seja itinerante e passe por várias unidades do Sesc, tanto na capital como no interior.

EOnline: Qual sua expectativa, projetos para o próximo trabalho?
S.F.: Agora estou me dedicando à criação da instalação intitulada Mutação Hídrica, que discute pequenas transformações pelas quais passamos todos os dias e não damos atenção pelo estilo de vida frenético que vivemos.

EOnline: Além das fotos, o que trouxe como recordação de lá?
S.F.: Trouxe da Índia várias relíquias, cinzas que os Sadhus usavam para abençoar seus seguidores e simpatizantes, instrumentos musicais, símbolos, máscaras, patuás, água do banho real e outras curiosidades que ficarão para a próxima exposição.

o que: Namastê, saberes da Índia L
quando:

de 2 até 29/setembro

onde: Sesc São Caetano