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Protagonismo e Articulação do Território
Por Equipe de Programação do Sesc Bom Retiro
O território é essencial na garantia de acesso dos sujeitos aos direitos sociais para a cidadania. As ações, os serviços, os seres e as coletividades que vivem e trabalham nesses lugares precisam atuar em cooperação, eles são fundamentais e “permitem pensar o território como ator, e não apenas como um palco, isto é, o território no seu papel ativo” (SANTOS; SILVEIRA, 2001).
No entanto, as cidades brasileiras expressam marcas sociais em que ainda persistem modos excludentes e desiguais de produção e reprodução da vida e dos próprios espaços urbanos. Nesse contexto, a desigualdade socioterritorial permanece, apresentando-nos condições de vida extremamente discrepantes entre seus moradores, dificultando o planejamento de políticas públicas que, desta forma, tendem a ser limitadas e homogeneizadoras, que não compreendem as diversidades e expressões de desigualdade existentes no território.
É no território que visualizamos a multiplicidade de fatores que impactam nas condições de vida dos cidadãos: “características geográficas, demográficas, produtivas encontram-se conectadas com suas dinâmicas econômicas, políticas, culturais, sociais.” (KOGA, 2015). Portanto, é preciso considerar a coletividade, as particularidades, a cidade, os sujeitos de direitos, as suas culturas como protagonistas da história.
No Brasil, o acesso aos direitos de cidadania é realizado prioritariamente pela residência comprovada e não pela necessidade apresentada pelo cidadão, excluindo muitas populações vulnerabilizadas dos programas sociais.
A pandemia de COVID-19 apresentou o aprofundamento de uma crise mundial e ampliou a visibilidade das vulnerabilidades sociais no Brasil. De um momento para o outro, o mundo viu-se em “quarentena”, vimos a nós mesmos em isolamentos sociais inéditos no território nacional.
Diante desse contexto, um dos elementos necessários para a nossa reflexão é a etimologia da palavra Pandemia, de origem grega, usada pela primeira vez por Platão: PAN (todo) + DEMIA (povo), remetendo-nos, desta forma, ao sentido de união, do coletivo e de solidariedade que, neste momento de distanciamento, é intensificado.
Ainda sim, distanciamento para quem? De acordo com estatísticas oficiais, foi constatado o crescente aumento de casos de pessoas com COVID-19 nas periferias, nos locais de extrema vulnerabilidade social, como as ruas das grandes metrópoles, onde milhares de pessoas encontram-se em situação de rua.
A dificuldade no acesso a políticas públicas fez com que muitas famílias não conseguissem garantir o mínimo para sua subsistência durante esse período. Portanto, diante desse contexto, há uma mobilização entre os territórios para potencializar coletivamente as particularidades existentes em cada um desses espaços.
Nessa perspectiva, ações solidárias desenvolvidas por coletivos são fundamentais na busca de respostas emergenciais que alertem para a urgência da necessidade da garantia de direitos sociais aos cidadãos em seus territórios.
O Sesc Bom Retiro está inserido em um território com realidades sociais e econômicas complexas, sendo marcado por profundas vulnerabilidades e desigualdades quanto a esses direitos sociais em suas formas mais básicas. Tendo em vista as adversidades do momento em que vivemos, com a pandemia em curso, existe uma grande mobilização de organizações culturais e sociais presentes no entorno desta Unidade do Sesc São Paulo, principalmente no aspecto da seguridade social mínima e de ações culturais e educativas, para além de iniciativas de proteção, prevenção e redução do contágio da doença.
A Mostra “Protagonismo e Articulação do Território” busca dar visibilidade às múltiplas necessidades da população em tempos de pandemia e às ações solidárias desenvolvidas nesses espaços socioterritoriais. Muito mais do que simplesmente físico, o lugar é relacional e humano.
Para o Sesc São Paulo, a escuta desses coletivos constitui um diálogo fundamental na construção de uma rede de proteção social mais humana e solidária, compreendendo as sutilezas dos lugares, as potencialidades, as histórias de vida e as socialidades do cotidiano.
A mostra documenta a atuação social de agentes, de organizações e das redes que se articulam, com ênfase nas ações realizadas no sentido de minimizar o efeito da pandemia do novo coronavírus. Esta é primeira mostra do projeto “Isto não é um mapa”, uma série de cartografias poéticas e afetivas - artísticas, sociais e esportivas -, que nos convida a conhecer o território, por meio das pessoas, das múltiplas narrativas, das relações estabelecidas com a cidade, as quais levantam importantes questões, sobretudo quanto à tarefa de conviver e de construir coletivamente a cidade.
Assista aos episódios:
KOGA, D. Territórios de vivência em um país continental. Serviço Social & Sociedade, Campinas, v.14, n.1(19), p.9-26, jan./jun. 2015.
SANTOS, M.; SILVIERA, M. L. da. Brasil – território e sociedade no início do século XXI. São Paulo, Rio de Janeiro: Record, 2001.
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