Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

Memória e patrimônio

A memória passa pelo cheiro, pelo paladar, pelos encontros, pela convivência social e está também atrelada às transformações sociais, econômicas e culturais. Ela passa pela experiência do território em que se vive e está conectada às construções coletivas nos diversos lugares e seus significados particulares nas relações humanas.

Qual sua memória na cidade de São Paulo? A partir dessa pergunta a Jornada do Patrimônio 2020, que acontece de 4 a 6 de dezembro, nos traz o tema “Nossa Cidade, Nossas Memória”. O objetivo é conectar a população com as diversas camadas que compõem o patrimônio histórico e cultural da capital paulista, jogando luz sobre as experiências das pessoas na cidade, evidenciando as particularidades dos diversos territórios da capital paulista, dos diversos lugares de fala e suas relações com as transformações na maior cidade da América Latina.

O Sesc, que é parceiro do evento desde 2015, participa desta vez com sua programação adaptada ao ambiente virtual, em razão da pandemia de COVID-19. Uma das ações apresenta uma seleção de publicações dedicadas ao tema a partir do acervo das Edições Sesc.


São Paulo nas páginas

Moderna, multicultural, pioneira, cosmopolita. São inúmeros os adjetivos da maior cidade do Hemisfério Sul, a mais rica da América Latina e com a maior concentração de falantes da língua portuguesa no mundo: São Paulo. Partindo dessa premissa, as Edições Sesc selecionaram no catálogo alguns autores que analisam aspectos inusitados da memória paulistana.
 


Quem determina porque é esquecido? Quando é esquecido? Porque é esquecido? Como é esquecido? São alguns dos questionamentos apontados pela professora, artista e curadora Giselle Beiguelman em sua reflexão sobre o tema em "Memória da amnésia: políticas do esquecimento", um conjunto de ensaios textuais e visuais sobre as estéticas e as políticas da preservação da memória pensadas, também, como políticas do esquecimento.

Ao mesmo tempo em que se volta às construções e aos monumentos do passado, Beiguelman expõe as relações contemporâneas dessas obras com os fluxos das cidades, num contraponto entre a ruína e o futuro. Em São Paulo, ela verifica uma tradição de nomadismo das obras devido às inúmeras transformações urbanas e do tratamento dado a elas nos depósitos, tidos como sítios de descarte. A publicação resulta de uma intervenção artística homônima que fez o traslado das esculturas do Depósito do Canindé para uma exposição no Arquivo Histórico Municipal, entre elas, as famosas lagostas originais da Fonte Monumental, na Praça Julio Mesquita.
 

 

Já o historiador Francis Manzoni aborda em "Mercados e feiras livres em São Paulo (1867-1933)" a transformação do centro paulistano em polo de produção e comércio de alimentos. Sob a perspectiva da história social, Manzoni faz um recorte do comércio de rua do final do século XIX à inauguração do Mercado Municipal, em 1933, ressaltando a participação dos negros, imigrantes, tropeiros, lavradores e vendedores ambulantes. Com fotografias, mapas e dados da época, o livro apresenta essa pluralidade de vozes, produtos, identidades e formas de trabalho, também revisitando temas como a reforma urbana na cidade e o embate com o poder público.
 


Desempenhando papel central na identidade e memória das localidades, o patrimônio cultural material e imaterial pode ser uma salvação para sociedades fragilizadas, mas sua hiperexploração também implica riscos nem sempre sustentáveis. A difícil articulação entre a presença massiva de turistas e a conservação do patrimônio cultural; a opção política entre gratuidade ou cobrança de ingressos em museus; a obsessão pelas rentáveis exposições blockbusters, em contraste com a visitação a exposições intimistas; e os limites entre o interesse dos patrocínios e do mecenato privado em face dos princípios públicos de gestão do patrimônio cultural são algumas das questões apresentadas na obra "Economia do patrimônio cultural", de Françoise Benhamou, que representa uma importante contribuição para as reflexões e práticas de gestão de espaços, monumentos e manifestações culturais, com o objetivo de alcançar equilíbrio entre preservação, administração e bom uso desses recursos.

Disposta a investigar como as atividades de turismo cultural desenvolvidas no Brasil podem comunicar a turistas e residentes os conteúdos e significados dos sítios patrimoniais visitados, acentuando o caráter educativo de suas experiências e tornando-os cientes do papel ativo que desempenham em sua conservação, a pesquisadora Flávia Roberta Costa escreveu o livro "Turismo e patrimônio cultural: interpretação e qualificação", lançado pelas Edições Sesc SP em parceria com a Editora Senac São Paulo. A obra propõe uma relação mais próxima entre as noções de turismo e patrimônio, convidando o leitor a trilhar um caminho de múltiplos itinerários e infinitos entroncamentos: o da viagem como um ato de conhecimento de si mesmo e dos outros.

 

Sintonia

Com esta seleção de autores e títulos, as Edições Sesc fomentam a reflexão em torno dos temas da memória e do patrimônio histórico propostos pela Jornada do Patrimônio. A cada edição, uma série de ações sintonizadas com os recortes temáticos propostos pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo – DPH constitui a participação do Sesc na Jornada do Patrimônio. O incremento da parceria entre Sesc e DPH, além de refletir a complementaridade dos papéis de ambos, testemunha a centralidade da questão do patrimônio na atualidade.

---

SESC NA JORNADA DO PATRIMÔNIO 2020
De 04 a 06 de dezembro 
Saiba mais em: sescsp.org.br/jornadadopatrimonio

@SescSP
youtube.com/sescsp
facebook.com/sescsp
sescsp.org.br/sescdigital

@TurismoSocial
youtube.com/turismosocialsescsp

@SescCarmo
youtube.com/sesccarmo

@SescPompeia
youtube.com/sescpompeia