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As cores de Lavi Kasongo

O mural Refúgios, inaugurado no piso térreo do Sesc Vila Mariana, também retrata um pouco a história de seu autor, o artista plástico Lavi Kasongo Israël, refugiado da República Democrática Congo. “A obra representa duas paisagens: uma bem aberta, onde todo mundo vê árvores, casas, vida. Na outra, pessoas estão indo para um lugar abstrato. Elas não sabem o acontecerá daqui pra frente, mas saem de onde estavam pra viver em outro lugar”, diz.

Convidado para participar da 9ª edição do Projeto Latitudes do Sesc Vila Mariana, que traz artistas de diferentes linguagens e técnicas para desenvolver trabalhos com o objetivo de superar distâncias e ressignificar fronteiras, Lavi chegou ao Brasil em 2015, fugindo da guerra civil que teve início há mais de 20 anos em seu país. Morou por um ano e meio em um albergue na  zona leste de São Paulo e, com a ajuda de uma ONG, conseguiu um emprego em uma agência de publicidade como assistente de arte. “Lá na África é muito difícil, eu agradeço muito os países que estão abrindo as portas para nós trabalharmos, aprendermos a língua.

Lavi gosta de desenhar desde os 5 anos e sempre quis estudar Arte. Antes de realizar seu sonho de frequentar a Académie des Beux-Arts de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, começou a pintar nas ruas, assim como outros artistas que o inspiraram em Lemba, bairro onde morava. “Tinha uns caras que eram grandes artistas e pintavam nas ruas. Foi assim que me apaixonei pela pintura. Isso me fez ser o artista que sou hoje”, relembra.

A produção de Lavi incluiu paisagens, retratos e telas abstratas em óleo e acrílico, com inspiração no continente africano, nas ruas de Kinshasa – um dos centros urbanos e artísticos mais importantes da África Central, berço de artistas contemporâneos como Chéri Samba, Chéri Chérin, Jean Nsimba Mika e Pierre Bodo – e em suas novas experiências no Brasil. Aqui, cursou a Quanta Academia de Artes em São Paulo e participou de exposições individuais e coletivas na Galeria Olido, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Bazar Solidário Adus - Vila Madalena, na Festa Multicultural Adus/Atados – Colégio Santa Cruz e no Espaço de Arte Michigan.

Em seus trabalhos, o artista plástico trabalha com cores fortes, como o amarelo e vermelho, que trazem vida, tanto para ele como para os que observam suas obras. “As cores são as armas que eu uso contra a guerra”, afirma.

O mural Refúgios está no piso térreo do Sesc Vila Mariana, com visita aberta até 31 de janeiro de 2020, de terça à sexta, das 7h às 21h; sábados, das 9h às 20h30; domingos e feriados, das 9h às 18h30. Lavi também realiza uma oficina de pintura em 8/10, às 14h30, com entrada gratuita e distribuição de senhas com 30 minutos de antecedência no local.