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O legado da cultura afro em música e moda

Jam Session - Frank Ejara
Jam Session - Frank Ejara

Em celebração ao dia da Consciência Negra, o Sesc Catanduva realiza duas atividades que propagam a herança da cultura afro-brasileira, divididas entre danças urbanas e oficina de vestimenta e indumentária africana

Comumente, a luta pela igualdade dos povos afro-brasileiros é representada emblematicamente pela figura de Zumbi dos Palmares. Nascido em Pernambuco, no ano de 1655, Zumbi viveu as dificuldades de toda criança negra em tempos de escravidão. Ainda na infância, foi aprisionado e dado a um padre para que recebesse formação católica. Aos 15 anos, Zumbi rejeita a tutela da igreja e foge em regresso ao quilombo de Palmares. Na época, o agrupamento era liderado por Ganga Zumba e formava uma área exclusivamente habitada por escravos fugidos, que buscavam liberdade.

A partir de 1675, Zumbi revela-se um grande guerreiro ao lutar e organizar militarmente a resistência contra os soldados portugueses. Enquanto o chefe Ganga Zumba rendia-se à proposta do Governador da capitania de Pernambuco, que oferecia alforria aos quilombolas de Palmares, Zumbi toma posição contrária e decide lutar pela liberdade de todos os escravos, e assim o fez por décadas, até que, denunciado por um antigo companheiro, Zumbi é localizado, preso e degolado no dia 20 de novembro de 1695.

Os escravos não tinham direito a estudos, eram forçados a trabalhar sem remuneração, em condições extremamente precárias. Dormiam nas senzalas, em chão de terra batida e recebiam duras punições quando contrariavam seus patrões. Essas condições desumanas eram motivo de indignação para muitos. Mesmo que tardiamente, várias tentativas de libertação aconteceram em favor dos escravos. Em 1871, a Lei do Ventre Livre libertou os filhos de escravos que ainda iriam nascer; em 1885 a Lei dos Sexagenários deu direito à liberdade aos escravos com mais de sessenta anos. No dia 13 de maio de 1888, foi assinada a Lei Áurea, pela Princesa Isabel, libertando definitivamente todos os escravos brasileiros. A partir de então, eles puderam escolher entre ir embora das fazendas em que trabalhavam ou continuar morando com seus patrões, agora sob a condição de empregado.

Em 1978, a partir do empenho do Movimento Negro no Brasil, firmou-se o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. A data representa não só os esforços da quilombagem, mas também a atual luta contra todas as formas de racismo que atingem os povos afro-brasileiros.

Em novembro, sob a perspectiva da conscientização, o Sesc Catanduva realiza duas atividades atreladas à temática da Consciência Negra, divididas entre danças urbanas e oficina de vestimenta e indumentária africana. Dia 19/11, a Praça da República, localizada no centro de Catanduva, receberá Frank Ejara e os Discípulos do Ritmo, que levam ao público o trabalho de improvisação de estilos de Danças Urbanas, como o BBoying, Popping, Locking e Wacking. O enfoque é a pesquisa corporal no universo criativo, tendo como fonte o ambiente em que o dançarino se encontra e a música que o leva a novas experiências nessa improvisação. A concepção do trabalho foi inspirada no conceito das jam (Jazz After Midnight) sessions, execuções musicais de improviso que se tornaram famosas nos Estados Unidos nos anos 1940 e 1950. O termo foi transposto e transformado em prática de improvisação em dança, ao som da música proporcionada por um DJ. Nas jams de Danças Urbanas, os DJs convidados alternam estilos musicais para acompanhar as movimentações do locking, funk, break beat, eletric boogie e outras.

Dia 21/11, na unidade, será realizada a oficina Vestindo as Cores da África, que tem como objetivo aproximar o Brasil das diversas Áfricas, de forma lúdica e educativa, usando o tecido africano como elemento de inspiração para produzir vestimentas e indumentárias africanas, a partir de diferentes usos e amarrações. Durante a oficina, a pesquisadora e estilista Tenka Dara interage com os alunos estimulando a criatividade de cada um, enquanto viaja pela história e cultura das mulheres africanas.