Sesc SP

Temos em nossas mãos apenas o computador como instrumento de criação? No dia a dia do designer, dominado pela corrida rotina e pela industrialização do processo de elaboração, esse questionamento fica em segundo plano, assim como o uso de outros instrumentos e ferramentas

O design muitas vezes pode ser visto como o harmônico da cultura. Se traçarmos um paralelo em que as tecnologias são como instrumentos musicais tocados por uma cultura durante um período de tempo, o design seria seu arranjador. Mas quais instrumentos estamos tocando hoje em dia? Os minicursos do projeto Design Mão na Massa!, que acontecem de 11 de novembro a 14 de dezembro nas Oficinas de Criatividade do Sesc Pompeia, propõem essa reflexão.

Temos em nossas mãos apenas o computador como instrumento de criação? No dia a dia do designer, dominado pela corrida rotina e pela industrialização do processo de elaboração, esse questionamento fica em segundo plano, assim como o uso de outros instrumentos e ferramentas. Será este um momento de resgate dos fazeres artesanais, o chamado “design feito à mão”?
Com 39 minicursos e 6 eventos que abrangem diferentes linguagens, o Design Mão na Massa pretende sujar nossas mãos e clarear nossas ideias, mostrando que o design gráfico pode ser visto não apenas como informação visual, e sim algo possível de ser apreendido por outros sentidos, como o tato. “Tactile Design: Mão na Massa e Pós-produção Digital”, por exemplo, utilizará o computador e técnicas manuais de criação. Aqui o design é sujo, no sentido positivo.

Chico Homem de Mello, um dos professores convidados, comenta: “Voltemos à Recife dos anos 1950: um grupo de amigos se reúne. Alguns, como João Cabral de Melo Neto, eram artistas da palavra; outros, como Aloísio Magalhães, eram artistas da imagem. Operando um equipamento tipográfico simples, eles produziram uma série de livros delicados e requintados. O grupo se dividiu em dois: os escritores ganharam o apelido de Mãos Limpas; a turma da imagem ficou conhecida como Mãos Sujas. Esses de fato arregaçaram as mangas, sujaram as mãos e deram existência física ao encontro da palavra com a imagem na forma impressa. Em homenagem aos Mãos Sujas, vamos meter a mão na massa!”

Para “sujar” as mãos não é preciso gastar muito: os minicursos vão de R$ 8,40 a R$ 20,00 e alguns deles são gratuitos. Temas relacionados à infografia, que tem ganhado mais destaque atualmente, aparecem em “Infografia express: comunicação & criatividade”, e outros, menos discutidos, também entram na programação, como é o caso de “Pictogramas que faltavam”. O tradicional, e ao mesmo tempo inovador em sua proposta, estão presentes em “Gráfica Lenta – Folhetos, Encartes e Diagramação de Réplicas de Vinil”, curso em que são produzidas cópias de discos de vinil 7" manualmente com um molde de silicone. Com um disco pronto, será criado todo o material gráfico: encartes, capas, adesivos, folhetos, tipografia e desenhos com processos manuais.

O desenho, a gravura, a serigrafia, a colagem e a caligrafia voltam à cena com força durante o projeto, em minicursos como “Silk na Tora – Processos caseiros em serigrafia”, “Cartaz Serigráfico”, “Paper Cut - Modelagem com Papel” e no evento “Sericleta” – encontro em que o público pode produzir peças a partir da técnica de impressão serigráfica -, “Caligrafia: iniciação aos góticos!”, “Letrismos – da caligrafia ao sign painting” e “Sing painting – introdução ao pincel de letrista”.

Além disso, a programação conta com minicursos inusitados: “Microanimações – criação de gifs animados”, “Portfólio desespero” e “Foto Mutreta: soluções caseiras de fotografia”. Não só aqueles que possuem conhecimento ou prática em Design Gráfico conseguem participar do projeto. “Imersão no desenho expandido” e “Desbloqueio criativo – uma introdução ao desenho criativo” são dois exemplos de minicursos indicados também para quem deseja explorar e desenvolver a sua criatividade por meio de diversas técnicas de desenho.