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Nitroglicerina pura com Jairo Bouer
Como parte da programação do Dia Mundial de Luta contra a Aids 2014, o Dr. Jairo Bouer participou de bate-papo dinâmico sobre prevenção e sexualidade para jovens nas unidades Santana, São José dos Campos e Belenzinho
Você sabia que 700 mil pessoas vivem com HIV no Brasil, e que 1 em cada 5 pessoas não sabem da sua condição e retransmitem o vírus a outros? Com estes dados um tanto quanto assustadores, será que é importante falar sobre prevenção?
Nós acreditamos que sim e, por isso, em dezembro as unidades do Sesc em São Paulo recebem debates, oficinas e exibição de filmes que conscientizam sobre a importância de prevenir.
Dia Mundial de Luta contra a Aids
O Dia Mundial de Luta contra a Aids é comemorado no 1° de dezembro e foi instituído pela OMS, Organização Mundial da Saúde. A Aids é o estágio mais avançado da doença causada pelo HIV, e desde os anos 1980, quando os primeiros casos foram confirmados, órgãos de saúde, governo e iniciativa privada participam de ações para conscientização e combate à síndrome.
Em dezembro, e especialmente no dia 01/12, campanhas, produtos e pessoas compartilham informações para lutar contra a contaminação e o preconceito. Saiba como será a programação especial do Sesc para a data.
Falando difícil
HIV é um retrovírus, classificado na subfamília dos Lentiviridae. Ele ataca o sistema imunológico, especificamente os linfócitos T CD4+, alterando o DNA dessa célula e replicando-se. Dessa forma, o corpo fica vulnerável e, sem defesa, pode chegar à morte. Ter o HIV não é o mesmo que ter a doença (aids), pois enquanto estão adormecidos os vírus não apresentam risco, mas podem ser transmitidos sexualmente, por compartilhamento de seringas ou de mãe pra filho na gravidez e amamentação.
Falando sério
Confira a entrevista que o médico concedeu à Eonline:
EOnline: Fale um pouco sobre dados recentes da AIDS no Brasil. Qual a faixa etária mais atingida?
Jairo Bouer: Existem cerca de 30 a 36 mil casos por ano, um número realmente assustador. Boa parte dos atingidos são os jovens. Especificamente, 1 em cada 3 casos estão na população mais jovem. Os mais jovens não enxergam tanto o risco e colocam a camisinha de lado.
EOnline:Como é o seu trabalho sobre prevenção, saúde e sexualidade dos jovens?
J.B: Meu trabalho é voltado para internet, televisão, rádio, na tentativa de atingir principalmente os jovens, que são nosso público alvo. Eu realizo um trabalho na mídia já por muitos anos com o objetivo de aumentar o nível de informação, para que eles transformem essa informação num hábito, um comportamento mesmo. Os temas são ligados sempre à responsabilidade. “Eu decido o que vou fazer, mas com responsabilidade”. Essa é a ideia que queremos passar.
EOnline: Jovens com menos de 21 anos não conhecem a fase crítica da AIDS nos anos 1980 e 1990 e, por esse motivo, muitos não conhecem e/ou discutem o assunto. O que é necessário fazer para disseminar o tema nessa faixa etária?
J.B: Realmente eles não enxergam esse perigo, esse risco. Acredito que as escolas deveriam fazer um trabalho permanente de educação e formação em sexualidade. As casas, as famílias, também têm que entender esse tema como fazendo parte da vida dos jovens. Quanto mais a gente naturalizar essas questões, quanto mais a gente responsabilizar esses jovens sobres essas questões, temos uma possibilidade de ter um comportamento mais correto, mais seguro.
EOnline: Quase 60% das mulheres que mantêm parceiros fixos declaram ter certeza de que não possuem o vírus HIV, mesmo não realizando o teste. Como incentivá-las a realizar o teste e a utilizar a camisinha?
J.B: A realização do teste é mais complicada mesmo. As mulheres que estão dentro de um casamento de 10 ou 20 anos têm certeza que não tem nada de errado. Mas sabemos que dentro do casamento, muitas vezes existem relações com outros parceiros. É importante esse teste como uma triagem, que ele fizesse parte da rotina das pessoas. Tanto dos casados, quanto dos mais jovens, enfim, todos. Isso também através de campanhas de conscientização.
EOnline: A terceira idade, mesmo conhecendo os riscos, faz sexo sem prevenção. Quais os motivos que levam a essa atitude de risco?
J.B: Realmente, hoje, homens e mulheres têm uma vida sexual ativa por muito mais tempo. Muitas vezes esses homens de 60 anos não estão acostumados com o uso de camisinha, e aí existem muitas relações fora do casamento, e então os idosos se expõem aos riscos. E o número de idosos que têm HIV tem preocupado as autoridades.
EOnline: Comente um pouco sobre o que será abordado no bate-papo Nitroglicerina Pura.
J.B: A atividade será bem descontraída, tranquila e dinâmica. Uma conversa sobre sexualidade aberta pra debate, pergunta. É uma atividade para todos os públicos. Embora voltada para os jovens, os avós, os pais e os jovens podem participar e aprender mais sobre o assunto.
Dr. Jairo Bouer
É médico-psiquiatra formado pela Faculdade de Medicina da USP e pelo Instituto de Psiquiatria, do Hospital das Clínicas da USP. Trabalha com comunicação há 20 anos, focando seu trabalho em prevenção, saúde e sexualidade dos jovens. Já colaborou com veículos como Folha de S.Paulo, Rede Globo, MTV, TV Cultura, Canal Futura, Rede Record, SBT, Jovem Pan, 89 FM, Radio Metropolitana, entre outros.
Autor de 11 livros e audiolivros, entre eles Guia dos Curiosos - Sexo (em parceria com Marcelo Duarte, Panda Books) e Sexo & Cia (Publifolha). Pela Panda Books, lançou a coleção Bate-Papo, que traz títulos como Álcool, Cigarro e Drogas, Corpo dos Garotos, Corpo das Garotas e Primeira Vez.