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“A maior homenagem que podemos fazer a Ariano Suassuna é ler sua obra”
Encontros com imortais da Academia Brasileira de Letras celebram a obra de Ariano Suassuna no Sesc Taubaté, Sesc Campinas e Sesc Santo André
“Eu não troco meu oxente pelo ok de ninguém”. A frase proferida por Ariano Suassuna (1927 - 2014) em uma de suas famosas aulas show ajuda a definir a personalidade criativa do escritor. Alguns trechos destas aulas e imagens de Ariano em sua casa abriram o primeiro encontro do projeto O Reino Encantado de Suassuna no Sesc Taubaté. Foi uma forma de tentar transmitir uma impressão de quem era o escritor do prestigiado Auto da Compadecida.
Deu certo. Quem acompanhava o evento esperando pela palestra de Antônio Torres, outro imortal da Academia Brasileira de Letras, foi conquistado pela figura carismática de Ariano, autor de tantas peças de teatro, romances e poesias.
Ao convidado da noite também não faltavam méritos. Antônio Torres conquistou um prêmio Jabuti com o livro Pelo Fundo da Agulha e desde novembro de 2013 ocupa a cadeira número 23 da Academia Brasileira de letras. Cadeira esta que tem como patrono José de Alencar e pela qual já responderam Machado de Assis e Jorge Amado.
Logo no início do encontro, após falar de sua alegria em conhecer a terra de Monteiro Lobato e de suas memórias preferidas do livro Urupês, Torres conversou sobre a versatilidade de Suassuna, que dizia não gostar de poesia fácil: “Eu diria a vocês que os vários Arianos (manifestados em suas obras) têm uma base só que é o seu ideário, publicado na criação do movimento armorial: trazer a cultura popular para o universo erudito, o que ele aprendeu na cultura popular e o que ele viveu na cultura popular”. Ele salientou também o fato de Suassuna ter explorado uma vertente da cultura popular mais influenciada por Portugal, materializada nos cordéis que marcaram a infância de Torres, quando recitados “em noites ao pé do fogão e ao som do ponteio da viola”.
Lendo e comentando trechos de obras escolhidos de Ariano, Torres intercalou lembranças de encontros que teve com Suassuna aos comentários sobre o estilo de seus escritos. Ao fim, deixou a seguinte mensagem: “A maior homenagem que podemos fazer ao Ariano depois de sua partida é ler a sua obra”.
No dia 3/12, às 19h30, o Sesc Taubaté receberá o poeta e ficcionista Carlos Nejar, integrante da Academia Brasileira de Letras desde 1988. Carlos também assina o livro que dá nome ao projeto e é distribuído gratuitamente durante os encontros realizados.