Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

Música erudita cada vez mais popular

Sinfonias, concertos, óperas e orquestras ganham espaço no país

HERBERT CARVALHO


Foto: Divulgação

Comparado aos Estados Unidos, com suas 2 mil orquestras profissionais, ou à Europa, berço dos grandes mestres desde a Renascença, o Brasil ainda apresenta um quadro modesto, em termos de música erudita: são cerca de 70 orquestras sinfônicas e filarmônicas, um número ainda mais reduzido de salas de concerto e poucos compositores, embora alguns mundialmente conceituados.

O mais famoso deles, Heitor Villa-Lobos (1887-1959), só deixou gravadas na lembrança de seus compatriotas duas melodias – O Trenzinho do Caipira e a Ária da Bachiana nº 5 –, em contraste com o conjunto de sua vasta obra que costuma ser apreciada pelo público internacional: 12 sinfonias, 16 choros, as nove Bachianas Brasileiras, 17 quartetos de cordas, duas óperas, concertos, vocais, corais e até trilhas de cinema, como a composta para o filme O Descobrimento do Brasil, de Humberto Mauro.

Essa distância entre o grande público e a música de concerto, entretanto, tem diminuído nos últimos anos, graças a iniciativas como a criação da Sala São Paulo, a projetos como o do Sesi Música, do Serviço Social da Indústria – que este ano realiza 258 espetáculos gratuitos de música erudita em 22 cidades do estado de São Paulo –, e às ações do Serviço Social do Comércio (Sesc), que promove encontros entre o erudito e o popular, para formar e atrair um público mais amplo.

Em 2007, duas efemérides importantes – os 120 anos de nascimento de Villa-Lobos e o centenário do compositor Camargo Guarnieri (1907-93) – ajudam a impulsionar esse avanço, que se alicerça também em duas campanhas: pela repatriação dos direitos sobre a obra de Villa-Lobos, em mãos de editoras estrangeiras, e para a reintrodução da música no currículo escolar.

"É um fenômeno interessante. A música clássica perde espaço no mundo inteiro. No Brasil, ao contrário, ela avança, mas à margem dos meios de comunicação", diz o maestro Júlio Medaglia, salientando que se refere aos veículos comerciais, já que ele próprio apresenta diariamente, há 20 anos, os programas "Tema e Variações" e "Contraponto", na rádio Cultura FM. Também comanda desde 2005, na TV Cultura, no último domingo de cada mês, o programa "Prelúdio", pioneiro show de calouros de música erudita, com direito a jurados e participação do auditório.

Ambas as emissoras são vinculadas ao governo do estado de São Paulo, que gasta a maior parte do orçamento de sua Secretaria da Cultura com projetos de formação musical e na manutenção da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), hoje considerada uma das melhores do mundo.

Nesta reportagem, Problemas Brasileiros traça um panorama da música erudita no Brasil, abordando sua história, seus principais compositores do passado e do presente, o papel que algumas instituições desempenham na sua difusão e as formas de atrair para seu universo onírico a juventude brutalizada e marginalizada das grandes cidades brasileiras.

Compositores mulatos

A música não chegou ao Brasil com as caravelas. Ela já estava aqui, entranhada nos rituais dos nativos, o que levou os missionários europeus a se valerem de melodias indígenas – às quais sobrepunham mensagens religiosas – como veículo para a catequese.

Em suas missões e colégios espalhados pela América do Sul, os jesuítas ensinavam os índios a tocar e fabricar instrumentos como flauta, violino e harpa. Um bom exemplo da musicalidade ameríndia é o trabalho de pesquisa realizado por Marlui Miranda, que resultou no projeto Ponte entre Povos, composto de livro e três CDs editados pelo Sesc SP.

Mas, ao contrário do que ocorreu na porção espanhola do continente, a colonização portuguesa não criaria instituições musicais em terras americanas até a vinda da corte para cá, em 1808.

Antes disso, porém, fazia-se música nas igrejas e nas casas-grandes de fazendas e engenhos. É quando se inicia a decisiva contribuição negra nessa área. Os padres e os ricos importavam partituras e instrumentos da Europa, mas seriam os negros escravos, dotados de uma musicalidade herdada de sua cultura africana, os principais intérpretes e compositores da música que se faria nos primeiros séculos de nossa história.

Um francês que visitou a Bahia em 1610 dá conta de um ricaço que possuía uma banda de música de 30 integrantes, todos cativos. Apenas o regente era branco e europeu. Nas igrejas surgiam as irmandades de músicos, da quais a principal foi a de Santa Cecília, com sede em Lisboa. Funcionando como uma espécie de sindicato, algumas dessas corporações eram integradas exclusivamente por negros.

A descoberta do ouro constituiu-se em grande impulso para a atividade musical. No auge da mineração, no século 18, havia 250 músicos atuantes em Ouro Preto, 150 em Diamantina e mais de mil no conjunto da Capitania das Minas Gerais, separada de São Paulo em 1720. O repertório que se executava no Brasil colonial era formado principalmente por música sacra (missas, antífonas e ladainhas) e militar, executada em geral por instrumentos de sopro e percussão, característica que se perpetuou nas fanfarras escolares e nas bandas e coretos que se espalham pelas cidades brasileiras do interior.

Basicamente litúrgica foi a música composta pelos dois principais mestres do período colonial, Emerico Lobo de Mesquita (1746-1805) e o padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), ambos mulatos. O primeiro representou o auge do barroco mineiro e tinha, de acordo com o musicólogo Vasco Mariz, um estilo que oscilava entre Pergolesi e Mozart. É de notar que os compositores mineiros do século 18 não só conheciam a música de seus contemporâneos – como Haydn, Boccherini e Domenico Scarlatti, além dos já citados – como foram influenciados por ela.

Neto de escravos, nascido no Rio de Janeiro, o padre José Maurício foi nomeado mestre-de-capela da Catedral da Sé em 1798. Trabalhava como organista, regente e compositor, embora até a chegada de dom João VI à cidade não dispusesse sequer de uma orquestra completa para interpretar suas obras. Em 1808 esse panorama mudou, pois o príncipe regente era amante da boa música e o nomeou para dirigir as atividades musicais da corte no Brasil, função que exerceu até 1811.

Professor de Francisco Manuel da Silva (autor do Hino Nacional) e de dom Pedro I (autor do Hino da Independência), o padre José Maurício deixou cerca de 400 peças musicais escritas, sendo reconhecido, em função da quantidade e da qualidade de suas obras, como o mais importante compositor das Américas no período colonial. Contemporâneo de Haydn, Mozart e Beethoven, alguns de seus trabalhos – como a Missa de Réquiem e a Missa de Santa Cecília – atestam um conhecimento profundo da música que os mestres faziam na Europa.

Durante o Império, amparado no Segundo Reinado pelo imperador Pedro II, destacou-se o campineiro Antônio Carlos Gomes (1836-96), que, de acordo com o maestro Júlio Medaglia, revolucionou a maneira como até então se fazia ópera.

"Ele fez a ponte entre a grande ópera, baseada em lendas mitológicas – como as peças de Wagner – ou em motivos patrióticos – como as de Verdi – e as óperas do realismo, como as de Puccini. Seus personagens – índios, escravos – não eram fictícios, mas retirados da realidade de seu povo. Apesar disso, muitas dessas óperas, com freqüência encenadas e gravadas no exterior, são quase desconhecidas do público brasileiro", explica Medaglia, acrescentando: "Em qualquer cidade do país há uma rua chamada Carlos Gomes, mas a maioria das pessoas só conhece desse que foi um dos maiores compositores do cenário mundial no século 19 a abertura da ópera O Guarani, por ter sido o prefixo da ‘Voz do Brasil’ ".

Pouca gente sabe, aliás, que o governo norte-americano encomendou a Carlos Gomes dois hinos comemorativos, um por ocasião do centenário da Independência dos Estados Unidos, em 1876, e outro para assinalar os 400 anos da Descoberta da América, em 1892.

Nacionalismo

Embora tivesse compositores do porte de José Maurício e Carlos Gomes, a música erudita que se fazia no Brasil era exclusivamente de inspiração européia, situação que começa a ser alterada pelo cearense Alberto Nepomuceno (1864-1920), considerado o pai do nacionalismo na música brasileira. Curiosamente, foi o compositor norueguês Edvard Grieg, professor de sua esposa, Walborg Bang, quem lhe sugeriu pesquisar as raízes musicais de seu país.

"Nepomuceno começou então a compor canções em português, uma heresia comparável a Mozart ter ousado fazer óperas em alemão, numa época em que elas eram compostas e cantadas exclusivamente em italiano", explica Júlio Medaglia.

Mas seria o carioca Heitor Villa-Lobos o consolidador da escola nacionalista e quem a projetaria mundialmente, ao fazer a genial síntese das matrizes musicais brasileiras com a estética barroca de Johann Sebastian Bach, que resultou na célebre série das Bachianas Brasileiras.

Nascido em ambiente musical – seu pai tocava clarineta e foi o fundador da Sociedade de Concertos Sinfônicos do Rio de Janeiro; seu avô materno era autor de quadrilhas –, Villa-Lobos conviveu com músicos caipiras no interior de Minas Gerais, onde passou parte da infância, e com seresteiros e chorões que animavam as ruas e noites da capital da recém-proclamada República. Aprendeu a tocar clarineta e violoncelo com o pai, enquanto ouvia sua tia Zizinha ao piano, executando os prelúdios e fugas de J. S. Bach. O violão, instrumento então considerado maldito, aprendeu com os malandros e boêmios na rua.

Em 1905, aos 18 anos, percorre o nordeste para recolher temas e canções folclóricas. Nos anos seguintes faz o mesmo em relação aos estados do sul e do centro-oeste. Em 1910, parte de Fortaleza com um amigo para uma incrível viagem a pé e de canoa até o Amazonas, que duraria três anos. Sem notícias, sua família chega a julgá-lo morto. Estava formado o cabedal que levaria o mestre um dia a afirmar, como um Luís XIV musical: "O folclore sou eu".

Porém, diferentemente dos nacionalistas que vieram antes e depois dele, Villa-Lobos expressou uma universalidade natural em sua obra, como explica Júlio Medaglia: "Ele partiu de uma visão que não tinha nada de provinciana. Primeiro estudou e conheceu profundamente a música dos grandes mestres. Só depois é que foi em busca das raízes folclóricas e nacionais".

A obra de Villa-Lobos foi editada quase toda no exterior e está dispersa entre a editora American Music Publisher e a francesa Max Eschig. Mal comparando, uma editora está para a música erudita assim como o empresário para a música popular. O editor passa a ter a propriedade da partitura, trabalha, divulga e vende a obra, pagando ao compositor os direitos autorais. Por essa razão, há três anos, o maestro Gil Jardim, chefe do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), propôs ao Ministério da Cultura a repatriação dos direitos dessa obra, com a finalidade de se fazer uma revisão.

"Villa-Lobos não costumava revisar suas obras – dizia que preferia escrever uma nova. E as editoras estrangeiras que detêm seus direitos não se submetem aos gastos necessários. Tanto a revisão como a divulgação desse acervo não podem depender de interesses comerciais", diz Jardim.

Júlio Medaglia concorda: "Embora existam no Brasil cópias de todas as partituras do mestre no Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro, que as fornece para as orquestras mediante solicitação, seria bom uma revisão, como a que foi feita pelo maestro Roberto Duarte na obra de Carlos Gomes".

Currículo mutilado

Outra campanha, esta encabeçada pelo maestro Isaac Karabtchevsky, de 72 anos, que dirige, entre outras, a orquestra Petrobras Sinfônica, defende a reintrodução do ensino da música nas escolas, uma conquista de Villa-Lobos, anulada em 1972 pelo então ministro da Educação da ditadura militar, Jarbas Passarinho.

Oficializado nas escolas pelo governo de Getúlio Vargas, o canto orfeônico foi o meio escolhido por Villa-Lobos para atender o pedido do tenente João Alberto, interventor em São Paulo após a Revolução de 1930, que havia decidido levar educação musical ao povo.

Villa-Lobos partiu à frente de uma caravana musical pelo interior de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, patrocinada pelo governo bandeirante. Transportava no trem seu próprio piano de cauda, para suprir a inexistência desse tipo de instrumento. A experiência culminou numa apresentação de 12 mil vozes na capital paulista, denominada "Exortação Cívica", proeza que seria repetida em maior escala no Estádio do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, em 1940, quando 40 mil escolares participaram de uma demonstração de canto orfeônico sob sua regência.

Júlio Medaglia, que apóia a campanha com entusiasmo por considerar a música um elemento disciplinador e gregário, analisa a experiência anterior: "Num país de enormes carências materiais, Villa-Lobos aproveitou o instrumento natural que todos temos: a voz. Essa escolha também atendia a dois outros objetivos: promover o patriotismo – por meio do canto dos hinos cívicos – e a unidade nacional. Os jovens e as crianças conheceriam a maneira de cantar umas das outras, integrando as culturas regionais. Aprendia-se também solfejo e a grafia da música, em uma autêntica alfabetização musical, feita nos grupos escolares e nos ginásios públicos. Desde que isso acabou, o Brasil vive o paradoxo de ser, ao mesmo tempo, um dos países mais musicais do planeta e um dos poucos que não ensina música nas escolas".

Para o maestro Karabtchevsky, os atuais projetos são importantes, mas pedem um complemento essencial: "O resgate da música de concerto só poderá ser efetivado quando o ensino musical for outra vez integrante do currículo escolar".

Consagração no exterior

O atual ciclo de expansão da música erudita no Brasil tem por eixo a cidade de São Paulo, onde chegam a acontecer até 40 concertos em uma única semana. Há 16 orquestras no raio de 100 quilômetros da capital paulista – dentre elas, grupos tradicionais como as sinfônicas do Teatro Municipal e da USP, ou novos, como a Bachiana Filarmônica, do pianista e maestro João Carlos Martins. Mas a jóia da coroa é a Osesp, reformulada em 1997, quando sua direção foi assumida pelo maestro John Neschling, de 60 anos, sobrinho-neto do compositor Arnold Schoenberg.

Ele conta: "Em nossos primeiros concertos, havia 65 músicos para um público de 80 pessoas. Em 1999 já tínhamos 1,8 mil assinantes. Agora são 11 mil. A Osesp tem hoje 110 músicos, um coro de 70 profissionais e um coro infantil. Assinamos um contrato com a gravadora sueca BIS para registrar peças brasileiras raras de Camargo Guarnieri e Francisco Mignone (1897-1986), sem falar de Villa-Lobos".

Depois de turnês pelo Brasil (2004), América Latina (2000 e 2005) e Estados Unidos (2002 e 2006), a consagração da Osesp ocorreu em março deste ano, quando após passar com críticas elogiosas por cidades da Espanha e da Alemanha e por capitais como Lisboa, Viena, Budapeste e Varsóvia, aterrissou em Paris, etapa final de sua excursão européia, saudada pelo jornal francês Le Monde com o seguinte título: "Um milagre musical proveniente de São Paulo".

As despesas com as viagens, os salários dos músicos (boa parte deles recrutada no Leste Europeu), entre R$ 8 mil e R$ 15 mil (os mais altos do país), e o contrato milionário do maestro Neschling – no valor de R$ 2,4 milhões, que chegou a ir a exame do Tribunal de Contas do Estado – totalizam os R$ 40 milhões anuais que o governo paulista gasta com a Osesp. Uma quantia que impressionou o secretário da Cultura nomeado pelo governador José Serra, João Sayad: "A Secretaria da Cultura poderia ser chamada de Secretaria da Música, área que consome a maior parte do orçamento que temos", diz Sayad, embora negando especulações sobre a demissão do maestro Neschling: "Estamos satisfeitos com o desempenho dele".

O êxito da Osesp, entretanto, é indissociável da Sala São Paulo, o novo endereço que a orquestra ganhou ao deixar o Teatro São Pedro, clássico porém acanhado espaço no bairro paulistano da Barra Funda, hoje destinado especialmente a óperas. A sala é um espetáculo à parte, atraindo visitas monitoradas e virtuais (www.salasaopaulo.art.br). Em formato de uma enorme caixa de sapatos, seus 1,5 mil lugares estão distribuídos por todos os lados do palco. A acústica pode ser adaptada a qualquer tipo de concerto, graças à flexibilidade do forro do teto, formado por painéis móveis. Ocupa a metade do monumental edifício da Estação Júlio Prestes, projetado em 1925 e construído no estilo Luís XVI. Na outra metade ainda podem ser vistos, através de um grosso e providencial vidro que separa os dois universos sociais distintos, os sofridos habitantes dos subúrbios da zona oeste da Grande São Paulo, que ali tomam os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Centros de formação

Menina-dos-olhos da gestão do governador Mário Covas, morto em 2001, o Projeto Guri, premiado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ainda é a principal iniciativa destinada a utilizar a música como instrumento de inclusão social de crianças e adolescentes. Nascido em 1995 numa oficina cultural do estado instalada no bairro paulistano do Brás, o programa espalhou raízes por 213 pólos na capital e no interior (além de dois em outros estados). Já levou música e cidadania a mais de 60 mil jovens, na faixa etária de 8 a 18 anos, que aprenderam, além de canto coral, a tocar violino, viola clássica e caipira, violoncelo, contrabaixo acústico, violão, cavaquinho, bandolim, saxofone (alto e tenor), clarinete, flauta transversal, trompa, trompete, trombone, bombardino, tuba e instrumentos de percussão.

Também mantido pelo governo estadual, o Centro de Estudos Musicais Tom Jobim atua como escola de música profissionalizante, atendendo 2,5 mil alunos por ano em seus dois núcleos na cidade de São Paulo, nos bairros da Luz e do Brooklin. Seus cursos são ministrados por artistas e profissionais renomados como Arrigo Barnabé, Eduardo Gudin, Roberto Sion e Laércio de Freitas.

No âmbito da iniciativa privada, pontifica o Instituto Baccarelli, mantido pelas empresas Votorantim, Petrobras, Felsberg e Volkswagen, com base na Lei Rouanet. Criado pelo maestro Silvio Baccarelli em 1996, com o objetivo de oferecer formação musical e artística de excelência a crianças e jovens carentes da favela de Heliópolis (a maior de São Paulo), tornou-se referência nacional e hoje abriga alunos de todo o país. Desenvolve projetos como a Sinfônica de Heliópolis, a Orquestra do Amanhã, o Coral da Gente e o Encantar na Escola.

Como experiência amadora, vale destacar um grupo prestes a completar duas décadas de existência: a Orquestra Filarmônica dos Médicos do Hospital Israelita Albert Einstein. Começou com médicos que estudavam música para relaxar e um dia se perguntaram: por que não tocar juntos, em vez de separados? Hoje, sob a regência profissional do maestro Nasari Campos, ela se apresenta pelo menos cinco vezes por ano, em palcos da capital e do interior.

Panorama atual

Quanto à composição de música erudita hoje no Brasil, há um descompasso entre a produção e o consumo. "Muita coisa é feita mas pouco é gravado, executado ou levado ao palco. Quando acontece, é um sucesso, como foi a ópera Olga, uma maravilha em todos os aspectos", diz o maestro Medaglia, em referência à história de Olga Benário Prestes, que depois de virar livro e filme foi musicada pelo compositor Jorge Antunes e encenada no Teatro Municipal de São Paulo, em 2006.

No que diz respeito aos intérpretes, o Brasil exibe hoje duas estrelas reconhecidas internacionalmente: o pianista Nelson Freire e o violoncelista Antonio Meneses.

A proposta do Sesc SP para a difusão da música clássica contempla tanto a iniciação a instrumentos e ao canto – realizada no Centro Experimental de Música da unidade Consolação e no Centro de Música do Sesc Vila Mariana – quanto projetos dedicados à divulgação da obra de compositores brasileiros, como "Villa-Lobos – As Fantásticas Viagens Imaginárias do Índio de Casaca pelo Brasil Adentro", uma série de shows, exposição e peça infantil que aconteceu no Sesc Pompéia no segundo semestre de 2006.

Em sua unidade de Araraquara, a programação no primeiro semestre deste ano foi dedicada ao centenário de Camargo Guarnieri, autor de mais de 700 peças, líder da escola nacionalista e educador que formou e influenciou compositores que estão em plena atividade, como Osvaldo Lacerda e Almeida Prado. Foi executada sua obra de câmara – sonatas para violinos e violoncelo e quartetos de cordas –, a Toada à Moda Paulista, para orquestra de cordas, e as canções com poesias de Mário de Andrade e Manuel Bandeira.

Finalmente, para quem deseja uma informação detalhada sobre os principais lançamentos de CDs e DVDs, a revista "Concerto" (www.concerto.com.br), que circula há 12 anos, traz também notícias e um roteiro completo do que acontece a cada mês em matéria de música erudita nas principais cidades brasileiras. 


Termos técnicos e compositores

• Canto orfeônico: canto coral de vozes masculinas e femininas, com ou sem acompanhamento de instrumentos.
• Música de câmara: composta para um número reduzido de instrumentos, em geral duos, trios, quartetos e quintetos, que dispensam a figura do maestro.
• Música erudita: é todo tipo de composição que seja elaborada, escrita e executada como modelo de excelência ou disciplina formal; o mesmo que música clássica, embora o classicismo seja especificamente o movimento que floresceu em Viena entre o final do século 18 e o início do 19.
• Música popular: é aquela não escrita, originalmente criada de maneira intuitiva por pessoas sem formação ou estudo musical; designa também a música em geral urbana, destinada ao entretenimento de grandes públicos.
• Orquestra filarmônica: patrocinada por uma associação de amantes da música.
• Orquestra sinfônica: mantida por uma instituição pública.
• Quarteto de cordas: formado por dois violinos, viola clássica e violoncelo.

Bach, Johann Sebastian (1685-1750), alemão.
Beethoven, Ludwig van (1770-1827), alemão.
Boccherini, Luigi (1743-1805), italiano.
Grieg, Edvard (1843-1907), norueguês.
Haydn, Franz Joseph (1732-1809), austríaco.
Mozart, Wolfgang Amadeus (1756-91), austríaco.
Pergolesi, Giovanni Battista (1710-36), italiano.
Puccini, Giacomo (1858-1924), italiano.
Scarlatti, Domenico (1685-1757), italiano.
Schoenberg, Arnold (1874-1951), austríaco.
Verdi, Giuseppe (1813-1901), italiano.
Wagner, Richard (1813-83), alemão.

 

Comentários

Assinaturas