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O homem e o meio

Atividades realizadas nas unidades Interlagos e Itaquera do Sesc São Paulo buscam manter viva a consciência de que o homem e o meio ambiente podem, e devem, conviver

Em junho de 2002 foi regulamentada, pelo presidente Fernando Henrique, a Lei nº 9795, que "dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências". Tal lei reconhece, enfim, a educação ambiental como um componente urgente, essencial e permanente em todo processo educativo, formal e/ou não-formal. "Porém, é preciso tornar transversais os temas ambientais", explica a pedagoga e professora de Educação Física Sílvia de Lima Mello. "Isso faz com que esses temas permeiem todas as disciplinas. Essa seria uma forma de interferir não só na ação dos alunos dentro da escola, mas também na vida particular de cada um."
Sílvia defende a maior abrangência possível de temas ambientais dentro e fora da escola. A partir de trabalhos e vivências com alunos de terceira a oitava série, a professora criou o Xadrez dos Benfeitores. "Tendo feito o curso de Meio Ambiente Prático do programa Benfeitores da Natureza, do Sesc Itaquera, pude trazer para o meu trabalho com os jogos uma realidade que eu nunca tinha pensado: conciliar a educação ambiental e a Educação Física", conta.

Pólos integrados
O trabalho realizado pela professora Sílvia é apenas um dentre os muitos exemplos que começam a surgir e que apontam caminhos para os problemas ambientais do planeta. E as vivências oferecidas pelo Sesc Itaquera por meio de seus pólos integrados de Educação Ambiental, como o programa Benfeitores da Natureza, são uma boa fonte de
informação.
Hoje a unidade conta com os seguintes pólos: piscicultura, pomar orgânico, horta orgânica, herbário vivo de plantas medicinais e aromáticas, recuperação e depuração da Mata Atlântica, viveiro multiplicador de plantas nativas e reciclagem de materiais. A criação desses núcleos na unidade teve base no desenvolvimento sustentável - processo pelo qual as demandas atuais do homem são garantidas sem comprometer o planeta para as gerações futuras.
Entre os principais programas e atividades da unidade estão o Benfeitores da Natureza, dirigido a profissionais da educação e utilizado com sucesso pela professora Sílvia; Um Dia de Brincar, voltado a pessoas portadoras de deficiências e/ou distúrbios emocionais; Roteiros Ambientais, atividades monitoradas para escolares; Coleta Seletiva: Zona Leste Faz!, dirigido à comunidade bem como aos funconários da própria unidade; e Capacitação dos Servidores e Terceiros.
Do outro lado da cidade, encravada na margem sul da represa Billings, o Sesc Interlagos é formado por uma área de 500 mil m2 e constitui uma verdadeira ilha verde na região sul da cidade de São Paulo.
Há 25 anos, a unidade oferece uma grade de atividade em educação ambiental que já atendeu mais de 5 milhões de visitantes: é o programa Viva o Verde, dirigido a vários setores da sociedade, de crianças a ONGs, passando por creches, clubes, empresas e associações comunitárias, mas essencialmente voltada ao público escolar. Realizado permanentemente pela unidade, o programa é monitorado por especialistas na área, que orientam atividades científicas, culturais e lúdicas, promovendo a interação do homem com o meio ambiente.
Segundo Wuaner Musato Rodrigues, técnico da unidade e supervisor do Viva o Verde, são oferecidos vários tipos de atendimento - tanto para escolas quanto para profissionais - a fim de ampliar o contato com a natureza, seja essa relação informal, um passeio no parque; seja monitorada, uma atividade mais específica como o plantio de uma árvore. "Nosso objetivo central é o aprimoramento da percepção da natureza, do ambiente integrado a ela e do homem como parte desse todo", conta Wuaner. "E isso pode e deve ser desenvolvido no indivíduo desde cedo."
Pelas áreas verdes da unidade é possível fazer caminhadas entre árvores centenárias, como araucárias, pinheiros-do-brejo, figueiras, manacás, jatobás, andaçus, ipês, caparorocas, além de algumas raridades em extinção, como o pau-brasil, o cedro rosa, o pau-jacaré e o jacarandá bico-de-pato. Além da flora, mais de 80 espécies de pássaros, como canário-da-terra, pica-pau, martim-pescador, joão-de-barro, podem ser vistos na área. O formigueiro in vitro permite ainda a observação e o estudo dos insetos sociais. Além disso, há 2 hectares de mata Atlântica preservada dentro da unidade que, além de abrigar atividades e passeios, serve de matriz para a multiplicação de espécies nativas ameaçadas.

Plantas e flores
A primavera é festejada no Sesc Interlagos em um evento temático sobre as cores e aromas da estação: é a mostra Plantas e Flores: Primavera de 2002, um projeto que abriga instalações cenográficas em interface com a natureza e ressalta a importância do reaproveitamento de materiais para a preservação ambiental. A exposição, montada no hall de exposições da unidade, de 800 m2, circunda um altar dedicado às plantas ameaçadas de extinção. É possível observar a natureza através de lentes e analisar a constituição de diversas espécies de flores e plantas, ou mesmo apreciar um caminho de flores em mosaico, inspirado na arte popular religiosa de tapetes floridos.
Outras instalações, como Horta da Banana Verde, Jardineiras, Fertilização, Girassol, Dominó Ecológico e Paisagens, ambientam o espaço, que abriga ainda exposição e venda de plantas e flores. A mostra paralela Visões da Natureza reúne fotografias de Araquém Alcântara, que há 15 anos dedica-se a registrar a beleza da fauna e da flora brasileiras.
O evento traz ainda oficinas interativas sobre arte, ecologia e culinária; intervenções teatrais; brincadeiras; jogos e audiovisuais temáticos; teatro para crianças e apresentação de intervenções performáticas, além de programação paralela com fóruns de debate.