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De Tóquio a Tóquio - 56 anos do legado de Aída dos Santos para o atletismo brasileiro
A história da participação das mulheres nos Jogos Olímpicos não se resume aos Jogos da Era Moderna. Nos Jogos da Antiguidade, a presença de mulheres se restringia às sacerdotisas para a entrega das coroas de oliveiras aos vencedores, ou seja, às mulheres comuns era vedada a participação competitiva.
Numa breve linha do tempo, destaca-se a atuação feminina a partir dos Jogos de Paris em 1900, mas não como competidoras e em esportes em que não havia contato físico. Tampouco havia premiação, apenas um certificado de participação.
Diante dos obstáculos colocados para que as mulheres não competissem, a francesa Alice Milliat, atleta do remo, natação e hóquei, fundou, em 1921, a FEFI – Fédération Sportive Féminine Internationale, que, diante do sucesso de público no Primeiro Jogos Olímpicos para Mulheres em 1922, pressionou o COI – Comitê Olímpico Internacional, a inserir programas femininos nos Jogos Olímpicos de forma gradual até que não fosse mais possível apartá-las dos eventos.
A evolução, ainda que lenta, se deu não só dentro de uma competição fechada como os Jogos Olímpicos como também nas competições próprias de cada modalidade.
Foram necessários 120 anos para que 42 modalidades fossem inseridas nos Jogos.
Em termos percentuais, em mais de um século de Jogos Olímpicos, o número de mulheres competindo tende a se igualar ao número de homens, mostra irrefutável de que ações de incentivo à prática esportiva são o caminho para o protagonismo feminino nos esportes.
Números reportados pelo COI mostram o caminho desta evolução:
Paris 1900 – 2,2%
Londres 1948 – 9,5%
Los Angeles 1984 – 23%
Tóquio 2020 – 48,8%
Tóquio se repete após 56 anos, mas a presença feminina brasileira em nada se iguala àquele ano em que a delegação do Brasil contou apenas com Aida dos Santos e sob condições extremamente difíceis para quem compete em alto rendimento.
Em se confirmando os resultados para a edição deste ano, o número de mulheres na delegação brasileira superará o número de homens pela primeira vez na história.
O que é digno de celebração vem acompanhado da necessidade de manter a luta por condições justas para as mulheres do esporte. Da estrutura à premiação, as batalhas travadas pelas mulheres no âmbito esportivo são recorrentes e convidam à reflexão e à ação, porquanto direitos conquistados não se traduzem em direitos mantidos em tempos em que discursos de submissão ganham aliados.
O projeto “Corpo Feminino – Das proibições ao protagonismo” em sua segunda edição traz debates, vivências e histórias de mulheres cuja luta pelo direito ao esporte se dá em vários níveis e que denotam a importância da abertura de espaços para que suas vozes sejam amplificadas.