Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

Nada pode ser maior do que um gigante

Durante o período da exposição 100 anos do Esporte Clube Taubaté serão publicados no Portal Sesc SP crônicas de jornalistas convidados a registrar suas lembranças em textos que homenageiam o Taubaté. Além das crônicas, vídeos inéditos compõem o conteúdo exclusivo para internet.

Nada pode ser maior do que um gigante

por Mariana Krauss*

Em meus 27 anos de vida, mesmo tendo um pai cuja maior paixão certamente é o futebol, nunca havia assistido a uma partida em um estádio. Com a missão de registrar algumas nuances de um momento festivo, fui acolhida pelo Joaquinzão nesta experiência.

Peço licença aos que vivem desde a infância esta relação profunda com o clube. Jamais conseguirei chegar perto de representar o que vocês sentiram naqueles dias, mas meu ponto de vista é justamente o da forasteira que tenta traduzir de alguma forma a complexidade das terras desconhecidas que visitou.

O céu estava cinza, talvez para não ofuscar a euforia da torcida que chegava em variados tons de azul e branco para cantar a vitória. Ali não importava o resultado. Tudo era festa, a coroação de um momento que parecia que nunca mais chegaria: um brigado e merecido acesso à segunda divisão do Campeonato Paulista.

Senti no estádio um deslocamento da referência de espaço-tempo. Lá, seja você quem for, é possível comungar de cada um dos cem anos de histórias que ultrapassam gerações. Todos ali, uniformizados ou não, tinham alguma parte na entidade que para mim se revelou o Esporte Clube Taubaté. Posso dizer todos, por que aquele Taubaté x Primavera era um jogo de torcida
única. Cinco mil e novecentos corações batiam acelerados pelo Gigante do Vale.

No intervalo o zero a zero persistia. Durante as palavras de incentivo do narrador, o trem passou apitando na ferrovia que margeia o estádio, seguido do anúncio no sistema de som: “Toda vez que o trem passa, o Taubaté faz o gol”. Dito e feito. A comemoração foi coroada por um gol aos três minutos do segundo tempo. Nos momentos finais, nem o céu se conteve. O cinza que predominava no início da manhã se dissipou e quem olhava para cima via o espetáculo em azul e branco, enriquecendo o cenário para aquele momento sublime.

A energia que emanava da massa alviazul me contaminou de maneira totalmente humana. Afinal o instinto humano é coletivo e é em bando que a gente extravasa. Eu queria levantar bandeira, vestir a camisa. Contida em minha condição de intrusa, faço isso agora, por meio de palavras.

As conquistas do Taubaté, além de títulos, são contabilizadas também em acessos. Este fato é cantado inclusive no seu hino. Falando em hino, finalizo este relato com uma referência aos quatro grandes clubes paulistas e lembro que, por mais que um time seja grande, ele nunca será maior que um Gigante.

Taubaté é a terra do alviazul imponente, que nem precisa ser o primeiro entre os grandes para permanecer bem-amado por sua torcida. O clube pode não ter um passado e um presente só de glórias, mas nascer e viver com o burrão no coração é um privilégio que nem todos podem ter. Talvez não seja o campeão dos campeões, porém certamente permanecerá eterno nos corações
taubateanos.

________________________________________________________________________________________________________________
* Mariana Krauss, 27 anos, jornalista formada em 2009 pela Univap – Universidade do Vale
do Paraíba, editora web do Sesc Taubaté