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Cozinhar é preciso
Essencial para a saúde e preservação das tradições alimentares, o ato de cozinhar é um dos sete eixos principais do Experimenta! – Comida, saúde e cultura, projeto que discute o universo da alimentação em todas as unidades do Sesc, durante o mês de outubro. Saiba mais sobre o tema:
Cozinhar a própria comida é uma atividade importante para a manutenção da cultura alimentar de um povo, com reflexos positivos, inclusive, na saúde. Quando cozinhamos, nos apropriamos do nosso tempo para um fim saudável, que fortalece o convívio e é capaz de nos encher de alegria nas nossas horas livres. Além disso, cozinhar é uma forma excelente de criar vínculos com a família e os amigos, e fazer a comida junto das crianças, levá-las para escolher e comprar os alimentos desde cedo, também pode auxiliá-las a ter uma alimentação sadia no presente e no futuro. É uma bagagem que fica para a vida toda.
A escolha das receitas preferidas, o tempo dedicado a isso e a própria seleção dos alimentos que irão para a panela vão nos conectando ao ambiente e àqueles que dividem a refeição conosco. Nos últimos anos, o trabalho de grandes chefs tem contribuído para fortalecer e modificar a imagem de quem cozinha, seja no ambiente doméstico ou nos restaurantes.
Rita Lobo é uma das grandes defensoras da importância do ato de cozinhar. Em sua atuação como chef, apresentadora de TV, autora de livros e do blog Panelinha, Rita busca transmitir a mensagem de que preparar as refeições em casa é mais simples do que parece. Em seu livro de receitas “O que tem na Geladeira”?, afirma que:
“Uma alimentação saudável, de verdade, é algo bem mais simples, que passa pela cozinha de casa e usa ingredientes acessíveis, alimentos que vem da natureza, tanto de fonte animal como vegetal”. Ainda segundo ela, “Cozinhar é como ler e escrever: todo mundo deveria saber. Mas ninguém nasce sabendo.”
Outro exemplo é o trabalho do chef mundialmente premiado Alex Atala. Ele é conhecido por trabalhar com alimentos regionais, ajudando a fortalecer a cultura alimentar brasileira e a fazer com que o interesse por nossos pratos e sabores se amplie tanto em território nacional quanto internacional. “Depois de 30 anos na cozinha, o que mais me entusiasma é ver, diariamente, aumentar a certeza de que esta é uma estrada sem fim”, diz ele. Para o chef, a maior “rede social do mundo” é a que conecta sete bilhões de seres humanos no planeta Terra: o alimento. “Trabalhar em favor da cadeia do alimento, reforçar conceitos que também passam pela sustentabilidade, é aproximar o homem da comida. Infelizmente, nós seres urbanos, nos desapegamos do ingrediente”, acredita.
Por isso, a importância de cozinhar aumenta a cada dia, como forma de fortalecer as transmissões de habilidades e tradições culinárias para as próximas gerações, a valorização dos ingredientes in natura, locais e regionais e, principalmente, o desenvolvimento da autonomia para todos em relação ao preparo dos alimentos. Afinal, quando se sabe cozinhar, qualquer ingrediente pode virar um prato delicioso! E, a despeito do que nos mostram os shows televisivos de competição culinária, no dia a dia nem é preciso ter tanta preocupação com a técnica: o cozinhar, simplesmente, acontece, mesmo com cozinheiros inexperientes ou amadores. É um conhecimento que vai se aprimorando ao longo do tempo, com a prática e a dedicação. Como diz Michael Pollan, em seu livro “Cozinhar – Uma história natural da transformação”, “(...) os milagres da cozinha, mesmo nas suas manifestações mais ambiciosas, se apoiam numa mágica que permanece acessível a todos nós, em nossas casas”.
Para colocar em prática:
O Livro “O que tem na geladeira? – 30 legumes e verduras em mais de 200 receitas para variar o cardápio”, de Rita Lobo inspirou também uma série de vídeos no youtube em que a chef ensina sua fórmula para criar receitas com base na variação de cortes, métodos de cozimento e combinações de sabor.