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Juntas mudamos a cara das tecnologias
InfoPreta, MariaLab, PretaLab, #MinasProgramam, MAna – mulher conserta para mulher, Manas à Obra, Lumberjills, Agiliza Lab e PrograMaria. O que todos esses coletivos têm em comum além de estarem na programação As Mulheres e as Tecnologia, em setembro, nas unidades do Sesc?
Silvana Bahia começou a trabalhar no Olabi, uma organização social com sede no Rio de Janeiro voltada para ampliação do acesso à tecnologia e à inovação, em 2015. A constatação de que faltam mulheres nesse universo, especialmente mulheres negras, levou ao desenvolvimento de um projeto novo, envolvendo o mapeamento do segmento, a promoção de oficinas, workshops e palestras, campanhas de inspiração para meninas negras e o estabelecimento de canais de diálogo com diferentes setores da sociedade. Assim nasceu, em 2017, o PretaLab.
Silvana Bahia, diretora de projetos do Olabi e coordenadora do PretaLab | Foto: Safira Moreira/Olabi
A tecnologia, disse Silvana em entrevista à EOnline, é uma linguagem muito poderosa. Se ficamos de fora, acabamos perdendo o poder de decisão. "A tecnologia não é neutra, ela carrega a ideologia de quem gera ela", explica. Trata-se de um espaço muito poderoso que, infelizmente, tem sido mais associado à masculinidade. Por isso, defende iniciativas que priorizem o acesso a mulheres, que criem espaços para o reconhecimento e o fortalecimento delas.
Erika Campos queria aprender a linguagem de programação Python. Juntou-se a outras mulheres interessadas e fundou, em setembro de 2015, o PyLadies São Paulo, capítulo local do grupo internacional de mentoria com foco na inclusão de mulheres (cis e trans) e pessoas não-binárias na comunidade de TI por meio do conhecimento de Python. A EOnline aproveitou o intervalo de um curso no Sesc Avenida Paulista para conversar com Erika (confira no vídeo).
Inspiradas por projetos como Girls Who Code, Black Girls Code e pelo próprio PyLadies, Ariane Cor, Bárbara Paes e Fernanda Balbino resolveram dar, em São Paulo, a sua contribuição para a luta contra o racismo e a desigualdade de gênero em tecnologia da informação. Com o #MinasProgramam, elas decidiram mudar a narrativa de quem são as pessoas aptas a programar. Por meio de cursos introdutórios ao universo da computação ministrados só por mulheres, explica Bárbara, elas criam espaços para discussão política e para a reconstrução da autoestima intelectual de meninas – com especial atenção às mulheres negras. Para que as soluções tecnológicas sejam mais democráticas, é preciso criar esse espaço. É preciso que as vozes das mulheres também sejam refletidas nas criações.
Fundadora do PrograMaria, Iana Chan | Foto: Divulgação
Iana Chan, fundou o PrograMaria, uma iniciativa com a missão de empoderar mulheres com tecnologia e programação, em 2015. "É estratégico recrutar mais mulheres: a inovação será muito mais disruptiva quanto mais diversidade houver nas empresas. É muito mais fácil inovar quando se tem diversidade de gênero, étnico-racial, cultural e social, porque essa riqueza traz diferentes perspectivas sobre um mesmo problema e faz com que as soluções 'fora da caixa' apareçam. [...] queremos que as mulheres sejam capazes de tornarem-se não apenas consumidoras, mas produtoras de tecnologia", defende Iana.
Fernanda Monteiro, do MariaLab, recebeu a EOnline no espaço do coletivo hacker feminista, em São Paulo, e contou sobre o grupo formado em 2014 e a luta pelo resgaste histórico da presença de mulheres negras, trans e travestis na evolução das tecnologias digitais (confira no vídeo).
Buh D’Angelo, tem 24 anos. Ela é fundadora da InfoPreta e já enfrentou muito preconceito por ser mulher, negra e periférica atuando com manutenção de computadores. Buh recebeu grande incentivo de seus pais para estudar – aquilo que quisesse estudar. No entanto, não via mulheres negras atuando nas exatas, em geral. Ao empregar mulheres negras e outras minorias na InfoPreta e oferecer cursos e serviços de conserto e reparo de equipamentos, ela quer reverter essa falta de representatividade e ser uma inspiração para as meninas das novas gerações.
A Ana Luisa e a Katherine, do Mana - mulher conserta para mulher, a Priscila Vaiciunas, do Manas à Obra, e a Mariana Pavan, do Agiliza Lab, resolveram desafiar os esteriótipos machistas frequentemente ventilados quando se fala em reparos e consertos domésticos. A Mariana, que ministra o workshop "Deixa Que Eu Faço", conversou com a EOnline sobre manutenção residencial e atividades desenvolvidas só com mulheres (confira no vídeo).
Fernanda Sanino e Letícia Piagentini abandonaram carreiras no mundo corporativo para fundar a Lumberjills, uma marca e oficina de tapeçaria e marcenaria comandada só por mulheres. "No início não levantávamos a bandeira do feminismo. Nosso intuito era trabalhar com marcenarias. Entretanto com o passar do tempo percebemos que tínhamos sim que falar sobre o assunto, e apontar o machismo que enfrentamos todos os dias nessa área. [...] Depoimentos como ‘foi vendo vocês que tomei coragem e comecei fazer um curso nesta área' nos enchem de orgulho".
Fernanda e Letícia, da Lumberjills | Foto: Ana Paula Ferreira
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