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Novas Visões de Mundo no Palco Giratório

“Uma experiência incrível e reveladora. Tanto reveladora de um país que eu não conhecia, a não ser a minha região, como reveladora no que diz respeito ao meu espetáculo, a relação com o público e a minha percepção como atriz.” Assim Michelle Ma belle Silveira, a palhaça Barrica, descreve sua experiência ao participar do Palco Giratório, que nesta edição de 2015 completa 18 anos trazendo 20 grupos de teatro, dança e circo para 18 unidades do Sesc no Estado de São Paulo.

Sustentado por uma rede de curadores, composta por profissionais de todos os estados brasileiros, o projeto reúne anualmente uma “amostragem” importante da produção cênica brasileira. Esta união vem proporcionando novos olhares e experiências tanto para o público quanto para o artista, que a partir disso enriquece seu repertório.

Em 2014 o espetáculo catarinense Barrica Poráguabaixo abriu a programação com trapalhadas de uma palhaça em suas tentativas frustradas de ir à praia. Para a atriz, o Palco Giratório é um grande projeto de difusão e intercâmbio. “Penso que o festival concretiza seu intuito. Pois nos dá a possibilidade de conhecer muitas pessoas, intercambiar com elas e com as culturas diferentes que existem dentro do nosso país.”

Depois de 15 anos de pesquisa Michelle ficou muito feliz por levar a Barrica “para terras tão distantes”. A artista afirma que foi uma oportunidade de compartilhar seu olhar sobre o trabalho do palhaço e de desenvolver seu espetáculo. “Aconteceram muitas mudanças! Sinto que o espetáculo cresceu muito no contato com o público, eu observei crescimento em mim como atriz e como palhaça, sem contar os contatos que estabelecemos nas viagens.”

Em sua segunda participação no festival, Clarisse Baptista de Carvalho, atriz e produtora da Cia. Garotas Marotas lembra da reação do público com o espetáculo Solamente Frida, vindo do Acre. Após as apresentações a procuravam curiosos para fazer perguntas sobre o trabalho, que retratava a pintora mexicana Frida Kahlo por meio de um olhar humanista. “Riso, choro, aplauso, abraços. As pessoas sempre nos procuravam para agradecer, parabenizar, perguntar, comentar. Às vezes de um jeito muito emocionado. Sempre houve interesse, curiosidade, comoção.”, comenta.

Além de trazer sua emoção o público também trouxe um olhar que contribuiu com seu repertório “quando ouvimos as observações, quando percebemos as várias visões do público, encontramos leituras que nós não fizemos, interessantíssimas, que passam a fazer parte da nossa compreensão.”.

As experiências que vivenciou só foram possíveis com a participação neste intercâmbio cultural. “Foi uma experiência muito interessante, que nos faz ver pessoas, lugares e trabalhos novos. Pensar sobre o próprio trabalho.”, finaliza Clarisse.

Ambas acreditam que o Palco Giratório é portal que se abre para os artistas mostrarem seu trabalho, permitindo sua descoberta em meio ao leque tão diversificado e multicultural do país. Um projeto que realiza um trabalho de garimpo artístico, revelando tesouros desconhecidos por todo o Brasil. 

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