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Algumas palavras sobre o palhaço
A pedido da EOnline o artista circense Thiago Sales escreveu um breve texto sobre o circo e palhaçaria hoje, confira:
O mestre de pista anuncia: “Senhoras e senhores, respeitável público, agora em nosso picadeiro, a alegria dos palhaços!”. O palhaço é, sem dúvida, uma das figuras mais associadas ao universo circense. Tem gente que acredita que circo só é circo se tiver palhaço. Há quem diga que um bom palhaço pode garantir o sucesso de um circo. E não é para menos. O palhaço que hoje conhecemos talvez tenha nascido ou, no mínimo, se desenvolvido, nos picadeiros dos circos.
Porém, sabemos que ele descende de outras figuras cômicas que antes dele já despertavam o riso dos espectadores, em diferentes formas de manifestação artística ao longo da história. Não bastasse sua importância para o circo, o palhaço também está presente nos palcos dos teatros, nas praças, nas ruas, no cinema, na televisão, na internet, em hospitais, em zonas de conflito e em qualquer outro lugar onde haja alguém querendo ou precisando rir um pouco. E como todos nós sempre estamos querendo e precisando rir, o palhaço está no mundo!
Mas afinal, o palhaço o que é? Na verdade, o palhaço somos todos nós, pois ele representa, ao mesmo tempo, o que há de mais grotesco e de mais belo em todo ser humano. E talvez venha daí a facilidade com que somos atraídos pela figura de um palhaço. O palhaço é o ridículo (e quem não é?). É um perdedor (e quem não é?). Cai, como todos nós caímos tantas vezes, mas se levanta e tenta novamente, numa incansável busca que desperta a empatia e o riso da plateia.
A tradicional dupla de palhaços é, em geral, formada por dois tipos conhecidos como Branco e Augusto. O chamado Branco é, supostamente, mais inteligente, se veste de forma alinhada, procura ser elegante, representa a ordem e o poder. É o contraponto perfeito para o Augusto, uma figura excêntrica, um bobo, que se veste muitas vezes de forma estapafúrdia e demonstra sua
estupidez a cada ação. É das relações decorrentes do convívio dessas duas figuras tão distintas que se desenrolam situações cômicas que nos fazem rir há tantas gerações.
No entanto, na tradição circense existem outros muitos tipos que reconhecemos como palhaços. Augustos, Brancos, Tonys de Soirée, excêntricos musicais, palhaços malabaristas, palhaços acrobatas, palhaços mudos, palhaços que falam, que cantam, palhaços que fazem piadas, palhaços que são a própria piada... Há muitas formas de ser palhaço e cada artista que decide seguir a profissão, abraçando a nobre arte de fazer rir, precisa descobrir, entender, revelar que palhaço será! Não há regras, exceto uma: é preciso ser verdadeiro! Não queira ser um palhaço que você não é, pois o fracasso será certo! O respeitável público sabe no exato instante em que um palhaço adentra ao picadeiro com seus grandes sapatos (ou não) com seu nariz vermelho (ou não) se aquela figura lhe transmite verdade! E se há verdade, quebra-se imediatamente uma barreira invisível entre artista e espectador, abrindo-se a possibilidade de uma prazerosa experiência para ambos.
O ser humano precisa rir – e precisa rir, acima de tudo, de si mesmo. Por esse motivo, os palhaços sempre serão necessários!!! Viva o Circo!!! Viva o Palhaço!!!
Na programação Com quantas artes se faz um circo?, Thiago Sales apresenta no dia 3 de maio o espetáculo Jerônimo Show no Sesc São José dos Campos.
o que: | |
quando: |
03/mai |
onde: | Sesc São José dos Campos |
ingressos: |
grátis |