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O encontro de Bob Wilson com Baryshnikov e Dafoe

A fala calma de Bob Wilson esconde o ritmo acelerado em que vive. Entre a última passagem pelo Brasil, em junho e julho de 2013, quando apresentou o espetáculo A Dama do Mar, no Sesc Pinheiros e no Sesc Santos, até agora, passou por 12 países com 10 montagens diferentes. O lado bom desta correria é que ele esteve em São Paulo este mês para acertar os preparativos para sua volta ao Sesc Pinheiros, em julho, pelo terceiro ano seguido.

O ritmo alucinante é também exaustivo. O diretor levou três anos entre o início da preparação e a finalização do espetáculo “The Old Woman”, que chega por aqui. O texto, do russo Daniil Kharms, foi escrito em plena União Soviética, no século passado, pouco antes do autor ser executado pelo regime.

Para encenar, o diretor convidou o experiente e renomado ator e bailarino Mikhail Baryshnikov, com quem nunca havia trabalhado. “Misha”, como é chamado, demorou para entender o como Wilson trabalha, abordando todos os elementos de cena ao mesmo tempo. Juntou-se ao projeto, o ator norte-americano Willem Dafoe. Em cena, eles interpretam uma dupla de palhaços.

“Eu li esse texto e não consegui entendê-lo”, disse o diretor sobre seu primeiro contato com a obra, classificada como teatro absurdo: não há sentido lógico e os atores oscilam num dualismo que os completa. Ora são austeros, ora patéticos, e se confundem em um só personagem. Pontos sempre marcantes nos espetáculos de Bob Wilson, o cenário, com móveis flutuantes, e a iluminação que, contrastante, dialoga com os atores, também são destaques.

Agora é esperar até julho para poder vivenciar essa experiência.