Postado em 24/03/2014
A fala calma de Bob Wilson esconde o ritmo acelerado em que vive. Entre a última passagem pelo Brasil, em junho e julho de 2013, quando apresentou o espetáculo A Dama do Mar, no Sesc Pinheiros e no Sesc Santos, até agora, passou por 12 países com 10 montagens diferentes. O lado bom desta correria é que ele esteve em São Paulo este mês para acertar os preparativos para sua volta ao Sesc Pinheiros, em julho, pelo terceiro ano seguido.
O ritmo alucinante é também exaustivo. O diretor levou três anos entre o início da preparação e a finalização do espetáculo “The Old Woman”, que chega por aqui. O texto, do russo Daniil Kharms, foi escrito em plena União Soviética, no século passado, pouco antes do autor ser executado pelo regime.
Para encenar, o diretor convidou o experiente e renomado ator e bailarino Mikhail Baryshnikov, com quem nunca havia trabalhado. “Misha”, como é chamado, demorou para entender o como Wilson trabalha, abordando todos os elementos de cena ao mesmo tempo. Juntou-se ao projeto, o ator norte-americano Willem Dafoe. Em cena, eles interpretam uma dupla de palhaços.
“Eu li esse texto e não consegui entendê-lo”, disse o diretor sobre seu primeiro contato com a obra, classificada como teatro absurdo: não há sentido lógico e os atores oscilam num dualismo que os completa. Ora são austeros, ora patéticos, e se confundem em um só personagem. Pontos sempre marcantes nos espetáculos de Bob Wilson, o cenário, com móveis flutuantes, e a iluminação que, contrastante, dialoga com os atores, também são destaques.
Agora é esperar até julho para poder vivenciar essa experiência.