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ABC das artes
Projeto lança olhar sobre o teatro e resgata a produção cultural da região conhecida pela força de suas indústrias e movimentos sindicais
Quando se fala em ABC Paulista, logo vem a lembrança das máquinas, dos operários e dos movimentos sindicais que fizeram a história de cidades como Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Mas nem só de política e indústrias vive a região. É o que comprova o projeto ABCena – Memória e Invenção no Teatro do ABC Paulista, desenvolvido pelas unidades do Sesc Santo André e São Caetano do Sul para resgatar a memória teatral e artística local.
“A produção teatral realizada por núcleos e artistas residentes, nascidos ou formados nas cidades do ABC não encontrou ainda uma visibilidade condizente com a sua relevância artística ou com a sua importância histórica”, afirma o técnico de programação do Sesc Santo André, Thiago Freire. “Em decorrência disso, elaboramos um projeto que lançasse um olhar zeloso sobre a questão.”
Entre as atividades preparadas para dar conta dessa história, o público poderá conferir uma série de espetáculos, que teve início em junho com a peça infantil Esperando Gordô, da Companhia Lona de Retalhos – que a adaptou da clássica Esperando Godot (de Samuel Beckett). Além dos espetáculos, haverá uma programação repleta de oficinas, palestras e bate-papos que segue até 18 de julho (veja detalhes no Em Cartaz).
Palco de histórias
O ABCena se tornou realidade depois de um ano de pesquisa, em parceria com a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Durante o período de estudos, foram registrados fatos importantes da trajetória do teatro no ABC, iniciada com grupos amadores em 1950. Há também histórias de iniciativas surgidas em meio à tensão da ditadura militar, como o Grupo Teatro da Cidade (GTC), ativo entre os anos de 1968 e 1978 em Santo André.
E outras originadas com o sindicalismo, numa época difícil de redemocratização do país. Muitos artistas que nasceram, residiram ou tiveram alguma relação com a região passaram por esses grupos. E com o tempo ganharam expressividade nos palcos e na TV brasileira, como Antônio Petrin, Sônia Guedes, Jussara Freire, Milton Andrade (1937-2009), entre outros. “A partir da pesquisa do projeto, podemos difundir essa história como ela merece para o grande público”, diz Thiago.
A mostra de espetáculos do ABCena foi levada aos palcos – das unidades Santo André e São Caetano – por artistas do próprio ABC. Para a realização, o projeto ampliou um diálogo de criação com escolas e companhias da região, como a Escola Livre de Teatro, de Santo André, a Fundação das Artes, de São Caetano do Sul, e diversos núcleos, como o MCTA (São Caetano) e o Regina Pacis (São Bernardo).
Além de valorizar a produção existente há cinco décadas, o ABCena busca fomentar uma articulação cada vez mais intensa entre os artistas e os aparelhos de cultura – públicos ou privados. “O projeto faz com que o público tenha acesso à produção artística e contradiz o estereótipo do Grande ABC como apenas lugar do fazer industrial”, completa Thiago.
Cultura fora do eixo
Unidade do Sesc São Paulo completa 30 anos, em São Caetano do Sul
Neste 1° de julho, o Sesc São Caetano do Sul comemora 30 anos de existência. A implantação da unidade no ABC Paulista representou mais uma conquista importante da região conhecida nos anos de 1980 pelo forte desenvolvimento industrial e comercial. A instituição, que já atuava na cidade e região por meio das Unimos (Unidades Móveis de Orientação Social), teve o papel inicial de apoiar e supervisionar trabalhos comunitários nos quais se mobilizavam lideranças públicas e privadas.
Instalada inicialmente na Avenida Santa Catarina, no centro comercial da cidade, a unidade aos poucos estendeu as suas ações. E, em 1993, ganhou novo endereço: Rua Piauí, no bairro Santa Paula. A partir daí, logo se destacaram os programas concentrados nas áreas de educação, saúde, cultura, lazer e ação comunitária.?As ações socioculturais, no entanto, sempre extrapolaram os limites da unidade e beneficiaram os moradores de outros municípios do Grande ABC.
“Fomentar a cultura e ações socioeducativas que favoreçam o bem-estar e a qualidade de vida das pessoas tem sido a nossa missão”, afirma a gerente do Sesc São Caetano, Érika Mourão Dutra. “No dia 1° vamos pontuar a data, reconhecendo a importância das empresas, do público, da comunidade e dos parceiros para a construção da história da instituição.” ::