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Cursos de Fotografia



Imagem captada no curso Clic - Luzes da Noite, do Sesc Consolação 


Cursos de fotografia do Sesc São Paulo propõem a reflexão sobre o ato de fotografar e estimulam os participantes a desenvolverem um discurso visual próprio


Bastou clicar o botão. E pronto. Mais uma imagem foi capturada pelas lentes da câmera fotográfica. No entanto, para aproveitar o máximo do equipamento e por meio dele encontrar a melhor forma de se expressar, são necessários dois componentes básicos: técnica e reflexão.

Esses fatores – inerentes a quem fica atrás da lente – têm sido exercitados pelas unidades do Sesc São Paulo. Com a aplicação de cursos informais, a instituição estimula os participantes a vivenciarem experiências e a conhecerem a linguagem fotográfica, sob a ótica da reflexão.

Ter paixão pela área é a via de acesso para participar das palestras, cursos, workshops e a prática em si em um contexto em que o aluno pode ser tanto iniciante quanto “iniciado”. “Os interessados podem encontrar desde cursos de introdução, que visam habilitar os matriculados a entender o funcionamento de equipamentos analógicos ou digitais, até propostas avançadas de captação e manipulação de imagens”, sintetiza a assistente de artes visuais da Gerência de Ação Cultural (Geac) do Sesc, Nilva Luz.

No Sesc Consolação, por exemplo, o projeto Clic Clube compreende várias propostas. Dentre elas, o Clic Inspirado, em que obras de fotógrafos renomados são apresentadas aos alunos. Já no Clic Inicial, iniciantes passam a ter intimidade com a fotografia. E no Clic Cursos, alunos que já conhecem alguma técnica intensificam a formação.

“O objetivo dos projetos é apresentar a fotografia como uma linguagem artística e criativa, em que cada um pode se expressar do seu jeito”, afirma a fotógrafa e arte-educadora Inaê Coutinho.

A unidade também dispõe dos Clics Extras, nos quais são organizadas as saídas fotográficas orientadas, trabalhos audiovisuais, além da produção de fotos PB (Preto e Branco) com a técnica Pinhole (máquina fotográfica sem lente). “Buscamos oferecer mais do que um curso, já que hoje tem tanto conteúdo na internet e nos manuais de fotografia, que não faz sentido repeti-los em fórmulas”, enfatiza Inaê, também curadora do Clic Clube.


Linguagem fotográfica


Assim como a escrita, a fotografia também é uma linguagem. E esse conceito está presente nos programas do Sesc. “Os cursos aumentam o repertório de imagens e iconográfico dos alunos. E proporcionam o uso da fotografia como ferramenta expressiva, vista dentro de uma linguagem na qual eles sabem que estão se expressando”, teoriza Inaê, ganhadora do Prêmio Internacional de Inovação e Criatividade pela Safe Kids WorldWide, em Washington DC, em 2005.

A metodologia dos projetos consiste no conhecimento técnico e na história da fotografia. Para tanto, considera-se importante saber o que já foi produzido ou o que se produz hoje no campo e na prática de fotografar. A prática, aliás, tem sido muito produtiva na unidade Pompeia. Desde 1982, o local abriga o Laboratório Fotográfico que integra o conjunto de ateliês das Oficinas de Criatividade.

Depois do boom das câmeras digitais, o Laboratório ficou ainda mais valorizado. Aumentou a demanda por cursos de revelação e ampliação de fotografias em preto e branco. “Todo semestre há muita gente interessada, porque um laboratório já não é tão comum hoje em dia”, explica Simone Wicca, encarregada pela programação dos?cursos de fotografia da unidade Pompeia. “Sempre quando aparece algo novo em áreas de pesquisa, as pessoas procuram voltar às origens. E temos vivenciado essa experiência na unidade.”

No Laboratório, projetado por Lina Bo Bardi, os alunos são orientados a aprender técnicas e recursos para a manipulação de câmera reflex 35 mm e revelar filmes preto e branco. O processo de análise sobre o ato de fotografar também complementa as aulas. Ao final do curso, o aluno está apto a apresentar um projeto fotográfico pessoal. “Ele apresenta uma temática e a desenvolve durante o semestre com o orientador”, informa Simone. “Existe o aprendizado da técnica, mas o nosso foco é formar o fotógrafo como autor.”


Sem ler a bula


A somar com os cursos regulares há também os minicursos e aulas abertas, que atendem a uma demanda considerável de interessados. Durante esses cursos de menor duração, os processos históricos da fotografia são revisitados sem esquecer de lançar um olhar contemporâneo sobre eles.

Ou seja, enquanto se aprende acerca da fotografia digital, o participante resgata os processos alternativos históricos. “Pretendemos colocar à disposição uma gama de oportunidades e diferentes possibilidades de experimentações”, destaca Nilva.

“Esperamos que elas sirvam de estímulo, principalmente para melhor compreensão dos mecanismos de formulação de uma determinada técnica que leve os participantes a se tornarem fruidores mais qualificados da produção artística.”

Propostas de qualificação estão presentes no Foco em Pensamento, da unidade Vila Mariana. Baseados em trabalhos conceituais, os participantes aprendem a pensar as possibilidades da fotografia na atualidade. Isso tanto através de conversas, apresentação de referências históricas e contemporâneas, como por meio de atividades que permitam desenvolver o próprio discurso visual.

“Não pretendemos passar uma visão única de fotografia”, destaca o técnico do Núcleo da Imagem da Palavra (NIP) do Sesc Vila Mariana, João Paulo Guadalucci. “Para isso, procuramos ampliar a visão artística do participante.”

No Vila Mariana, aproximadamente 15 edições já foram apresentadas. A cada mês essa grade é renovada e elaborada em convergência com a própria programação cultural da unidade. Durante o período, foram desenvolvidos temas como Fotografia de Palco, Fotografia Artística, Fotojornalismo, Fotografia e Cinema, entre outros. Agora, em função da Copa do Mundo de Futebol estuda-se neste mês de junho abordar a relação da fotografia com o futebol – que carrega uma estética significativa.

“A técnica é menos importante nesses trabalhos, pois ela é subordinada à estética e à ética do ato”, considera Guadalucci. “Sempre privilegiamos a discussão sobre a fotografia e como podemos pensá-la?através do cinema, dos quadrinhos, da literatura. Isso diferencia os nossos cursos de fotografia daqueles pautados em bulas e manuais.” ::