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Brasília, 50 anos de contradições
Projetada como um moderno centro urbano de porte médio, que deveria ter ao redor de 600 mil habitantes na virada do milênio, Brasília completou 50 anos, no dia 21 de abril, com uma população de mais de 2,6 milhões e mergulhada em problemas. Se por um lado a capital instalada no planalto central do país, dotada de edifícios públicos que mais parecem obras de arte a céu aberto, teve o mérito de praticamente povoar uma região até então esquecida e ajudar a expandir as atividades do poderoso agronegócio nacional, por outro evidencia que o projeto que a gerou não previu o crescimento exagerado que ensejaria – suas vias expressas, construídas exatamente para fazer o tráfego fluir, não raro ficam paralisadas por congestionamentos. A reportagem de capa desta edição mostra como nasceram o Distrito Federal e suas regiões administrativas (como são chamadas hoje as cidades-satélites), onde a pobreza abre espaço não só para o crime e a violência, mas também para a atuação demagógica de políticos mal-intencionados.
Difícil também é a situação da indústria têxtil nacional, tema abordado em outra matéria. Com o mercado doméstico inundado de produtos provenientes da China, que já responde por cerca de 60% do comércio de roupas importadas, o empresariado brasileiro não se mostra muito animado com o crescimento estimado para o setor neste ano, bem abaixo das perdas verificadas em 2009, tanto na produção de tecidos quanto no segmento de confecções. Este último, aliás, padece de uma crônica descapitalização, que, por sua vez, inviabiliza investimentos em tecnologia e acaba comprometendo a qualidade do produto final.
Este número traz ainda informações sobre o que de mais importante foi discutido na Conferência Nacional de Educação, realizada no final de março em Brasília. Nunca é demais repetir que um país sério, que busca acima de tudo o progresso e o bem-estar de seu povo, deve dedicar atenção especial à área do ensino. O evento serviu, fundamentalmente, para que especialistas debatessem as propostas que irão embasar as diretrizes do próximo Plano Nacional de Educação, que apontará os objetivos a ser atingidos pelos entes federados – municípios, estados e União – no decênio de 2011 a 2020.
Por fim, falamos de literatura, enfocando a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, Rachel de Queiroz. Dona de uma força narrativa notável, a escritora teve, no entanto, de enfrentar questionamentos devido a seu posicionamento político a partir dos anos 1960.
Abram Szajman
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac