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Conheça os concorrentes ao Coelho de Ouro do Festival Mix Brasil em cartaz na plataforma Sesc Digital
Mostra Competitiva de Curtas do 29º Festival Mix Brasil reúne 12 imperdíveis produções brasileiras em cartaz gratuitamente na plataforma Sesc Digital
Por Elton Telles*
Considerado o mais importante evento da diversidade da América Latina, o Festival Mix Brasil, em sua 29ª edição, dedicou duas semanas intensas com atividades gratuitas e atrações culturais variadas, explorando diferentes campos artísticos, como Teatro, Música e Literatura. O cinema, é claro, não poderia ficar de fora da programação. Neste ano, o Mix Brasil exibiu ao público em formato híbrido (presencial e online) 117 produções audiovisuais vindas de 28 países. Dentre os títulos selecionados, 7 longas e 12 curtas-metragens brasileiros integram a tradicional Mostra Competitiva e disputam o prêmio máximo do festival: o Coelho de Ouro.
Todos os curtas concorrentes estão disponíveis para serem assistidos gratuitamente na plataforma Sesc Digital. A seleção diversificada contemplou obras dos quatro cantos do Brasil com a intenção de revelar novos olhares, vozes reflexivas, histórias corajosas e universos ricos em inventividade e visualidade. De acordo com a curadoria do Festival Mix Brasil, os filmes da Mostra Competitiva de Curtas se dividem em propor um olhar para dentro, um entendimento dos desejos e das singularidades das existências LGBTQIA+, enquanto outros títulos se voltam para fora, para a fauna e a flora dos nossos cotidianos, revelando-se exercícios visuais multifacetados.
Os filmes
O curta “Como Respirar Fora d’Água” é o trabalho de conclusão de curso das cineastas Júlia Fávero e Victoria Negreiros. Formadas pela Universidade de São Paulo, a dupla apresenta uma história pungente de como o racismo e a violência policial afetam o relacionamento de uma família. De forma sutil, o filme aborda a questão da afirmação de identidade e de como as adversidades precisam ser enfrentadas com honestidade, evitando quaisquer artifícios – os brincos mostrados no filme – que mascaram a verdade.
Foto: Divulgação
Pela primeira vez, um candidato do Piauí concorre ao prêmio máximo do Festival Mix Brasil, e o Estado está muito bem representado com o doce “Hortelã”. O título do curta é inspirado na experiência de seu realizador, Thiago Furtado. Ele diz que quando revelou a homossexualidade à sua mãe, ela lhe ofereceu um chá de hortelã. A bebida permeia a história, que mostra o rompimento de relações, sejam amorosas ou trabalhistas. O destaque é o desempenho da atriz Edite Rosa, que rouba a cena com a sua personagem sensata e generosa.
Enquanto “Hortelã” repercute o término, “Entrelençóis”, de Otávio Vidal, é sobre o começo de uma relação. A trama acompanha um garoto tímido que tenta descobrir quem é o dono de uma camiseta com estampa de arco-íris estendida no varal coletivo do prédio onde mora. Praticamente sem diálogos, o curta é criativo no desenvolvimento de como se dá o encontro entre os personagens, com direito a recompensas no final.
Igualmente solar e romântico é o curta “Time de Dois”, dirigido pelo potiguar André Santos. O filme se estabiliza na relação entre Wendel e Flávio, dois garotos de 18 anos que mantém um namoro às escuras e alimentam o sonho de serem jogadores profissionais de futebol. No entanto, certas necessidades despertam responsabilidades, e as escolhas passam a interferir no relacionamento dos dois. Outro candidato do Rio Grande do Norte é o bem-humorado “O Nascimento de Helena”. Totalmente filmado com o celular, o curta é a narração em primeira pessoa de um jovem homossexual sobre as suas fantasias sexuais e o seu desejo de destruir famílias tradicionais a partir de encontros sigilosos com homens casados.
Filmado no Aterro do Flamengo, na capital carioca, o enigmático curta-metragem “Vagalumes”, de Léo Bittencourt, é uma interessante experiência sensorial do que acontece no local quando o Rio de Janeiro adormece. A convivência entre diferentes espécies e a relações que florescem no espaço são fotografadas com esmero pelo diretor em parceria com Juliano Gomes. Outro arroubo estético é “Flor de Mureré”, curta-metragem em formato de videoclipe realizado pelos paraenses Marcos Corrêa e Priscila Duque. “Flor de Mureré” é uma inovadora expressão de resistência e é embalado pela música contagiante que dá título ao filme, composta pelo Coletivo Vacas Profanas.
“Manaus Hot City”, de Rafael Ramos, acompanha o dia comum de dois amigos e a sua interação com a paisagem urbana. O roteiro, também assinado por Ramos, encontra genuinidade nos diálogos triviais entre a dupla, que é vivida com naturalidade pelos atores Maria do Rio e Frank Kitzinger. Em meio ao calor da cidade, “Manaus Hot City” é um retrato acolhedor sobre cuidado e amizade.
Foto: Divulgação
A Mostra Competitiva de Curtas também conta com documentários, como o autorretrato experimental “Você Já Tentou Olhar nos Meus Olhos?”, do paranaense Tiago Felipe, feito com fotografias que exploram o corpo e a solidão. Narrado em primeira pessoa, “O Amigo do Meu Tio”, de Renato Turnes, resgata imagens de arquivo do pequeno Vicente e costura algumas memórias familiares do biografado, como a ligação dele, que se autodenomina uma “criança viada”, com amigo mais velho do tio.
“Uma Carta para o Meu Pai”, como o título indica, é uma mensagem da cineasta Aline Belfort endereçada para o seu pai, com quem teve desentendimentos após os resultados das eleições de 2018. Com um texto bastante íntimo, o filme emociona pelo relato honesto sobre medo, afastamento e a tentativa de reafirmar o senso de empatia.
Para fechar os curtas finalistas do Festival Mix Brasil, a cineasta Julia Leite propõe uma linguagem diferenciada e atrativa em “Acesso”. Através de imagens do Google Street View, a diretora mapeia alguns lugares emblemáticos da cidade de São Paulo de acordo com diferentes pessoas LGBT, que dão depoimentos e compartilham histórias de suas vivências. O filme é dedicado à memória particular e um interessante exercício reflexivo da relação humana com o espaço urbano e o concreto.
Como votar
O curta-metragem que recebe o Coelho de Ouro será definido pelo júri oficial composto nesta edição pela curadora e diretora artística Ana Arruda, pelo cineasta Nay Mendl e pelo ator e cineasta Victor Di Marco.
No entanto, é a votação popular quem define o filme vencedor do Prêmio do Público. Para votar, basta acessar a página do respectivo filme no site do Mix Brasil, preencher com nome e e-mail, e atribuir a sua cotação.
Os vencedores do 29ª Festival Mix Brasil serão revelados neste domingo, dia 21 de novembro.
Serviço
29º Festival Mix Brasil - 10 a 21 de novembro
Plataforma Sesc Digital - Mostra Competitiva de Curtas
Assista on-line: sescsp.org.br/festivalmixbrasil
* Elton Telles é jornalista, crítico de cinema e escreve para o CineSesc.