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Atos de Tradução

O Ciclo on-line "Atos de Tradução", realizado pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, de 25 a 29 de outubro, apresenta um panorama sobre a tradução em cinco áreas do conhecimento: Antropologia, Arte, Ciência, Psicanálise e Literatura. Atos de tradução tem curadoria de Bruno Siniscalchi e Maria Borba, do Instituto Comum (Brasil), e conta com a participação de artistas, acadêmicos e pesquisadores das áreas abordadas do Brasil, Estados Unidos, França e Reino Unido, surgindo como um ambiente para discussões e práticas acerca de uma problemática que hoje se coloca enquanto potência no debate contemporâneo: a tradução, em seu sentido ampliado.

Noção que tem sua origem no campo da literatura, a tradução pode ser estendida a outras práticas do conhecimento se reconhecida enquanto ato, movendo de forma experimental as delimitações do conceito. O ciclo propõe pensar atos de tradução de maneira próxima ao que o antropólogo Roy Wagner chama de “extensão analógica de conceitos”, que acontece quando, ao mergulhar nas especificidades de outros universos ontológicos, precisamos mobilizar nossos próprios conceitos para acessar outras formas do pensamento.

Reconhece enquanto atos de tradução experimentos internos da literatura, da poesia e dos estudos de tradução em que a forma com que se opera recursos da tradução interpela o próprio campo; a antropologia, quando pensada ela própria como um procedimento de tradução por diferenças; a ciência, quando entendida não como uma verdade que dá transparência ao mundo em que vivemos, mas sim como um acontecimento narrativo; a psicanálise, em seu modo de reconhecer formações do inconsciente via a diferença e como corpo estranho à linguagem, exigindo exercícios de tradução onde supõe-se a mesma língua; a arte - em suas possibilidades visuais, sonoras, textuais e cênicas – quando, por exemplo, os próprios meios, suportes e linguagens de certos trabalhos artísticos parecem eles mesmos se fazerem visíveis diante do espectador, ou quando algo de intraduzível se mantém sobre a obra, ou ainda quando próprio lugar de tradução, em seu cruzamento de linguagens ou de perspectivas sobre algo, se inscreve como lugar poético.

O ciclo se destina a pensar esses atos a fim de extrair, da maneira como cada um deles se vale da tradução enquanto ferramenta, um método próprio de se relacionar com a diferença e, nesse sentido, um método de criação.

Para conferir a programação completa, e realizar sua inscrição, é só acessar site do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.