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Nossa vida-casulo: a arte e a existência
MetaMorfoses – Casulos Humanos é o título da obra de Diana Gerbelli, uma das artistas que integram a exposição Experimento Paisagem, no Sesc São José dos Campos.
Numa performance intimista e com o melancólico tom que só um acordeão pode dar, Diana desvelou para o público seus casulos, e o público levou parte deles como lembranças: os véus em que estavam encobertos, junto de sementes. Como ela mesma diz, o momento é como um nascimento. Os objetos fazem alusão aos ciclos da vida.
Com pequenos rostos e feitos de materiais orgânicos como argila, fibras vegetais, plantas e sementes, os casulos sofrem a ação do tempo, assim como nós. “A ideia é que os rostos se desfaçam e de dentro deles brote uma semente. A intuito disso é uma continuidade, porque a vida é cíclica. A gente veio de algum lugar e vai pra algum lugar. Estamos sempre nos renovando, nos nossos próprios ciclos vitais, nas fases da vida, e também quando a gente morre e renasce, se desintegrando e se reintegrando à terra”, conta Diana.
Essa metamorfose, nas palavras dela, fala das nossas mudanças internas e externas. Os rostos de argila, expressivos, remetem aos sentimentos humanos. “Algumas pessoas me perguntaram porque eles têm rostos sofridos. Porque mudar é difícil. Muitas vezes é um processo dolorido.”
Durante a performance, a artista busca um conversa com aqueles que recebem os véus baseada nos gestos e olhares, pelos quais ela acredita que a conexão seja mais forte.
A ideia que se materializou na obra exposta nasceu enquanto a artista fazia um vaso de cerâmica, num torno. Um deles deu errado e quando eu fui reintegrar a argila, com a pressão das minhas mãos eu fiz essa forma que parece uma ogiva, que me lembrou casulo. E no mesmo instante, uma parte da pressão dos meus dedos marcados na argila me lembrou também um rosto.” Diana fez a relacão do vaso com a água, que ele carrega, e do vaso com um útero. Tanto a água como o útero estão relacionados com a vida e a partir disso ela foi percorrendo o caminho para criar os casulos, que ficam em exposição para que o público possa observá-los, tocá-los e, porque não, com eles se conectarem.
Por Sofia Calabria, editora web do Sesc São José dos Campos.