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A Barca traz festa e reza para o Sesc Pompeia
Nas culturas populares brasileiras, a reza é parte da festa. A fronteira que separa o momento sagrado do profano é percebida pelo som das vozes, corpos e instrumentos. Pensando nisso, o grupo paulistano A Barca apresenta dois espetáculos no Sesc Pompeia baseados nas viagens pelas comunidades do país, e nos aprendizados de cada uma delas: Tempo de Reza, no sábado (22/7), e Tempo de Festa, no domingo (23/7). A Eonline conversou com André Magalhães sobre esse projeto.
Pé na estrada!
Formada em 1998 por Marcelo Pretto, Ari Colares, Renata Amaral, Chico Saraiva, Lincoln Antonio, Letícia Madsen e André Magalhães, a banda A Barca nasceu do desejo e deslumbre pela música popular, pelo Brasil e o pó de suas estradas. As viagens foram tantas, que os artistas não conseguem assinalar alguma em especial. "De fato é no encontro que acontece a maior troca que não é somente musical, mas sim de vida", explica André Magalhães.
Uma das viagens, o projeto Turista Aprendiz, percorreu mais de 10.000 km, 9 estados e 30 comunidades em quase dois meses. Essa experiência rendeu o prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, cedido pelo IPHAN em 2011 na categoria Promoção e Comunicação. "Essa experiência rendeu muitos CDs e filmes que estão disponíveis num acervo virtual", completa Magalhães.
Processo antropofágico!
A Barca tem como referência as culturas populares brasileiras. (Foto: Thais Taverna)
A Barca faz das tradições brasileiras o alimento deste processo antropofágico que, não por acaso, tem referência em Mário de Andrade e suas missões de pesquisa folclórica: "Nossos discos e shows são sempre inspirados nestas vivências de campo, fundamental para conhecer de fato a cultura brasileira", explica Magalhães.
Por mergulharem por inteiro em cada comunidade, o grupo diz que sua música não "fala sobre" as culturas populares brasileiras, mas sim "fala com". Não só a música é levada em consideração para o processo criativo, mas todo o entorno presente nas vivências com os mestres, instrumentos, culinária, paisagem... "Traduzimos os cantos populares para nossa música e trazemos toda esta bagagem junto".
A Festa e a Reza!
"A festa não é a contradição da prece, mas sim um contraponto, uma outra maneira de louvar ao que é sagrado", comenta o músico. O repertório para ambas apresentações "Tempo de Reza" e "Tempo de Festa" é diverso para cada assunto, com ritmos como os cocos, carimbós, sambas, toadas de boi, pontos de jongo, cantos, ladainhas, tambores, pontos sagrados dos terreiros entre outros.
"São shows completamente distintos, que levará cantos e ritmos que estão cravados nos fundamentos da cultura brasileira. Nossa expectativa é que o publico, ao ouvir estas referencias musicais, procurem cada vez mais conhecer, pesquisar e quem sabe, despertar para ir também a campo para visitar a nossa tão rica cultura tradicional." completa.
Confira abaixo o vídeo do ensaio para a apresentação no Sesc Pompeia