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Entrevista: Bianca Gismonti

Duo GisBranco: Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco. Foto: Divulgação.
Duo GisBranco: Bianca Gismonti e Claudia Castelo Branco. Foto: Divulgação.

A tradição musical vem da família: Filha do compositor, multinstrumentista, cantor e arranjador brasileiro de música instrumental Egberto Gismonti, a pianista Bianca Gismonti faz 3 apresentações no Festival Sesc de Música de Câmara com o Duo GisBranco, composto por ela e pela pianista Claudia Castelo Branco.

As musicistas também  convidam o violoncelista Jaques Morelenbaum, para interpretar dois gigantes de nossa música: Villa-Lobos e Egberto Gismonti. As apresentações acontecem no Sesc Bom Retiro (24/11), Sesc São José dos Campos (26/11) e Sesc Campinas (27/11).

Na entrevista a seguir, Bianca fala de suas parcerias e da relação com a música.

Fale um pouco sobre o surgimento da parceria com a pianista Claudia Castelo Branco?
Conheci a Claudia durante o bacharelado em piano na UFRJ, em uma oficina de criação eletroacústica. Começamos a fazer arranjos para dois pianos para as matérias de música de câmara e piano popular e, após dois anos, nos animamos de estrear o duo GisBranco profissionalmente. Nosso primeiro show foi em março de 2005.

E a aproximação com Jaques Morelembaum no projeto GisBranco?
Conheço Jaques desde sempre, porque ele tocou com meu pai (Egberto Gismonti) durante muitos anos, tendo começado inclusive antes de eu nascer. Passei toda a infância escutando o seu cello, seus arranjos, e, ao mesmo tempo, convivendo com ele e com toda a família Morelenbaum (Paula, sua esposa, cantora e Dora, sua filha, cantora e pianista). Este projeto do GisBranco com ele me emociona e alegra profundamente.

Pra você, o que é ser compositora e intérprete?
Como compositora, me sinto traduzindo tudo o que vejo, penso, sinto, sonho e imagino em forma de música. A composição é a melhor tradução do que sou, em cada momento.
Como intérprete de outros compositores, costumo brincar que me sinto autora das músicas que toco, falando aquela história através do que sinto.
Acredito que tanto compositores como intérpretes são grandes (e fundamentais) criadores de esperança.

Como é o ambiente de música de câmara no Brasil, se comparado com outros países?
Desde que comecei na música, sempre estive envolvida em projetos autorais, por isso conheço pouco o ambiente de música de câmara, mas sinto que, no Brasil, os locais (e os ouvidos) estão se abrindo e renovando de forma profunda para esta formação.
Na Europa, a tradição da música camerística é muito antiga, tornando sua receptividade muito natural.

Como você vê a figura da mulher num meio predominantemente masculino e branco? Ainda é predominantemente masculino e branco?
Em todos os campos profissionais, as mulheres estão, há bastante tempo, buscando e conquistando seu espaço. Vejo claramente a presença feminina aumentar, assim como a de muitas raças distintas. Em música, felizmente, isso também tem acontecido e tem trazido novas e diferentes inspirações para a arte.

Pra terminar: O que você tem escutado ultimamente?
Tenho escuto muito Maria Schneider Orchestra (EUA), Tigran Hamasyan (Armênia), Hiromi (Japão), Maria João e Mário Laginha (Portugal) e Egberto Gismonti (Brasil). 

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A segunda edição do Festival Sesc de Música de Câmara acontece entre 22 de novembro e 4 de dezembro de 2016, em 11 Unidades do Sesc na capital, interior e litoral, além de espaços como a Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, no centro de São Paulo e o Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera. São 12 conjuntos convidados, 47 concertos e uma intervenção, mais de 120 intérpretes, em repertórios que vão do antigo ao contemporâneo, em abordagens inovadoras. Para conferir a programação completa, clique aqui.