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Foto: Ligia Jardim
Foto: Ligia Jardim

Um anúncio de jornal recruta pessoas para uma montagem cênica. A ideia era selecionar um elenco para Amadores, o mais recente espetáculo da Cia. Hiato, que agora estreia temporada no Sesc Santo André.

O desenrolar da seleção é reproduzido em cena: na entrevista de triagem, cada participante exibe suas especialidades e seus ‘objetos de arte’, gerando um compartilhamento de experiências pessoais que, no palco, questionam nossa relação com a arte e revelam histórias, desejos e falhas.

O discurso pessoal dos personagens – os atores amadores e também os integrantes da companhia - evidencia diferentes contextos socioculturais ao envolver questões raciais, de gênero, sexualidade, exclusão de classe e geográfica, entre outros. No palco, porém, instala-se uma espécie de diálogo cênico que remove (ou, pelo menos, confronta) as distinções entre artistas e artesãos, profissionais e amadores, cena e política.

Segundo o grupo, “o espetáculo é um relato poético, mas também um manifesto artístico. Uma galeria de retratos vivos. Um passeio por histórias e contextos que poderiam nos separar, mas que se aproximam em cena. Um evento que almeja o estabelecimento (ainda que só poético, porque tão distante da experiência real) de um palco sem divisões”.

Com Amadores, a Cia busca o retorno às experiências teatrais mais comuns, como os eventos comemorativos, festas, apresentações amadoras de fim de ano, entre outras, e as subverte colocando-as sobre o palco, num espaço de artes: “não se trata apenas de colocar em cena pessoas cuja relação com a experiência artística seja secundária ou cuja qualidade técnica seja limitada, mas sim dar voz àqueles que são marginalizados das artes (como público ou como profissionais). É também a possibilidade de colocar em cena pessoas para quem o palco é o seu trabalho e aquelas a quem o palco nunca foi ‘permitido”.