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Conhecer para valorizar, valorizar para proteger.
O Brasil é um país de uma notável diversidade cultural e natural. A história da formação do nosso povo é marcada pela miscigenação de diversos grupos étnicos, esses grupos formados por índios, negros, europeus e imigrantes de várias partes do globo são portadores de uma cultura ímpar.
Ao chegar ao Vale do Ribeira, na cidade de Registro, o Sesc logo percebeu se tratar de um lugar especial, pois aqui resistem comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, caiçaras, e de imigrantes, tendo como mais forte representante a colônia japonesa que chegou à região por volta de 1913.
Durante anos essas comunidades viveram da terra, inventaram seu próprio método de extrair dela o sustento e desenvolveram um modo peculiar de transmissão do conhecimento, de geração à geração, sempre em harmonia com o outro e com a natureza.
Conhecendo a grande responsabilidade de chegar a uma região com tamanha riqueza, com intuito de reconhecer a relevância dos saberes regionais e apoiar o fortalecimento da identidade cultural local, o Sesc Registro, por meio de sua programação, propõe atividades que buscam convidar a população para a celebrar seu patrimônio cultural.
Neste sentido surge uma série de oficinas de artesanato denominadas Ofícios do Vale, com artesãos e mestres da região que vêm ensinar um pouco da sua arte. Já tivemos a oficina de Trançados e Fibras de Miracatu, a de Trabalhos em Madeira de Iguape, a de Cerâmica de Apiaí e na edição de outubro adultos e crianças aprenderão a construir brinquedos tradicionais com artesãos da região do Vale do Ribeira.
O projeto Mosaico de Saberes: mostra de boas práticas e sustentabilidade, concebido pela Gerência de Educação para Sustentabilidade e Cidadania do Sesc, traz uma vez ao mês uma exposição dos mais variados itens, de produtores regionais que utilizam técnicas sustentáveis para sua produção. A intenção é criar um espaço para troca de experiências e estímulo a boas práticas socioambientais a fim de favorecer o intercâmbio de ideias e a reflexão sobre a importância da conservação do meio e da cultura local. A feira também contou com a participação de associações, ongs, e produtores de outras regiões do estado de São Paulo.
A cada edição do Mosaico de Saberes temos a oportunidade de ver de perto a diversidade e a qualidade dos produtos trazidos pelos expositores e compartilhar com eles experiências de cuidado com a natureza, para obter o que ela tem de melhor.
Chá da Obaatian
“Obaatian” é uma forma carinhosa de se dizer vovó em japonês, e não por acaso foi o nome escolhido para uma marca de chá preto artesanal produzida na cidade de Registro.
O sabor e aroma revelam o carinho e cuidado empregados em sua produção. A técnica que atravessa gerações, é herança da vovó Shimada. Nascida em 1927, trabalhou na lavoura de chá desde criança. Em 2014, inaugurou sua fábrica de chá, tendo ao seu lado sua filha, Terezinha Eiko. Juntas, colhem manualmente os brotos, que passam por um processo artesanal antes de serem embalados. O chá é revendido na região, e também em tradicionais casas de chá em São Paulo. Quem passou pelo Mosaico pôde experimentar o chá, e ainda se deliciar com os biscoitinhos sequilhos.
União e Trabalho – Cooperativas de Agricultura Familiar
Cooperar é operar em conjunto, colaborar, contribuir, auxiliar. Na região do Vale do Ribeira, as Cooperativas de agricultura familiar têm se mostrado uma saída inteligente e sustentável para o desenvolvimento local, a melhoria da qualidade de vida dos pequenos agricultores através da geração de trabalho e renda e para a manutenção desta atividade através da sucessão familiar. Através de esforço mútuo, os pequenos agricultores associados produzem uma variedade de gêneros alimentícios, como vegetais, legumes e frutas orgânicos, doces, pães e biscoitos, tendo como destaque a produção de palmito e banana. A produção é comercializada em toda região, e o principal mercado são as prefeituras municipais. COOPAFASB, COOPARR e Cooperativa Família do Vale.
Quilombos do Vale do Ribeira
Quilombo é uma comunidade negra rural habitada por descendentes de africanos escravizados, com laços de parentesco, que vivem da agricultura de subsistência, em terra doada, comprada ou ocupada há muitos séculos por seus antepassados, e que mantém suas tradições transmitidas de geração à geração. As comunidades quilombolas da região participaram do Mosaico de Saberes trazendo produtos orgânicos, pães e biscoitos, mel, biomassa de banana, artesanato elaborado a partir da palha da bananeira, de cipó, bijuteria criada a partir de sementes nativas, bolsas, bonecas e enfeites de pano. Conheça mais sobre as Comunidades Quilombolas no Vale do Ribeira: aqui.
Aflovar - Associação dos Produtores de Mudas, Flores e Plantas Ornamentais
O senhor Rubens Shumizu é engenheiro agrônomo, nascido em Registro, atual presidente do Conselho Municipal de Turismo de Registro. Junto com outros produtores da região criou a AFLOVAR – Associação dos Produtores de Mudas, Flores e Plantas Ornamentais do Vale do Ribeira na década de 80. Ele nos conta que sua paixão pela terra veio logo cedo, na época em que a família trabalhava na produção de chá preto. Quando o chá não gerava mais o lucro esperado, tentaram produzir legumes como pepino japonês e abobrinha italiana, mas foi na produção de flores e plantas ornamentais que ele encontrou um caminho para não ter que abandonar a terra.
Durante esse período, houve muitos altos e baixos e a busca por soluções para a sua dificuldade originou um projeto que hoje ajuda muitas famílias de produtores rurais a profissionalizar a produção, gerando renda e ajudando o produtor rural a permanecer no campo. E seus planos não param por aí, à frente do Conselho Municipal de Turismo, sua meta é a criação do Polo Turístico do Vale do Ribeira num esforço mútuo entre órgãos, entidades, instituições governamentais, de iniciativa privada e comunidade, para trazer mais turistas para conhecer essa região tão rica em patrimônio cultural e natural.
Sítio do Bello
Uvaia, grumixama, bacuri, buriti, biribá, umbu... O Brasil é um país com imensa diversidade de frutas típicas, mas boa parte delas não está disponível no mercado, por isso muitas dessas a gente nunca ouviu falar. A ideia do Sítio do Bello, fundado em 1999 pelo empresário Francisco Garcia, é demonstrar que é possível recuperar áreas degradadas através do plantio de árvores de frutas nativas, através de um empreendimento economicamente viável. No seu sítio, localizado em Paraibuna, foram plantadas mais de 50 espécies de frutas, que se transformam em sucos, polpas, geleias, sorvetes, balas e biscoitos. Quem passou pela edição de setembro do Mosaico, pôde experimentar essas delícias.
Amaranto Orgânicos
A Amaranto Orgânicos é uma cooperativa de trabalho e serviços, localizada em Sorocaba que articula a produção agrícola familiar de base ecológica com o consumo responsável.
Artesã Maria de Fátima Rodrigues, a Fafá
Durante todo o dia em que as peças da Fafá ficaram expostas na feira do Mosaico de Saberes, o que mais se viu foram os olhares encantados e curiosos do público. Não é para menos, a delicadeza e o refinamento do entalhe, demonstra o carinho, o cuidado e a técnica da artesã com sua matéria prima, a madeira. Há mais de 30 anos trabalhando com escultura em madeira, tem na natureza sua maior inspiração.
Cananéia Artes e Fibras
É um grupo de artesãs formadas pela maioria de mulheres e que nasceu com a intenção gerar renda e capacitar jovens e adultos. O grupo trabalha com artesanatos trançados em fibra de taboa, como alternativa para geração de renda e desenvolve trabalhos nas escolas com intuito de capacitar jovens. Saiba mais sobre estas artesãs: aqui.
DAI Artefatos em Junco
O junco planta nativa do Japão, chegou ao Vale do Ribeira na década de 30. Sua versatilidade permite a criação de vários produtos como esteiras, chinelos, almofadas, cortinas entre outros. Devido a sua cor neutra é muito apreciado na decoração de ambientes. A DAI Artefatos em Junco existe há mais de 20 anos.
Flor de Cabruêra
Fundada em 2007, a Flor de Cabruêra é uma iniciativa do Instituto Nova União da Arte (NUA), uma organização sem fins lucrativos implantada no bairro União de Vila Nova, na Zona Leste de São Paulo. A marca associa promoção social e reaproveitamento de resíduos. Através da habilidade e criatividade das suas costureiras e colaboradores, banners publicitários que seriam descartados transformam-se em lindas bolsas. As peças são exclusivas, e o melhor de tudo, amigas do meio ambiente.
ArboreSer
O Arboreser é um espaço agroecológico localizado na Zona Norte de São Paulo, que realiza encontros, debates, oficinas e palestras com o intuito de reconectar o ser humano com a natureza e despertar a consciência em relação ao papel de cada um para a preservação do meio em que vive. Para o Mosaico de Saberes eles trouxeram materiais de produção própria com o enfoque da agricultura urbana, como mudas orgânicas, PANCs (plantas alimentícias não convencionais), composto orgânico, sementes, biofertilizantes, composteira doméstica e camisetas com gravuras criadas a partir de desenhos de PANCs. Além disso, eles também ministraram oficinas para ensinar as pessoas a criarem sua própria composteira doméstica, e como identificar e preparar as PANCs.
Projeto Novo e Velho Jeans – IDESC
Mulheres fortes, criativas e unidas para desfazer a condição de vulnerabilidade social vivenciada nas periferias da cidade de Registro. Esse é o objetivo do projeto “Novo Velho Jeans” desenvolvido pelo Instituto para o Desenvolvimento Sustentável e Cidadania do Vale do Ribeira (IDESC) com o apoio do Instituto Lojas Renner que também busca incentivar a organização produtiva, o consumo responsável e o comércio solidário e justo.
Assim essas mulheres utilizam tecidos, principalmente jeans, que são descartados pela indústria têxtil para a criação de bolsas, acessórios e o que mais a criatividade mandar. Saiba mais no site do IDESC.
Venha conhecer o Mosaico de Saberes, a próxima edição será nos dias 29 e 30 de outubro, a partir das 12h!