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A metalinguagem em diversas linguagens
O filme Zoom, primeiro longa metragem solo do diretor Pedro Morelli foi lançado no Brasil em março e impactou pelo seu formato pouco convencional.
Foi filmado em inglês e português e mistura animação em rotoscopia (processo em que se desenha a partir da imagem filmada do ator) com live-action de um multiplot de três histórias paralelas.
Trata-se de uma comédia sarcástica, com uma trilha sonora riquíssima e que conta a história de três artistas: Edward (Gael García Bernal), um vaidoso diretor de cinema que precisa refilmar o final de um longa contra sua vontade e de repente começa a ter problemas sexuais. Michelle (Mariana Ximenes), modelo brasileira que deixa o namorado e a carreira nos Estados Unidos para voltar ao seu país e escrever um livro. E Emma (Alison Pill), que, desesperada para retirar seus implantes de silicone, recorre a meios duvidosos para ganhar um dinheiro extra.
Confira o trailer oficial:
No sábado, 17 de setembro, o diretor participa do Cine Debate no Centro de Pesquisa e Formação. Mas antes, ele bateu um papo sobre a concepção desse projeto.
EOnline: Como nasceu o projeto do filme?
Pedro Morelli: Fui convidado pelo produtor canadense Niv Fichman para criar um projeto que fosse original e criativo. Ele estava chamando diretores estreantes para projetos inovadores, e me convidou, quando eu tinha apenas 23 anos.
EOnline: Como você conseguiu manter a linearidade entre as histórias?
Pedro Morelli: Esse foi o principal desafio, ao longo dos 5 anos de roteiro. As histórias se conectam e se influenciam sem parar. Cada uma tem sua lógica interna, ao mesmo tempo que se conectam com uma temática geral.
EOnline: De onde veio a ideia de utilizar Rotoscopia no filme?
Pedro Morelli: A principal inspiração foi Waking Life. Usamos uma técnica parecida, mas mais focada em um desenho gestual, que se assemelhe ao traço à mão de uma história em quadrinhos.
Como uma das histórias se passa dentro de uma história em quadrinhos, fazia todo sentido que ela fosse realizada em animação.
EOnline: David Bowie assistiu ao filme e acabou liberando uma música para que fosse utilizada na trilha sonora. Como foi esse processo?
Pedro Morelli: Foi a parte mais gratificante do projeto até hoje. Estávamos perto da mixagem do filme, tentando comprar os direitos da música 'Oh You Pretty Things', do Bowie. Mas a gravadora não estava liberando pela grana que a produção tinha. Até que o filme foi enviado para o próprio David Bowie, que assistiu, gostou e mandou liberar os direitos!
EOnline: Após a boa repercussão do filme, você acredita que as expectativas sobre seu novo trabalho serão maiores? E tu já tens um novo projeto em mente?
Pedro Morelli: Expectativas maiores me empolgam ainda mais! Estou sondando alguns trabalhos, mas não tenho nada definido ainda.
EOnline: E o qual seu recado para aqueles que ainda não assistiram ao filme, e que tem interesse de participar desse cine debate?
Pedro Morelli: O projeto sempre teve como briefing ser o mais criativo possível. Misturei linguagens e estéticas, numa história metalinguística e pop sobre nossa sociedade contemporânea mergulhada na superficialidade em busca de padrões de beleza. Quem quiser ver como tudo isso virou um filme, chega mais no sábado!
* Pedro Morelli é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Em 2009, e complementou sua formação no Maine Media College.
Codirigiu o longa Entre Nós (2014), vencedor de três prêmios no Festival de Cinema do Rio, e dirigiu a série de televisão Contos do Edgar, que foi ao ar pela FOX no Br.