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Por que nem todos os dias são dias de sol?

Como se não bastassem os perigos reais da nossa rotina, as crianças ainda tem que se deparar com um mundo imaginário cheio de ameaças, surpresas de todos os tipos e situações aterrorizantes que a razão não consegue deter.

As fantasias servem para explicar os mistérios desse mundo e também fazem com que, por meio delas, as crianças conheçam e enfrentem os próprios medos para finalmente amadurecer. Esse processo foi o mote para a Artesanal Cia de Teatro criar o espetáculo Por que nem todos os dias são dias de sol?, em cartaz até o dia 12/06, no Sesc Pompeia

Depois de uma pesquisa intensa com trinta crianças de várias idades, grupos sociais e etnias diferentes sobre questões ligadas à vida, à morte e ao medo, o grupo usou todo o material gravado em vídeo como matéria prima para produzir a peça. As entrevistas foram tão ricas, que estimularam as lembranças dos próprios atores em cena. “A história da velha, por exemplo, foi vivida por um dos atores do grupo”, conta o diretor Gustavo Bicalho.

O espetáculo foi construído ao longo de quase dois anos. O resultado é uma peça que trata a criança com respeito e inteligência. Divida em quatro contos, a história é narrada por meio do olhar infantil e fala sobre a experiência de amadurecer: da necessidade de enfrentar os próprios medos e resignificar a própria memória. Assim, o garotinho que tem medo da velha bruxa pode, num ato heroico, descobrir que ela não passa de um ser humano sozinho (e igual a ele). Ou, a menina curiosa descobrir que não vai engravidar porque engoliu uma semente.

Usando bonecos, projeções, máscaras, música e diferentes tipos de linguagens, a companhia carioca, que completa 21 anos, mergulha no universo infantil para tratar de maneira simples e poética a superação de si. Para Bicalho, “o tema é tão universal que todos se identificam com as histórias narradas, independente da idade”. Talvez, esse seja o segredo da peça que encanta pais e filhos igualmente. Uma história sensível e delicada que nos faz recuperar a criança que existe em cada um de nós e enfrentar esse mundo cada vez mais sombrio.