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Corpo e Expressão
Dia do Desafio

Pela sétima vez consecutiva, o Dia do Desafio mobiliza comunidades do mundo todo em torno da atividade física. Brincadeiras, jogos e práticas esportivas agitaram o dia que sensibilizou a população para a saúde e o bem-estar

O sedentarismo já é reconhecido mundialmente como um verdadeiro inimigo público da saúde. Não praticar nenhum tipo de atividade física insere as pessoas num grupo de risco tão ou mais perigoso que o dos tabagistas (pessoas que fumam), dos hipertensos (que têm pressão alta) ou dos obesos. Esse é um dos motivos pelos quais o Sesc São Paulo realiza, há sete anos, o Dia do Desafio, um evento que mobiliza comunidades do mundo todo em torno da importância de manter o corpo sempre o movimento.
A idéia nasceu no Canadá, em 1983, concebida por uma instituição chamada ParticipAction. O sucesso do projeto acabou motivando a Tafisa (Trim & Fitness International Sport For All Association), uma entidade esportiva ligada ao governo da Alemanha, a espalhar a idéia pelo mundo. Em 1995, o Sesc entrou no circuito e a partir de 1997 passou a coordenar o Dia do Desafio em todo o Brasil e ainda na América Central e do Sul. A estratégia é atrair cada vez mais adeptos por meio de atividades lúdicas que "invadem" as ruas das cidades e transformam praças, parques e até estações de metrô em verdadeiros centros de atividades físicas. Sempre de olho nos limites e necessidades de cada um, mas sem abrir mão do compromisso maior de qualquer prática física: melhoria de qualidade de vida e bem-estar. Para que o evento tivesse uma motivação maior, além de uma simples prática de exercícios, ficou estabelecido que haveria também uma competição: duas cidades do mesmo porte, mesmo apartadas por milhares de quilômetros, comparariam seus resultados. A "vencedora" seria aquela que apresentasse o maior percentual de participação em relação ao número de habitantes. Mas a "competição" é mero pretexto para que todos dediquem alguns minutos do seu dia à atividade física. E, mais importante, para que as pessoas se conscientizem de que se isso deve se repetir diariamente. Afinal, o principal objetivo é inserir a atividade física na agenda diária das pessoas.

Entusiasmo crescente
A mobilização para o Dia do Desafio tem contagiado cada vez mais cidades do Brasil e do mundo. Quando o programa começou, em 1995, foram 35 cidades inscritas entre Brasil, América Latina e Central. Hoje, sete anos depois, esse número pulou para 922. Quase 20 milhões de pessoas toparam o "desafio" de uma vida saudável. Mesmo a sempre atribulada São Paulo participou com 26% de sua população (veja mais números no box). "O conceito do Dia do Desafio está a cada ano mais difundido, determinado pela adesão cada vez maior no número de participantes", analisa José Roberto Ramos, da Gerência de Desenvolvimento Físico Esportivo (GDFE) do Sesc São Paulo. "Ele é considerado um elemento a mais de estímulo para a prática de atividade física." O importante a salientar é que o Dia do Desafio faz parte de um programa bem mais amplo do Sesc que se evidencia no dia-a-dia de cada uma de suas unidades: a promoção da saúde. "Hábitos saudáveis estão diretamente ligados à consciência de que através das atividades físicas interferimos em nossa saúde, bem-estar e conseqüente qualidade de vida", salienta José Roberto. Porém, segundo ele, ter conhecimento dos benefícios que o exercício físico proporciona não é suficiente para se adquirirem hábitos saudáveis. "Existem outros componentes também fundamentais para aqueles que iniciam um programa de exercícios físicos: a educação para a correta prática de exercícios físicos e o prazer que ela proporciona."

Mais simples do que parece
Não é assim tão sofrido um indivíduo deixar de ser sedentário. Uma pessoa que pratica atividade física durante trinta minutos diários já passa a ter uma postura ativa. "Com trinta minutos diários, ela deixou de ser sedentária", retoma José Roberto. "É muito importante, porém, que a intensidade dessa atividade seja definida a partir do objetivo de cada um." Um dos exercícios mais democráticos e mais acessíveis à maioria das pessoas é a caminhada. Aquela mesma que podemos fazer até o colégio, até o trabalho ou a padaria. "A caminhada requer poucos recursos e possibilita que cada um a faça no seu ritmo, em diferentes locais." Uma das grandes mensagens passadas ano após ano com os projetos esportivos do Sesc, e intensificada no Dia do Desafio, é que todas as atividades ligadas ao movimento, se realizadas diariamente, contribuem para a nossa saúde. "A partir daí, destacamos a importância da mudança de comportamento, intensificando de alguma maneira essas atividades, substituindo elevadores por escadas, carro por caminhadas etc." Sempre lembrando, porém, que é muito importante praticarmos atividades físicas a partir de nossos objetivos. Essas atividades cotidianas citadas contribuem para a melhoria da saúde, porém necessitam ser programadas de acordo com as condições físicas de cada indivíduo. "Às vezes confundimos esse conceito e achamos que caminhar um pouco por dia é suficiente para, por exemplo, perder aqueles quilinhos a mais", lembra José Roberto. Aliás, a relação entre estética e as práticas físicas merece atenção especial. O técnico da GDFE analisa que a melhoria da aparência é uma conseqüência advinda da prática de atividade e representa um importante estímulo para os praticantes. Porém, não deve ser o único valor a ser destacado, pois aspectos ligados à melhoria da saúde, à inclusão social, ao desenvolvimento da cultura corporal e do desenvolvimento profissional também merecem destaque nesse cenário. O ideal é lançar mão da atividade física para conseguir uma melhoria significativa na qualidade de vida, e se com isso ainda conseguirmos uma melhor estética, melhor. "Neste caso, um programa de caminhada planejado com o objetivo de queimar gordura poderá ter sucesso", aconselha José Roberto. "Sempre com orientação".


A edição 2001 - O Dia do Desafio deste ano teve até "enterro" da preguiça

O primeiro Dia do Desafio do século superou as expectativas e provou que já é um dos grandes estímulos à prática de atividade física com o qual cidades do mundo inteiro podem contar. É só checar os números: foram 922 cidades de 23 países (crescimento de 125% em relação a 2000); 19.007.476 participantes; 350 municípios só no estado de São Paulo. Mesmo estando claro o objetivo do Sesc em conscientizar a população que atividade física pode ser praticada normalmente no dia-a-dia, o bom humor e fator inusitado não faltaram mais uma vez. Uma caminhada até o cemitério da cidade de Tapiraí, interior de São Paulo, terminou com o simbólico "enterro da preguiça". Em tempos de "apagão", a cidade de Itararé promoveu um jogo de futsal "à luz de velas" entre os poderes legislativo e judiciário.