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Rock sem Pose
Uma das bandas ícones do rock alternativo dos anos 90, Sebadoh se apresenta pela primeira vez no Brasil
Em 2010, Lou Barlow, baixista da banda Dinosaur Jr., aproveitou a passagem de sua banda por São Paulo para marcar uma aparesentação solo, na galeria Soma. O que era para ser um show intimista, voz e violão, lotou e nos pedidos de músicas dos fãs acabou virando quase uma celebração ao Sebadoh, banda que Lou é um dos fundadores e foi um dos expoentes da era pós-grunge. Agora, mais de 25 anos depois de seu início, os brasileiros finalmente terão a oportunidade de ver a banda ao vivo, no palco do Sesc Pompeia, nos dias 20 e 21 de abril.
Apresentação do Sebadoh, gravada em 2013 em Seatlle, nos estúdios da KEXP, rádio americana ligada a Universidade de Washington |
O que começou como um simples projeto paralelo em que Barlow e Eric Gaffney, bateirista e vocalista, gravavam músicas e trocavam fitas cassetes entre si, ficou sério após a expulsão de Barlow do Dinosaur Jr. - voltaria à banda mais de 15 anos depois - e a entrada de Jason Loewestein. Seus primeiros discos, registros caóticos em gravadores quatro-faixas, com uma alternância de estilos nas composições e interpretações de seus três membros/compositores de forma quase esquizofrência, cavaram um lugar para o Sebadoh na cena alternativa americana do começo dos 90.
A saída de Gaffney após o álbum Bubble and scrape (1992) acabou servindo para solidificar ainda mais o som da banda, com gravações mais próximas da sonoridade e dos arranjos dos shows e o repertório variando entre as melodias tristes e sentidas de Barlow e os momentos de angústia e raiva de Loewenstein. Bakesale (1994) e Harmacy (1996) construíram o esboço de um sucesso que não viria. Banda reconhecida por fãs e músicos, o Sebadoh não conquistaria o mainstream como ocorreu com outros contemporâneos. Gravaram apenas mais um disco – The sebadoh, de 1999 – antes de entrar em hiato para se dedicar a outros projetos. Acabou sendo um longo período e apesar de shows esporádicos, foi apenas em 2012 que o Sebadoh retornou às gravações com o EP Secret, que antecedeu o álbum Defend yourself, de 2013.
I will, música que abre o álbum Defend yourself (2013) |
O som do Sebadoh é um típico fruto da época. A simplicidade das composições e arranjos escondem uma riqueza melódica única. Embora sejam visíveis aspectos de outros nomes e bandas da época e de logo antes – Bob Mould e seu Husker Dü e o próprio J. Mascis do Dinosaur Jr. são nomes que saltam à vista - o Sebadoh ganha destaque e personalidade por causa de seus integrantes e de como compõem.
Rosto mais conhecido do Sebadoh, Lou Barlow nunca se ocultou em sua música ou declarações, nunca criou poses ou personagens. Se as letras exploram aspectos de sua vida, chama a atenção a forma até cândida em que abre questões pessoais – tanto da vida afetiva quanto profissional, como sobre a relação com J. Mascis, do Dinosaur Jr, sobre sua saída da banda e o posterior retorno.
Essa exposição pessoal de sentimentos talvez seja o grande tempero do Sebadoh. Tristeza, angústia e alegria combinam com barulho, com extravazar. Talvez seja na forma de compor e tocar de seus membros que esteja a grande linha condutora do Sebadoh. Apesar da história até mesmo conturbada da banda, permeada por mudanças na formação e pausas, com diferentes fases e tipos de composição, estilos de gravar e arranjos musicais, o Sebadoh não é visto por quem está de fora como um projeto paralelo com idas e vindas, mas sim como uma banda em que suas variações e pausas estranhamente fazem parte de sua coesão. É uma história construída em cima dos diferentes momentos vividos por seus integrantes, em que o presente tem influência direta em como e no que tocam. E é o retrato do momento atual que finalmente assistiremos nos palcos brasileiros.
o que: | Sebadoh |
quando: | 20 e 21/04. Domingo e Segunda, 19h |
onde: |
Sesc Pompeia | Rua Clélia, 93 | 3871-7700 |
ingressos: |
R$ 8,00 - Comerciário: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes |