Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

“A Violação de Lucrécia”: um raro poema de Shakespeare no Teatro Paulo Autran

A intérprete Camille O’Sullivan é acompanhada em cena por composições executadas ao vivo
A intérprete Camille O’Sullivan é acompanhada em cena por composições executadas ao vivo

No mês em que são completados 450 anos de nascimento de William Shakespeare, o Sesc Pinheiros recebe entre 11 e 13/4 (sexta a domingo) “The Rape of Lucrece” (ou “A Violação de Lucrécia”, em livre tradução), texto do poeta e dramaturgo inglês raramente levado aos palcos. Escrito em 1594, o poema conta a tragédia de uma dama que é violentada por Sexto Tarquinio, filho do imperador de Roma, e, envergonhada, comete suicídio em frente ao marido após lhe confessar a sua desonra.



Fotos: Keith Pattison


Encenado pela Royal Shakespeare Company – a mais tradicional companhia de teatro britânica –, o drama é narrado e cantado pela intérprete irlandesa Camille O’Sullivan, atriz e cantora que vive os dois extremos do drama ao se revezar nos papeis de Lucrécia e Tarquinio. Acompanhada em cena por composições originais executadas ao vivo pelo pianista inglês Feargal Murray, ela transforma em narração a história do poema e em canção as falas dos personagens.



“A Violação de Lucrécia” estreou em 2012 no Festival Internacional de Edimburgo, maior festival de artes do planeta, realizado anualmente na Escócia. “Sempre gostei desse texto; acredito que ele traga o melhor da obra de Shakespeare. Quando vi Camille se apresentar num show do festival em 2008, tive um estalo. Fiquei convencida de que seu canto e seu potencial narrativo, que era sombrio, sexual, estranho e político, funcionariam bem com o poema”, comentou a diretora Elizabeth Freestone na ocasião da estreia. Após excursionar pela Europa, o espetáculo chega ao Brasil em breve turnê: foram duas apresentações na Mostra do Festival de Curitiba, somadas às três no Sesc Pinheiros.

A seguir, saiba mais sobre a companhia e os artistas envolvidos em “A Violação de Lucrécia”:

Royal Shakespeare Company
Uma das companhias de teatro mais tradicionais da Europa (sua origem remonta à Inglaterra do século XIX), a Royal Shakespeare Company tem por objetivo conectar o público às obras de William Shakespeare. Há cinco décadas sediada em Stratford-upon-Avon, cidade onde o poeta e dramaturgo inglês nasceu, a companhia se apresenta regularmente em Londres, em turnês pelo Reino Unido e mundo afora, notabilizando-se por apresentar abordagens contemporâneas da obra shakespeariana. Revelou diversos talentos ao longo de sua trajetória, entre eles Vivien Leigh, celebrizada no papel de Scarlett O’Hara em “...E o Vento Levou”, e Sir Laurence Olivier, aclamado intérprete de Shakespeare e considerado pela crítica especializada um dos mais importantes atores de todos os tempos.

Camille O’Sullivan
A carreira musical de Camille começou em 1999, quando sofreu um grave acidente de carro e, durante a recuperação, decidiu dedicar-se a uma antiga paixão: a performance. Sua reputação internacional se deve a interpretações de canções de artistas como Nick Cave, Jacques Brel e Tom Waits, e por experiências no cinema e teatro, entre as quais se destacam os filmes “On the Edge” (2001) e “Mrs. Henderson Presents” (2005), além dos espetáculos “The Lulu House” (2011, Dublin Theatre Festival) e “A Violação de Lucrécia”. Por este trabalho, a artista recebeu em 2012 o Herald Angel, premiação de destaque do Festival de Edimburgo (Escócia). Recentemente, Camille foi escolhida por Yoko Ono para estrelar com Sean Lennon e Patti Smith o concerto Double Fantasy Live, com repertório do último álbum lançado por John Lennon ao lado da parceira.

Feargal Murray
Formado na Universidade de Edimburgo e no Goldsmith’s College London, Murray é colaborador de longa data de Camille O’Sullivan, de quem produziu todos os álbuns. Atuou também com artistas como Phil Coulter, Moya Brennan, Brendan Graham, Celtic Woman, Jimmy MacCarthy e Julie Feeney, apresentando-se em casas aclamadas como o Carnegie Hall, Radio City Music Hall e Royal Albert Hall.

Elizabeth Freestone
Entre seus trabalhos para a Royal Shakespeare Company estão “A Violação de Lucrécia”, “A Tragédia de Thomas Hobbes” e “A Comédia dos Erros”. Em sua bagagem profissional também constam longa parceria com o National Theatre Studio – em experiências como diretora e artista residente para o desenvolvimento de novos projetos – e com diversas outras casas relevantes de Londres, como o Hampstead, o Soho e o Royal Court. Atualmente é diretora artística da Pentabus Theatre Company, na qual desenvolve projetos de formação cênica e produz novos espetáculos.