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Coragem grande é poder dizer Sim
Celso Sim lança "Tremor Essencial" no Teatro do Sesc Pompeia; sem receios nem paredes, o cantor, compositor, produtor e artista multifacetado, não se limita a um estilo musical, a uma linguagem artística ou a poucas parcerias
"Arte é risco, assim como a vida; riscos diferentes, mas tudo é muito perigoso. Eu gosto de correr riscos na vida e na arte, por isso procuro parceiros, no intuito de multiplicar os riscos e os gozos", afirma o cantor e ator Celso Sim em entrevista concedida ao Sesc Pompeia.
Transitando principalmente entre a música e o teatro, Sim carrega um histórico de parcerias firmadas com José Miguel Wisnik, Zé Celso, Arthur Nestrovski, Luiz Tatit, Arrigo Barnabé e outros artistas de renome. Para ele, a troca de experiências com profissionais e amigos é frutífera, bem como o diálogo entre as várias linguagens permeadas pela arte.
No caso, por exemplo, da presença do teatro na música, o entrevistado ressalta os benefícios dessa união citando o nome de músicos, como Wisnik e Tatit, que "valorizam exatamente a capacidade de interpretação dos instrumentistas e cantores, em direção ao minimalismo de João Gilberto ou ao expressionismo interpretativo que as obras de Arrigo Barnabé exigem de um músico".
Por sua vez, o enriquecimento que a música traz ao teatro é exemplificado por Sim com as trilhas sonoras originais das peças do Teatro Oficina, que, para ele, são "uma pista do que realmente poderá vir a ser o teatro musical brasileiro, quando se desvencilhar destas franquias do teatro musical norte-americano ou parar de fingir que roteirizando a vida de cantores e compositores brasileiros mortos, estamos fazendo um teatro musical".
A trajetória profissional de Sim, entretanto, não se restringe ao teatro e à música. Explorando outros campos, ele desenvolveu com o ilustrador e arquiteto Andrés Sandoval um projeto de desenho animado, história e educação para crianças e jovens. Também nas artes visuais, criou em parceria com a arquiteta Anna Ferrari a obra Penetrável Genet/Experiência Araçá, integrante da X Bienal de Arquitetura de São Paulo.
Quanto ao que fará mais adiante, o entrevistado conta: "Depois de lançar o Tremor Essencial, disco de compositor, quero gravar um novo, de intérprete, com direção artística de Zé Miguel Wisnik e produção de Alê Siqueira; também pretendo gravar um CD com Elza Soares e Wisnik".
Fora os planos de se concentrar com a gravação de novos álbuns, Sim fala sobre o projeto de teatro musical que vem desenvolvendo com as atrizes Regina Braga e Bel Teixeira. Outra novidade é a remontagem de uma performance da qual participou em 2004 em "anti-comemoração" dos 50 anos do golpe civil-militar.
Justificando a sua disponibilidade de atuar simultaneamente em diversas áreas, ele diz: "Como não sou assalariado nem rico, preciso trabalhar em muitas frentes, costas, lados, retaguardas e vanguardas. Além de tudo, sou produtor e artista, produzo a maior parte dos trabalhos que faço, não sei me dedicar apenas aos ensaios de lançamento do novo CD e não pensar na iluminação, nos custos, e mesmo nos novos projetos".
O público que estará presente nas noites de lançamento do disco Tremor Essencial, no Sesc Pompeia, poderá esperar um repertório com sonoridade rock'n roll, recheado de atitude, violência, humor e amor. Acompanhado por guitarras, baterias e baixos potentes, Sim caminhará da balada pop ao ijexá, da morna cabo-verdiana ao tecnobrega e da canção de ninar ao funk.