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Qualidade premiada

Reynaldo André Brandt. Foto: Wilson Correia de Amorim

ONG americana aprova o Hospital Albert Einstein com nota 10

O Brasil é um país de contrastes. Por esse motivo não há o que estranhar no fato de uma casa de saúde paulistana, o Hospital Israelita Albert Einstein, ter sido classificada oficialmente, segundo avaliação realizada em dezembro de 1999 pela Joint Commission on Accreditation of Healthfare Organizations (JCAHO), uma ONG norte-americana, como "um dos melhores e mais modernos hospitais do mundo".

Fundado em 1971, o Einstein já se tornou conhecido pela atualização constante de suas instalações e pelo uso de tecnologia de ponta. Na última década juntaram-se a essas características esforços que visavam a melhoria dos recursos humanos, com foco no atendimento ao cliente.

Segundo o presidente da instituição, Reynaldo André Brandt, a administração vem procurando, nos últimos quatro anos, adotar critérios claros de mensuração, avaliação e melhoria de qualidade, com padrões extremamente rígidos. O resultado aí está: submetido a uma avaliação de 365 itens – dos quais muitos são eliminatórios – o Albert Einstein foi aprovado com nota 10, perfazendo um total de 354 itens. É o primeiro hospital do mundo, fora dos Estados Unidos, a obter essa acreditação.

A constante atualização soma-se à preocupação de estabelecer o que hoje é conhecido como "uma medicina baseada na evidência", isto é, organização de protocolos em programas computadorizados que podem a qualquer momento ser consultados pelo corpo clínico.

Quanto aos equipamentos, basta dizer que o hospital possui um dos 70 Ultrafast CT existentes no mundo, que permite avaliar precocemente o risco de infarto e reduzir a possibilidade de morte súbita.

O Albert Einstein preocupou-se em adotar também um Programa de Humanização do Atendimento Hospitalar. O objetivo foi diminuir o estresse da hospitalização, criando espaços culturais para concertos e exposições de arte. E com opções permanentes de treinamento, num esforço de educação continuada para os funcionários.

Público x privado

A honrosa classificação do Albert Einstein traz à tona a questão da lamentável situação da medicina no Brasil. O problema é complexo e não pode ser resolvido sem uma política que realmente estabeleça como prioridades nacionais a saúde e a educação – o que está longe de acontecer no país. Mas a situação de calamidade em que está atualmente o Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser revertida. Na memória das gerações mais antigas persiste a lembrança de outros tempos, outra política de saúde. E também de ensino. As vagas das escolas públicas eram disputadíssimas, como também eram conhecidos os padrões de excelência hospitalar, principalmente dos hospitais universitários.

Simultaneamente, a própria história hospitalar no país mostra como a tradição da instituição particular, na maioria das vezes beneficente, se estabeleceu. De meados do século 16 até o século 19, as Santas Casas foram criadas exclusivamente para atendimento à população mais pobre. Os ricos tratavam-se em casa. No século 19, com as correntes migratórias provenientes da Europa e mais tarde também da Ásia, os primeiros hospitais ligados a colônias estrangeiras surgiram, como a Beneficência Portuguesa, o Hospital Italiano, o Alemão (Oswaldo Cruz).

Até a década de 40 a saúde não foi preocupação do governo. Somente na época de Getúlio Vargas, com a política social adotada, começaram a surgir os hospitais públicos, ligados em geral a entidades de classe, mais tarde unificados como INPS, e na década de 80 como SUS.

Segundo Reynaldo Brandt, o orçamento da saúde em países que adotam a medicina socializada, como Inglaterra e Japão, apresenta cifras de 8% a 12% do PIB. Nos Estados Unidos, a proporção é de 14% do PIB. No Brasil, apenas 5% do PIB. A seu ver, os dois sistemas de saúde, o público e o privado, podem perfeitamente continuar a existir, complementando-se, com vantagem para a população.

Atualmente o governo já está contratando serviços de hospitais privados. Com o grande avanço tecnológico, a medicina está ficando realmente cada vez mais cara. Mas as instituições públicas poderiam começar por implantar sistemas de avaliação do desempenho de seus profissionais.

O presidente do Albert Einstein lembra que nos Estados Unidos, em 1908, houve uma rigorosa avaliação das deficiências do sistema de saúde, o que implicou o fechamento de grande número de hospitais e a implantação de critérios organizacionais que resultaram na alta qualidade de hoje. Uma receita para o Brasil.

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