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Mancha sombria nos bananais

Pesquisadores e produtores rurais enfrentam um novo inimigo, a sigatoka negra

MIGUEL NÍTOLO


Folha atingida pelo fungo / Foto: Divulgação

Primeiro, o verde fulgurante, que confere tonalidade vistosa às folhas, perde a intensidade e se esvai de um jeito até então nunca visto. Depois, se nada for feito, o mal se alastra, toma conta da copa da bananeira e compromete fortemente a qualidade do fruto. "O ataque começa pelas folhas mais novas e evolui para as mais velhas, provocando o surgimento de estrias marrons e manchas negras necróticas, sintomas típicos que reduzem os tecidos fotossintetizantes e, por conta disso, colocam na descendente o rendimento bruto das plantações", esclarece o engenheiro agrônomo Eduardo Nogueira, pesquisador científico do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico de São Paulo (IB), uma das entidades responsáveis pelo diagnóstico do mal que, impassível, avança sem medida sobre a banana nacional, especialmente as variedades do tipo prata, maçã, nanica e nanicão, e as do subgrupo terra (aquelas consumidas após a cocção, como a banana-d’angola e a banana-da-terra). Em questão de três a quatro semanas após o florescimento, as folhas atacadas morrem, a maturação dos frutos se torna irregular e eles param de se desenvolver, ficam pequenos e desiguais, com o quê, compreensivelmente, deixam de ser aceitos para comercialização. "São os sinais de uma doença que representa um risco muito alto para a bananicultura, principalmente porque as variedades mais suscetíveis ao mal também são as mais comercializadas", adverte Nogueira. Nada do que se viu até agora no campo de ação das moléstias que comprometem a qualidade da banana se parece com a sanha da sigatoka negra, que está atacando os bananais do Brasil, como faz em plantações de outras partes do planeta. Atrás dessa ocorrência funesta está o fungo Mycosphaerella fijiensis, o responsável pela doença. Detectado em território brasileiro em 1998, ele iniciou uma indesejável caminhada pelos municípios de Tabatinga e Benjamin Constant, no Amazonas, e, solerte, tomou a direção de regiões mais prósperas do país.

Em linhas gerais, os sintomas da sigatoka negra variam em função do estágio de desenvolvimento da planta, da suscetibilidade do cultivar e da severidade do ataque. Por essa razão, como ensinam os profissionais do ramo, os bananicultores devem se colocar em prontidão assim que notarem o surgimento de pequenas descolorações ou pontos despigmentados menores que 1 milímetro, visíveis, apesar de seu tamanho reduzido, na parte inferior da folha. Parece pouco e os desavisados podem não atinar que aqueles pontinhos aparentemente inofensivos são o prenúncio da sigatoka negra. É simples conferir: se depois dessas primeiras insinuações aparecerem estrias de coloração marrom-clara, que se alongam e ganham visibilidade nas duas faces da folha, e, a seguir, manchas ovais amarronzadas na face inferior da folha e negras na superior, o diagnóstico fica claro. Logo após despontarão manchas negras com pequenos halos amarelos e centro deprimido e, por fim, máculas com centro deprimido e de coloração branco-acinzentada que, curiosamente, se unem justamente nos períodos favoráveis ao desenvolvimento do fungo. O coalescimento das manchas dará ao limbo foliar uma coloração geral próxima à negra, do que deriva o nome da doença. E o estrago está feito.

O Mycosphaerella fijiensis foi observado pela primeira vez em 1963, em Sigatoka, nas ilhas Fiji, no Pacífico Sul, e dali se espalhou pelo mundo levando prejuízo a bananais em locais tradicionalmente produtores da África, Ásia e Américas, especialmente a Central, de onde veio o microrganismo, que, depois de se hospedar em algumas nações vizinhas, entrou no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a sigatoka negra está ativa, hoje, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e São Paulo. O acompanhamento feito pelo órgão é bastante rigoroso. Nos últimos cinco anos (até junho passado), por exemplo, o Laboratório de Doenças Fúngicas em Horticultura do Instituto Biológico realizou 2,3 mil exames para diagnóstico da sigatoka negra em amostras de folhas de bananeira coletadas oficialmente e provenientes de várias partes do país. "Os laudos do IB fornecem subsídios aos estados onde a doença ainda não foi detectada, a fim de que possam solicitar a declaração de área livre da doença, de acordo com instruções normativas publicadas pelo Mapa", informa a engenheira agrônoma Josiane Takassaki Ferrari, pesquisadora científica do instituto. Graças a exames dessa natureza é possível afirmar que os estados de Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins, além de parte de Minas Gerais, eram tidos, até meados do ano, como áreas livres da doença e seus bananais não se achavam, portanto, sujeitos ao ataque do Mycosphaerella fijiensis.

Disseminação rápida

O Brasil é grande, mas o fungo viaja a jato. "Ele percorre enormes distâncias pelo ar, podendo se disseminar por centenas de quilômetros num único dia", diz Amauri Siviero, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Acre, um dos estados mais atingidos pela doença. Siviero conta que o ataque da sigatoka negra levou à quebra de 70% da produção na região. "Antes, os agricultores acrianos colhiam até três cachos por touceira; agora, tiram apenas um." Siviero explica que no Acre a banana é parte da refeição principal, especialmente quando misturada à farinha de mandioca, e não uma simples sobremesa, como é costume no sul do país. Mesmo assim, ele destaca que a fruta sobra no estado. "Não há mercado para o tamanho da produção. Muitas bananas se perdem nas estradas rurais malconservadas." E lastima estar longe do mercado consumidor e de insumos. "Exportamos bananas locais (étnicas) para públicos nortistas em Manaus e São Paulo, e importamos de São Paulo para atender o consumidor paulista residente no Acre. É o Brasil e seus contrastes", expõe.

Nove anos depois da comprovação de sua presença no Brasil (o fungo atravessou as fronteiras da Colômbia e do Peru), cientistas brasileiros e internacionais conseguiram executar o sequenciamento do Mycosphaerella fijiensis, feito que exigiu a participação de várias unidades da Embrapa no país, da Labex Europa (filial da empresa no continente europeu) e de instituições de estudos nos Estados Unidos, França, Holanda e México. Inédita, a pesquisa teve o mérito de conferir aos técnicos novos conhecimentos sobre a biologia do fungo, permitindo que se trouxessem à tona os mecanismos que norteiam sua capacidade de causar infecção à bananeira.

A razão de todo esse cuidado, segundo a Embrapa, está no fato de a banana ser um fruto de enorme importância social no país, já que é uma fonte barata de energia, minerais e vitaminas. O Brasil é o segundo maior produtor, com 7 milhões de toneladas – 9% da oferta mundial. Além disso, a bananicultura gera mais de 500 mil empregos diretos. Por esse motivo, assim que se soube da presença do fungo em território brasileiro, o Estado e os bananicultores deram início a uma batalha sem precedentes ao Mycosphaerella fijiensis, com o objetivo de barrar a expansão da doença. Afinal, "ocupamos posição de destaque entre os maiores consumidores de banana do planeta, com a média anual de 29 quilos por habitante", salienta o agrônomo Eduardo Nogueira.

Os especialistas envolvidos no combate à sigatoka negra não escondem que estão diante do principal problema fitossanitário da bananeira, mas nem por isso adotam um tom alarmista ao falar sobre ela. "A doença acomete muito fortemente a planta da banana-maçã; acontece, no entanto, que nematoides, diversos outros fungos e insetos também investem com violência contra essa mesma planta. Por essa razão, diz-se que ela ainda vai acabar desaparecendo, o que não é verdade", explica Siviero.

Algo que está claro é que a gravidade da doença tem tudo a ver com a região onde os bananais se concentram. "Nos estados do sul e sudeste, que têm períodos de frio bem definidos, a severidade da doença é menor", esclarece o engenheiro agrônomo Luadir Gasparotto, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus. "Já na Amazônia, onde a temperatura e a umidade do ar são elevadas o ano todo, o rigor da sigatoka negra é extremamente forte nos 365 dias." Em outras palavras, a época chuvosa é propícia ao desenvolvimento da doença, e isso tem uma explicação: a umidade do ar mais elevada, aliada a um período maior durante o qual as folhas da bananeira permanecem molhadas, contribui para a produção e a liberação de esporos do fungo. "O ambiente está favorável à sigatoka negra em razão dos fenômenos La Niña (esfriamento anormal nas águas superficiais do oceano Pacífico tropical) e El Niño (aquecimento anormal dessas mesmas águas), que estão afetando o clima do continente, elevando a umidade relativa do ar e favorecendo a difusão dos esporos nos bananais", observa Júlio Nakagawa, professor emérito da Faculdade de Ciências Agronômicas, campus de Botucatu, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). 

À sombra do greening

No vale do Ribeira, em São Paulo, de longe o maior produtor de bananas do Brasil, que bateu de frente com o Mycosphaerella fijiensis em 2004, cinco anos após o fungo ter sido constatado no país, "enfrentamos o frio e a baixa insolação, duas coisas que a sigatoka negra detesta e, exatamente por isso, o controle da doença é menos complicado do que em outras regiões", esclarece Luiz Antonio de Campos Penteado, diretor regional no município de Registro da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do governo do estado de São Paulo. Segundo ele, o Ribeira tem 37 mil hectares ocupados com o cultivo da banana, 25 mil deles nas mãos de grandes plantadores capacitados a adotar todas as precauções necessárias à saúde da plantação. "Já nos 12 mil hectares restantes, explorados por médios e pequenos produtores, o cuidado dispensado aos bananais nem sempre é condizente com a gravidade da situação, em função, principalmente, dos baixos valores recebidos pela venda do fruto", comenta. A verdade, porém, é uma só: "Quem não trata não está colhendo produtos comercializáveis", garante o engenheiro agrônomo Raul Soares Moreira, doutor em bananicultura e pesquisador aposentado do Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

A pior doença já experimentada pelos bananais brasileiros lembra o greening (dragão amarelo), mal que tem deixado de cabelo em pé os plantadores de laranja, notadamente no estado de São Paulo, o maior produtor mundial da fruta e do suco.

Coincidentemente, as duas moléstias chegaram há poucos anos no país e, desde então, passaram a cobrar das autoridades uma vigilância mais intensa, porque se trata dos dois frutos de maior consumo no Brasil e que atendem tanto ao mercado doméstico quanto ao exportador (especialmente a laranja, já que 99% da demanda da banana é interna). A diferença entre eles é que no caso da laranja a recomendação é de erradicação da árvore doente; já no tocante à bananeira contaminada pelo fungo, cientistas e técnicos extensionistas, além dos órgãos governamentais, aconselham o controle químico por meio da pulverização e a adoção de bananeiras resistentes à doença.

Segundo o professor Nakagawa, o mercado oferece alguns produtos químicos eficientes, mas sua aplicação apresenta dificuldades. "Como são fungicidas de contato, a pulverização deve cobrir toda a área afetada pela doença, e isso, todos nós sabemos, não acontece na prática, devido ao porte alto das bananeiras, às suas folhagens – que cobrem umas às outras, impedindo alcançar a parte infectada – e ao desenvolvimento das ‘touceiras’, que avançam e fecham as entrelinhas, dificultando ou até mesmo impossibilitando o trabalho da pulverização mecanizada por terra".

Defensor da adoção de cultivares resistentes como a solução mais eficiente e racional, Gasparotto, da Embrapa, acredita que o emprego de fungicidas só é mais eficaz quando aplicado com a ajuda de aviões ou helicópteros. "Como o fungo infecta folhas jovens, localizadas na parte superior da planta, o controle com produtos químicos feito de cima tem a vantagem de depositá-los bem na área sujeita à infecção."

Nakagawa observa, porém, que é plausível tratar bananais novos, caseiros ou de pequeno porte mediante o emprego de produtos químicos aplicados com pulverizadores adequados a cada situação, "sendo condição sine qua non, porém, cobrir toda a superfície foliar da planta".

Uso difícil

Na realidade, de acordo com o engenheiro agrônomo Wilson da Silva Moraes, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) no vale do Ribeira, "o uso racional de fungicidas tem sido o grande desafio para o bom manejo da doença, pois o bananicultor precisa saber quando, como, onde e qual produto químico aplicar a cada época do ano". Professor da disciplina "Doenças de Plantas Cultivadas", do Campus Experimental da Unesp em Registro, ele acentua que o momento correto e o intervalo de aplicação do fungicida têm sido definidos pelo monitoramento semanal, que mede a severidade da doença. Moraes destaca o sistema de pré-aviso, uma experiência pioneira da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), criada para o acompanhamento de outro mal – a sigatoka amarela – no estado, e que consiste em monitorar semanalmente o rigor da doença em áreas de até 50 hectares, ou um pouco mais, e traçar um levantamento simultâneo das variáveis climáticas. Assim, com base na evolução do problema, aponta-se aos produtores o momento certo para a aplicação do fungicida. "Acredito no sucesso desse tipo de iniciativa, notadamente quando o trabalho é levado adiante com o apoio de grupos harmônicos e conscientes de produtores dispostos a dar ouvidos e atendimento às recomendações de alternância de fungicidas, independentemente do tamanho do desembolso, e prontos a executar, nos prazos estipulados, os tratos culturais necessários ao controle da doença", diz. Moraes observa que o momento certo para a aplicação do fungicida é o grande segredo do manejo da doença. "Se ocorrerem falhas, devem ser corrigidas com o monitoramento e a desfolha sanitária", orienta.

A sigatoka amarela, combatida pela Epagri por monitoramento, é conhecida desde 1902, quando foi registrada em Java, mas os primeiros prejuízos de importância ocorreram nas ilhas Fiji, no distrito onde depois seria observada a sigatoka negra. No Brasil, iniciou sua caminhada em 1935, em Caraguatatuba, no litoral norte do estado de São Paulo.

Ela também é causada por um fungo (Mycosphaerella musicola) que provoca lesão na folha da bananeira (necrose e queima generalizada) e afeta a qualidade final do fruto. A diferença entre as duas doenças reside no fato de que o fungo da sigatoka negra é muito mais agressivo, ocasionando perdas de até 100%, contra 50% da amarela. "A sigatoka amarela, presente em quase todo o país, simplesmente desaparece num espaço de dois a três anos, quando, no bananal infestado pela doença, se instala a sigatoka negra", explica Eduardo Nogueira, do IB.

A disponibilização de variedades resistentes tem funcionado como um divisor de águas na luta contra o Mycosphaerella fijiensis. "Do ponto de vista econômico e da preservação do meio ambiente, principalmente em regiões onde a bananicultura é caracterizada pelo baixo nível de tecnologias e/ou pelo reduzido retorno econômico, o uso de cultivares resistentes é a estratégia ideal", garante Gasparotto, que é doutor em fitopatologia. Ele explica que, entre os cultivares resistentes à sigatoka negra, destacam-se as espécies Caipira, Thap Maeo, FHIA 01, FHIA 02, FHIA 18, Pelipita, Pacovan Ken, BRS Prata Caprichosa, BRS Prata Garantida, BRS Vitória, BRS Japira e BRS Conquista. Algumas regiões têm aderido de corpo e alma à novidade porque entenderam que era o melhor caminho a seguir, caso do Amazonas, onde a situação é mais grave. Diante do risco de a bananicultura amazonense ser simplesmente riscada do mapa, os produtores locais estão plantando quase que exclusivamente espécies capazes de tolerar o ataque da sigatoka negra.

Plantas tolerantes

A opção pelos cultivares resistentes, a despeito de sua capacidade de fazer frente ao ataque do fungo, ainda não alcançou unanimidade entre os cultivadores da banana. Diz-se que há uma notória diferença de sabor entre a banana da planta tradicional e a produzida pela bananeira tolerante. "Os bananicultores têm receio da não aceitação do produto pelo mercado, e alguns proprietários de câmaras de maturação não estão conseguindo processá-lo adequadamente", alega Raul Moreira, que também é ex-consultor da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e autor de Banana – Teoria e Prática de Cultivo, editado em CD-ROM e, segundo ele, a primeira publicação com esse formato especialmente voltada para o fruto. "Cada um dos cultivares tem características próprias", ressalta. O pesquisador Gasparotto salienta que a relutância em adotar cultivares que não precisam de controle químico decorre essencialmente do fato de que são apresentados ao mercado sem um plano de marketing. Ele observa que é essencial fazer a demonstração das plantas tolerantes, programa que deve incluir dias de campo para produtores e técnicos e, ainda, a degustação de frutas pelos consumidores em escolas, exposições, feiras e supermercados. "A espécie BRS Conquista, lançada em abril passado, começou a ser divulgada há três anos", relata, argumentando que a aceitação tem sido ótima.

"Além de nossas expectativas terem sido amplamente superadas, já foram comercializadas mais de 100 mil mudas e instaladas três unidades demonstrativas em São Paulo, duas no Mato Grosso e uma em cada um dos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Amazonas", informa Gasparotto. A aceitação dos novos frutos pelo mercado é essencial para o bom desempenho dos negócios dos bananicultores, especialmente daqueles empenhados de fato em barrar o progresso da sigatoka negra. "Os cultivares resistentes estão sendo plantados e comercializados em larga escala, por exemplo, na região norte", conta Gasparotto. "Mudas de BRS Conquista são adquiridas por produtores de várias partes do país, inclusive São Paulo e Paraná, para ocupar o espaço deixado pela banana-maçã, que, como se sabe, pode ser acometida por uma série de doenças, tais como o mal do Panamá, moléstia endêmica que marca presença em basicamente todas as regiões produtoras do Brasil", esclarece.

A par da aplicação de defensivos agrícolas e do cultivo de plantas resistentes, os especialistas afirmam que os bananicultores também precisam colocar obstáculos no caminho da sigatoka negra por meio da adoção de um conjunto de medidas de fácil execução. Por exemplo, não devem jamais fazer o transporte de mudas, frutos, folhas ou qualquer parte da bananeira originária de regiões assoladas pela moléstia sem o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) ou a Permissão de Trânsito de Vegetais (PTV). Também é necessário abolir o uso de folhas de bananeira como material de proteção do fruto, de caixas e de cargas de banana. E não cair na tentação de abarrotar as embalagens, pois pode-se assim machucar o fruto. Eduardo Nogueira sugere a eliminação dos bananais abandonados, desativados ou que não estejam sendo explorados comercialmente, impedindo assim que se transformem em focos da doença. Há ainda outras recomendações, como adquirir mudas certificadas e, de preferência, produzidas em laboratório (cultura de tecido in vitro) e que sejam tolerantes à doença. E adotar boas práticas culturais, tais como a desfolha sanitária, o controle de ervas daninhas, o desbaste e o plantio com espaçamento adequado. Nogueira lembra também que os esporos do fungo da sigatoka negra têm a capacidade de aderir a pedaços de tecido, papelão, plástico, madeira, ferro e borracha de pneus, podendo, portanto, alcançar longas distâncias independentemente do destino que é dado ao fruto.

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