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São Paulo, capital dos bons negócios

Metrópole paulistana se consolida como maior centro sul-americano de eventos

ALBERTO MAWAKDIYE


Salão do Automóvel: evento tradicional
Foto: Divulgação

Muitos dos próprios paulistanos ainda não se deram conta de que São Paulo – considerada durante décadas uma mera e pouco atrativa metrópole industrial – está cada vez mais abarrotada de turistas. Somente no ano passado, segundo dados da São Paulo Turismo (SPTuris), entidade oficial do setor, a cidade recebeu 11 milhões de visitantes – um contingente equivalente à população moradora –, dentre os quais 1,7 milhão de estrangeiros. Trata-se de um número 2,8% maior que o de 2007, quando os turistas somaram 10,7 milhões, e 34,15% superior ao de 2004.

Não é o caso, porém, de culpar os paulistanos por essa eventual falta de percepção. Diferentemente do Rio de Janeiro – onde nada é mais fácil do que detectar turistas em pontos como o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor e os calçadões da zona sul –, em São Paulo uma parte considerável do turismo está se desenvolvendo a portas fechadas, longe dos olhares dos transeuntes, dentro de restaurantes, casas de espetáculos, lojas e shopping centers.

Enfim, a diferença é que em São Paulo vem florescendo uma modalidade turística que nada tem a ver com aquela que faz as delícias de hoteleiros e comerciantes do Rio de Janeiro, do nordeste e do Pantanal Mato-Grossense. É um turismo voltado antes para as compras, o fechamento de negócios e, de alguns anos para cá, para a participação em um número impressionante de feiras, congressos e convenções.

"De fato, poucas atividades se desenvolveram tanto em São Paulo como a indústria de eventos e o turismo de negócios", diz Toni Sando, diretor superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), que congrega cerca de 500 associados das várias áreas que operam com turismo na cidade. "Nesse segmento, São Paulo já não tem rivais no Brasil nem na América do Sul. A cidade está promovendo hoje algo em torno de 90 mil eventos por ano, e 75% das maiores feiras do país são realizadas em seus diversos centros de exposições disponíveis".

Sando calcula que, atualmente, aconteça em São Paulo um evento a cada seis minutos – incluindo-se aí desde feiras e congressos até shows internacionais e encontros badalados, como a São Paulo Fashion Week, a Parada Gay e o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 – e uma exposição de negócios a cada três dias, dentre as quais se contam verdadeiras referências na área, como o Salão do Automóvel, Fenit, Couromoda, Francal, Telexpo, Expofarma e Feira da Mecânica.

Em todos esses encontros, que reúnem no total vários milhões de participantes, é forte a presença internacional – o que explica não só por que a capital paulista se tornou o destino de 49,4% dos estrangeiros que viajam a trabalho para o país, mas também a razão de ela ter sido eleita, no último mês de maio, a 12ª cidade do mundo e a primeira da América do Sul em eventos internacionais, no ranking da ICCA (sigla em inglês da Associação Internacional de Congressos e Convenções). É a melhor colocação da história da capital paulista.

Trata-se de um ranking que utiliza critérios para lá de rigorosos. Para participar dele, a cidade precisa promover eventos internacionais com periodicidade fixa, que contem com a presença de pelo menos 50 participantes estrangeiros e que os encontros tenham um mínimo de três edições confirmadas em países diferentes. São Paulo conseguiu emplacar nessa categoria 75 eventos aceitos como rigorosamente internacionais em 2008 – uma quantidade 22,9% maior que a de 2007 –, superando destinos clássicos como Madri, Londres, Vancouver, Tóquio e Sydney.

E é bem possível que a cidade mantenha essa posição em 2009, apesar da crise financeira internacional e do medo planetário criado pela gripe suína, que deprimiram o número de viagens. "Num cenário de crise econômica, as feiras de negócios são ainda mais fundamentais", afirma Armando Campos Mello, presidente executivo da União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe). "Teremos em São Paulo, no decorrer deste ano, perto de uma centena de feiras importantes, por onde devem passar mais de 3 milhões de profissionais de todo o país e 45 mil estrangeiros expositores e compradores. É um setor que ganha até mais quando o momento é ruim."

Devido ao peso indutor das feiras, Mello acredita que as receitas da cidade na área de turismo de negócios continuarão quase no mesmo patamar dos anos anteriores. Não será pouca coisa. Em 2008, os gastos dos turistas na cidade produziram uma receita recorde de R$ 8,3 bilhões, volume 2,4% maior que o de 2007 e 29,69% superior ao de 2004. Cerca de R$ 1 bilhão desse total vieram apenas dos megaeventos oficiais, como o GP Brasil de Fórmula 1, a Parada Gay, o Réveillon da Avenida Paulista, o Salão do Automóvel, a Bienal de São Paulo, a Virada Cultural, a Mostra Internacional de Cinema e a São Paulo Fashion Week – no mundo da moda, aliás, a capital paulista aparece pela primeira vez no seleto grupo "top 10", tendo passado da 33ª colocação, em 2008, para a 8ª, neste ano.

Um volume considerável de dinheiro também foi deixado nos cofres da cidade pelos brasileiros que viajaram apenas para fazer compras (19,1%), para atividades culturais (21,9%) e para visitar amigos e parentes, aproveitando para dar uma passadinha em algum shopping center ou nos polos comerciais populares das ruas 25 de Março e Santa Ifigênia e dos bairros do Bom Retiro e Pari (56,5%). A força comercial de São Paulo faz com que até o turismo de lazer seja impregnado de negócio.

Residindo e trabalhando há mais de uma década na capital maranhense, o paulistano Luiz Moreira viaja de tempos em tempos para São Paulo, de avião, para visitar a família, mas sempre volta para São Luís (de ônibus, em geral pela Belém-Brasília), onde tem um pequeno comércio, com um baú repleto de roupas e bricabraques, comprados na Rua 25 de Março. "É possível achar de tudo ali, e os preços são sempre muito bons", justifica Moreira.

Desconfiança

O curioso é que São Paulo chegou a essa posição privilegiada no turismo de negócios não só com os paulistanos menos antenados pouco atinando para o fato como, mais estranho ainda, com os mais ligados vendo, muitos deles, o crescimento do setor como um triste sinal de decadência econômica.

De fato, o mercado de eventos começou a se desenvolver efetivamente na cidade durante a década de 1990, em meio aos vagidos iniciais da globalização (embora as primeiras feiras industriais tenham sido montadas ainda no final dos anos 1950, pelas mãos da empresa Alcântara Machado, e rapidamente se multiplicado). Parecia que uma coisa estava ligada à outra – e realmente estava, mas não da maneira como os pessimistas achavam.

"Muita gente pensou que a globalização aceleraria o processo de transformação de São Paulo de uma cidade industrial em uma de comércio e serviços, reduzindo as receitas públicas e arrastando a população para o subemprego", lembra Maria de Fátima Infante Araújo, economista e urbanista lotada no gabinete da Secretaria de Economia e Planejamento do estado de São Paulo e autora da tese de doutorado "Impactos da Reestruturação Produtiva sobre a Região Metropolitana de São Paulo no Final do Século 20". "O fortalecimento do mercado de eventos reforçava essa impressão. Felizmente, porém, era uma leitura completamente equivocada."

De acordo com Maria de Fátima, a perda de indústrias registrada naquele período foi apenas uma continuação do processo iniciado ainda no começo da década anterior, quando muitas empresas se mudaram de São Paulo para fugir da elevação do preço dos terrenos, do custo da mão de obra e do trânsito infernal, que dificultavam ampliações e comprometiam a logística.

"As empresas que saíram, no entanto, foram as mais vinculadas ao agronegócio, aquelas que necessitam de mão de obra intensiva e pouco qualificada ou são dependentes de recursos naturais", explica Maria de Fátima. "Indústrias mais leves e sofisticadas, de alta tecnologia ou ligadas aos serviços de ponta, como moda e vestuário, gastronomia, engenharia e arquitetura, gráfico-editorial, continuaram em São Paulo e foram reforçadas pela vinda de outras."

Ela acrescenta que, de modo a aproveitar a ótima infraestrutura e a antiga tradição comercial e cultural da capital paulista, a cidade também acabaria por abrigar as sedes de uma infinidade de indústrias e empresas diversas (várias delas multinacionais), além de instituições bancárias e financeiras, cujos braços "produtivos" ficam em outros estados.

"Na verdade, mesmo as indústrias locais que migraram para as proximidades de São Paulo – e elas constituíram a maioria – mantiveram suas sedes ou departamentos comerciais e jurídicos na cidade", afirma. "É como se São Paulo tivesse expandido seu parque industrial para um raio de cerca de 100 quilômetros, incluindo dezenas de cidades da região metropolitana, além de Campinas, Sorocaba, vale do Paraíba, tornando-se também forte em comércio, serviços e eventos."

De fato, um estudo de três anos atrás da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), ligada ao governo paulista, dava conta de que a cidade de São Paulo respondia ainda por 28,6% da produção do estado e por pouco mais de 10% da brasileira. O município também era responsável por 53% do valor gerado pelo setor de serviços no estado, quase tudo – 49% – constituído por atividades de alguma forma vinculadas à indústria.

"Nesse sentido, realmente, o upgrade econômico de São Paulo está sendo fantástico", analisa Fábio Pina, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio). Segundo ele, a cidade continua a ser uma enorme geradora de riqueza, que cada vez mais, no entanto, se originaria de atividades tidas como nobres, embora todos os setores da economia, mesmo os mais arcaicos, prossigam representados dentro de seu território. "Com o turismo de negócios hoje também já praticamente amadurecido, por causa da densidade da massa crítica que se formou, a capital paulista pode reivindicar tranquilamente o status de metrópole mundial", diz Pina.

Ao contrário do que temiam os pessimistas, o fortalecimento do turismo de negócios tampouco deteriorou o mercado de trabalho, tendo, isso, sim, ampliado e qualificado suas bases. Estima-se que estejam envolvidas apenas no segmento de feiras e exposições cerca de 120 mil pessoas, em mais de 50 diferentes atividades relacionadas a hotelaria, transportes, gastronomia, tradução, varejo e montagem e operação de eventos propriamente ditos.

É um tipo de trabalho obviamente mais flexível e talvez menos seguro que o industrial e o administrativo, mas muita gente, inclusive graduada, já fez dele seu ganha-pão e o nicho no qual aposta o futuro. É o caso do artista plástico Fábio Dietrich, que já trabalhou na Fundação Cultural Itaú e hoje coordena a montagem de estandes para a promotora de eventos Visione.

"É um mercado promissor, onde é relativamente fácil progredir. Em poucos meses de empresa, já obtive uma promoção", diz Dietrich, que migrou para uma área onde milita uma legião de trabalhadores qualificados, entre arquitetos, decoradores, eletricistas, carpinteiros, designers, engenheiros, paisagistas e jardineiros – sim, dá mais trabalho do que se imagina montar um estande.

Faculdades dedicadas exclusivamente ao setor de eventos começam também a pipocar em São Paulo. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) mantém um curso na área faz alguns anos, do mesmo modo que a Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), cujo curso de tecnologia de eventos, inserido na cadeira de turismo e hospitalidade, tem a duração de dois anos.

"Ensinamos o aluno a organizar feiras, palestras, vernissages, lançamentos de produtos, a formatar projetos e construir contratos", explica o professor e coordenador da área, Rinaldo Zaina Jr. Segundo ele, o curso tem em média 40 alunos por turma – até agora, o número total de profissionais formados em eventos na Unicid ultrapassa a casa dos 300.

Na verdade, a área de turismo de negócios vem progredindo tanto em São Paulo que já começa a esvaziar um pouco outras modalidades de organização turística, como a cultural. A Cool Cat Travels, que antes operava nesse departamento, há algum tempo dedica-se ao turismo receptivo de empresários e executivos estrangeiros.

"É um mercado que nos traz muito mais rentabilidade", justifica o diretor da empresa, Fernando Russo, cuja função é principalmente cuidar da hospedagem, da locomoção e da agenda cultural e de lazer dos executivos. "É uma tarefa nada complicada em São Paulo, que é repleta de hotéis, restaurantes com cozinhas do mundo inteiro, bares, museus, teatros e shopping centers. A cidade só não oferece mesmo lugares para o turista passear a pé, já que são poucos os parques e os cenários urbanos interessantes ou aprazíveis. É uma pena, mas também não se pode ter tudo."

Naturalmente, não há apenas flores e frutos nesse caminho que a capital paulista, meio sem querer, abriu de modo a diversificar sua economia. Um inesperado problema que a cidade vem enfrentando nessa área – para alguns, bem-vindo – é uma já visível competição por aluguel de espaços entre os organizadores de eventos. Hoje, a empresa que quer organizar um encontro, mesmo que de pequeno porte, é obrigada a fazer a reserva com um mínimo de dois a três meses de antecedência.

"A verdade é que o setor de congressos e feiras cresceu tão rapidamente que a oferta de áreas para abrigá-los não conseguiu acompanhar a demanda", resume Jorge Hori, consultor do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), entidade que está realizando um amplo levantamento sobre as condições da infraestrutura brasileira tendo em vista a organização da Copa do Mundo de 2014. "O cenário é de estrangulamento."

De fato, São Paulo não dispõe, efetivamente, de tantos locais para eventos como em geral se imagina. No total, são cerca de 600 mil metros quadrados, que constituem, disparado, a maior metragem do país. Mais da metade dessa área, 360 mil metros quadrados, está concentrada, porém, no Parque Anhembi, na zona norte, construído na década de 1960 e cuja última ampliação data de 2005. O complexo fica, literalmente, ocupado o ano inteiro, assim como seu vizinho menor, o Expo Center Norte.

Outros polos de eventos de algum porte, como o Centro de Exposições Imigrantes e o do Hotel Transamérica, ambos no sul da cidade, e o Centro de Convenções Rebouças, localizado junto do complexo hospitalar das Clínicas, na região da Avenida Paulista, e que se dedica principalmente a eventos da área médico-hospitalar – que hoje são os mais numerosos em São Paulo, devido ao nível quase de excelência que a cidade conseguiu alcançar nesse segmento –, também estão sobrecarregados. Não escapam dessa situação (obviamente, bastante favorável para eles) centenas de pequenos espaços que se distribuem de modo algo pulverizado pela metrópole.

"O pior não é a falta de espaço em termos absolutos", diz Hori. "São Paulo também não possui um centro de exposições de megaporte, como os que existem em várias cidades dos Estados Unidos, da Europa ou da China. Do ponto de vista internacional, é uma cidade que promove muitos eventos, sem dúvida, mas no máximo de porte médio."

Hori acrescenta que essa falta de "espaços gigantescos" não chega, é claro, a causar prejuízos financeiros diretos, mas impede que a cidade receba, por exemplo, eventos de porte monstruoso e que são altamente lucrativos, como alguns da área de eletrônica e informática (que por isso se concentram nos Estados Unidos e na Ásia) ou convenções com 5 mil a 10 mil participantes, comuns na área médica e um mercado tradicional dos organizadores europeus e americanos.

"São Paulo vai ter sérios problemas para organizar o congresso internacional de abertura da Copa de 2014, que deve receber mais de 5 mil delegados", exemplifica o consultor. Em sua opinião, a cidade já está encontrando dificuldades até para sediar eventos de porte médio para grande, do que dariam exemplo a Brasilplast – em 2001, os organizadores tiveram de montar uma enorme tenda climatizada ao ar livre junto da entrada do Parque Anhembi, única maneira de acomodar todos os expositores – e os geralmente concorridos salões da área automotiva.

Obviamente, as administrações municipal e estadual, assim como os empresários do setor, não estão esperando sentados o dia em que terão de recusar eventos por falta de espaço físico. Além de ter na gaveta um plano de nova ampliação do Parque Anhembi, a prefeitura, por exemplo, também já iniciou os preparativos para construir um megapolo de eventos na divisa dos bairros de Pirituba e Jaraguá, na zona norte, local hoje de acesso relativamente difícil, mas capaz de abrigar um complexo que será 12 vezes maior que o próprio Anhembi.

No terreno de 4,9 milhões de metros quadrados, que já foi declarado de utilidade pública para desapropriação, serão instalados, além de uma área de exposições de porte similar ao de polos europeus e americanos, um centro de convenções e uma moderna arena multiuso para 40 mil pessoas. "O local poderá abrigar até jogos de futebol", explica Caio Luiz de Carvalho, presidente da SPTuris. Segundo ele, o dinheiro deverá vir, em parte, da iniciativa privada.

Contudo, o que já está sendo chamado de "novo Anhembi" vai demorar a ficar pronto – para alguns especialistas, dado o porte do complexo, ele dificilmente será inaugurado a tempo de abrigar algo relacionado à Copa de 2014, embora esteja dentro do bem fornido pacote de investimentos que a cidade de São Paulo deverá receber, por conta desse evento, em infraestrutura e hotelaria. 


Visitante fica menos tempo, mas gasta mais

Diga-se que não é apenas em São Paulo que o mercado de turismo de negócios está se desenvolvendo. De acordo com a ICCA, o Brasil subiu em 2008 uma posição entre os países que mais recebem eventos internacionais no mundo, passando do oitavo para o sétimo lugar. Em 2003, o Brasil ocupava a 19ª posição.

Além de São Paulo, várias outras cidades brasileiras figuram no ranking da ICCA, como Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Porto Alegre, Salvador, Recife e Curitiba. No conjunto, o país promoveu 254 eventos internacionais em 2008.

Essa espécie de "paixão nacional" pelo turismo de negócios é facilmente explicável, mesmo para cidades já com alto desempenho no turismo de lazer, como o Rio de Janeiro e as capitais do nordeste. Trata-se de uma modalidade turística que gera muito mais receita – um dinheiro comparativamente assombroso, no nicho específico de eventos.

De acordo com uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o gasto médio de um turista estrangeiro de eventos no Brasil é de US$ 314,70 por dia – bem acima da média dos visitantes que vêm a negócios (US$ 165,14) ou a lazer (US$ 73,53). Tal volume de gastos compensa com sobras a permanência tradicionalmente menor – em São Paulo, eles ficam, em média, 3,5 dias. Em geral, a permanência de um turista de lazer é de oito dias.

De olho nesse potencial, cidades como o Rio de Janeiro querem adaptar cada vez mais as condições de hospitalidade também para turistas que vêm a trabalho. Nos próximos cinco anos serão investidos, por exemplo, US$ 625 milhões na construção e reestruturação de 16 hotéis na capital carioca. Vários deles deverão ser operados na modalidade apart-hotel ou hotel executivo, que são mais afins de viajantes a trabalho.

Já Curitiba – que entrou no ranking da ICCA este ano, por conta da realização de quatro eventos internacionais em 2008 – está incentivando seus centros de convenções a incrementar o calendário de feiras e congressos internacionais na cidade. A ideia da prefeitura é atrair turistas de negócios acenando com os bons diferenciais urbanísticos e culturais que a capital paranaense detém.  


Cidade conta com boa estrutura hoteleira e de lazer

Não foi apenas o potencial econômico de São Paulo – e o fato de sediar múltiplas atividades empresariais – o que a transformou na capital brasileira do turismo de negócios. Além de responder por pouco mais de 12% do PIB nacional – se fosse um país, a cidade seria a 47ª economia do mundo, à frente do Uruguai, do Egito e do petroleiro Kuwait, e em posição equivalente à do Chile –, São Paulo se beneficia também da ótima infraestrutura turística que acabou por montar.

Nessa área – com a irônica exceção da oferta de espaços para feiras e convenções – é tudo superlativo em São Paulo. Há 420 hotéis de todas as categorias e 42 mil apartamentos, além de 350 motéis. Para o lazer do visitante, a cidade oferece 12,5 mil restaurantes, com 52 tipos de cozinha, 500 churrascarias, 15 mil bares e 1,5 mil pizzarias. Tem ainda 55 cinemas, 90 museus, 160 teatros, 88 bibliotecas, dezenas de clubes e cerca de mil academias de ginástica.

No setor de transportes, a cidade conta com quatro aeroportos em sua área de influência (Cumbica, Congonhas, Campo de Marte e Viracopos), é servida por uma dezena de rodovias que chegam de todas as regiões do país e fica a pouco mais de 50 quilômetros do porto de Santos, o maior do Brasil. A frota de helicópteros, estimada em mais de 500 aeronaves, só perde para a de Nova York. O serviço de táxis e de aluguel de carros é amplo e eficiente. Já o comércio conta com 80 shopping centers e 240 mil lojas, além de 900 feiras livres semanais.

"São Paulo se tornou, verdadeiramente, um polo econômico e turístico de nível internacional", atesta Thomas Lee, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), que defende os interesses de dezenas de empresas de todo o Brasil a partir da metrópole paulista, onde também realiza, em anos pares, a Techmei, feira do setor que está sempre cheia de lançamentos, em especial de fabricantes chineses, taiwaneses e japoneses. "Os estrangeiros adoram fazer negócios e se divertir aqui. Para eles, São Paulo só fica a dever a cidades como Nova York e Hong Kong na quantidade de shows e de espetáculos noturnos, que de fato poderia ser maior. Em outros aspectos, não fica atrás em nada."

 

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