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Cultura da paz
Em artigos exclusivos, especialistas tratam dos princípios, valores e estratégias para o desenvolvimento de programas e projetos de educação para um mundo mais humano e sem violência
Carlos Alberto Emediato
é diretor da Rede Global de Educação para a Paz
Está em curso um movimento mundial que busca a transformação das bases da presente cultura geradora de guerra e violência em uma cultura de paz. No núcleo deste movimento encontra-se a educação vista como um processo amplo, contínuo e difuso, atuando por meio das relações interpessoais e de instituições como a escola, a mídia, as empresas, as comunidades e as organizações não-governamentais.
Na base desse processo educacional, cujo foco está no desenvolvimento de um conhecimento incorporado nos comportamentos e ações de cada indivíduo, encontram-se princípios, valores e estratégias que apontam para outra visão de mundo, motivações distintas das prevalentes na sociedade moderna e caminhos transformadores que têm como elementos a experiência direta e a exemplaridade.
Entende-se que as transformações fundamentais da cultura precisam se dar em muitos níveis ao mesmo tempo, pois a própria natureza da experiência humana é multidimensional. Ela é, simultaneamente, mental, afetiva, corporal, espiritual e se manifesta nas diversas instâncias da atuação humana.
Grande parte das guerras e conflitos no mundo atual tem sustentação na ilusão da separação que nos vê como seres e sociedades segmentadas, antagônicas, competindo pelo domínio de recursos, controle político, supremacia religiosa ou racial. É como se as aspirações mais profundas de cada ser humano não fossem convergentes, ou mesmo comuns, como o desejo de felicidade, segurança, convivência saudável, capacidade de criar.
A descoberta de alguns princípios fundamentais pode dar sustentação a uma nova visão capaz de resgatar a sensação de vivermos num espaço mais amplo, convivendo numa "casa comum" a qual precisamos administrar em conjunto. Princípios como o da interdependência que afirma o mútuo afetar de todos no grande espaço compartilhado. Ou o princípio da evolução que atesta nosso pertencimento à história do universo e à maravilhosa teia da vida, tecida em milhões de anos, no escopo de toda a evolução, que nos conecta a todos os seres viventes e nos reintegra na corporalidade do mundo e do cosmos.
Entretanto, a mudança nos padrões ordenadores do nosso comportamento requer, fundamentalmente, a prática de qualidades, de valores humanos básicos consistentes com estes princípios. Valores como a responsabilidade universal, como o compromisso com as novas gerações de deixar o mundo melhor do que encontramos, ou valores como a busca da integridade que nos demanda consistir sentimentos, pensamentos, ações, exercitando a paz em nós como condição para a construção de relações de paz nas esferas interpessoais e públicas.
Na raiz das mudanças culturais as decisões fundamentais são decisões individuais. Elas acontecem na mente e corações dos seres humanos. São elas que geram as transformações de percepção, motivação e comportamento capazes de sustentar mudanças consistentes e duradouras na organização social. É para essas transformações que as principais iniciativas de educação para a paz, desenvolvidas através de instituições escolares, da mídia, da cultura, de comunidades e religiões endereçam seu foco.
O que tem feito a Rede Global de Educação para a Paz é desenvolver uma comunidade mundial de aprendizagem e ação que potencializa e estimula o trabalho transformador das pessoas envolvidas nessas iniciativas em diferentes lugares do mundo.
As ações cruciais que estão para ser feitas neste movimento de construção de uma cultura de paz e não-violência, no entanto, dizem respeito às ações transformadoras que se encontram na esfera de atuação de cada um. Isto acontece desde o processo de autoconhecimento, de nos educarmos continuamente para a vivência de paz, até a aplicação eficiente de nossos conhecimentos e ferramentas práticas capazes de transformar as "pequenas violências do cotidiano". São estas últimas que vão minando o tecido social na sua tecitura mais sutil, na esfera do afetivo, do espiritual, da percepção do mundo e do outro, no uso do nosso corpo, dos nossos recursos, na qualidade de nossas relações. Cada um pode, neste campo, obter vitórias a cada dia, se determinar a contribuir com o uso eficiente de seu conhecimento e seu poder de atuação. É no tramar continuado de uma nova realidade que o campo de paz emergirá.
Hiran Castello Branco
é coordenador do Movimento Mídia da Paz e presidente do Conselho Nacional de Propaganda (CNP)
Vivemos, inegavelmente, em uma sociedade midiática. As coisas parecem tornar-se relevantes se, e quando, aparecem na mídia. O mesmo se dá com as pessoas. Se nunca ouvimos falar de alguém é porque ele não é relevante. Nada tem a dizer. Quem não está exposto na mídia é um cidadão de segunda classe. À medida que essa percepção se consolida, as pessoas julgam que devem fazer qualquer coisa pelos "15 minutos de glória". Vulgarizar-se, falar de assuntos sobre os quais não se tem conhecimento com a desenvoltura de estudiosos do tema, expor o corpo, namorar em público, revelar intimidades, transformar em espetáculo o grotesco e a miséria humana. Potencializando esse vetor, descontrolado, de necessidade de ser alguém por meio da aparição na mídia, até mesmo mentir, roubar e matar podem ser um recurso.
Estamos em um contexto social em que ter e aparentar são valores que se sobrepõem ao ser. Somos o que a mídia disser que somos, e a simples exposição já é um passo rumo à glória. Aqueles que operam a mídia, empresários de comunicação e produtores de conteúdo, publicitários, jornalistas, roteiristas e todos os que estão por trás dos conteúdos de informação e lazer, na indústria da comunicação, trabalham a partir de pesquisas feitas com os consumidores de mídia, que somos todos nós, incluindo aqueles que a operam. Que tipo de conteúdo garante maior circulação às publicações impressas? O que dá maior audiência à televisão e ao rádio? O que assegura maior número de visitantes únicos na Internet? Esse é o conteúdo informativo e de lazer que iremos ofertar. Se olharmos para o mundo como uma oportunidade de negócios, sempre pegaremos o caminho que parecer o mais direto para a consecução de nossos objetivos comerciais.
Atingir objetivos comerciais é importante e legítimo. Produzir riquezas materiais que propiciem conforto físico e atendam às necessidades básicas, fisiológicas e de segurança dos seres humanos é importante. Buscar atender às necessidades sociais e mesmo às de ego, como dispostas na pirâmide de Maslow (psicólogo que classificou, de acordo com a pirâmide que leva seu nome, as necessidades humanas que são exploradas pelos profissionais de marketing no desenvolvimento de estratégias básicas, sociais e de ego), não tem, absolutamente, nada de errado. Mas, se não formos capazes de preencher nossas necessidades espirituais que estão um passo acima dessa pirâmide, teremos fracassado como seres humanos e como civilização. Há, portanto, valores perenes a perseguir que não autorizam que se tome atalhos para a consecução de objetivos materiais, sob nenhum pretexto.
A violência e o tumulto foram os produtos mais promovidos desde o pós-guerra nos meios de comunicação em geral. É hora de descartarmos de vez o falacioso argumento de que "não se pode culpar a janela por mostrar a paisagem". Não se trata, de forma alguma, de abrir mão de retratar os fatos como ocorrem, bons ou maus, violentos ou não. Trata-se de enfocar histórias e fatos, por todos os seus ângulos, dando-lhes sempre a verdadeira dimensão humana e buscando potencializar a essência do ser humano que está em ligação com Deus. Na essência do ser humano estão o divino, o amor, a compaixão, a compreensão, a solidariedade. Por trás de cada crime que a mídia retrata, há uma história de solidariedade. Por trás de cada ato violento e degradante, há uma lição de compreensão e de acolhimento. Por trás de cada história macabra há uma lição de vida. Cultivar e construir a cultura de paz na mídia é mostrar também a parte submersa do "iceberg", menos visível, mas maior do que sua ponta.
O Prêmio Mídia da Paz (uma realização da revista Imprensa, com patrocínio do Hospital Samaritano e apoio do Sesc, da ABI e da Unesco), que está em seu segundo ano, teve cerca de 400 trabalhos inscritos, dobrando o número de participações de 2001. Matérias de todo o Brasil, elaboradas para jornais, revistas, televisão, rádio e Internet, mostram um processo em curso que devemos amplificar. Educar para a paz é possível, pois a paz está na essência do ser humano. Sua alma.
Maurício Andrés Ribeiro
é ambientalista e autor do livro Ecologizar, Pensando o Ambiente Humano (Editora Rona)
"Mentes brilhantes provocam ações que causam sofrimento e dor. É preciso, também, educar o coração."
Dalai Lama
A espécie humana evoluiu na biodiversidade e tornou-se capaz de destruir as demais, bem como de construir novas espécies por meio da clonagem e dos experimentos genéticos. Tornou-se, também, capaz de acelerar a velocidade da evolução por meio dos instrumentos da linguagem, da comunicação, do desenvolvimento da cultura e da civilização.
Entretanto, em sua voracidade, a espécie humana tem consumido de forma insustentável as demais espécies animais e vegetais, a água e os minerais. No passado, os impactos da atividade humana eram limitados, mas atualmente atingem todo o planeta, cuja capacidade de suporte para a vida humana é limitada. Se continuarem as tendências atuais, em breve será necessário mais do que um planeta para atender às demandas crescentes. Os 6 bilhões de seres humanos que habitam a Terra se tornarão mais de 10 bilhões e disputarão entre si alimentos, água e materiais cada vez mais escassos. Conflitos a partir da disputa pelos bens da natureza tendem a se tornar mais graves e freqüentes.
Nova economia e nova civilização, com valores transformados, serão necessárias para dar sustentabilidade à existência humana sobre a Terra. Nova visão de mundo e estilos de vida serão necessários para reduzir as disputas pela apropriação da natureza.
O maior adversário do desenvolvimento sustentável é a ignorância, que se encontra na origem de atos irresponsáveis, com impactos negativos para a vida e para a qualidade do ambiente. Assim, produzir e disseminar sabedoria, conhecimentos e informações é parte integrante e cada vez mais crucial das ações voltadas para a sustentabilidade.
Nesse contexto, o aprendizado humano - por meio da observação da dinâmica do ambiente, ou a partir do sofrimento causado pelas conseqüências danosas de ações com impactos negativos - é essencial para evitar o agravamento dos desequilíbrios e conflitos que se multiplicam. Cada ser humano é um aprendiz em sua vida, na escola ou fora dela. No mundo contemporâneo, há inúmeras formas e processos de aprendizagem: a informação, o conhecimento e a transmissão da sabedoria se realizam por meio de múltiplos veículos. As novas tecnologias da comunicação e da informação diversificaram as maneiras de aprender e de ensinar.
É nesse contexto que operam as instituições educacionais, cujo papel é relevante na medida em que sejam capazes de utilizar os recursos tecnológicos proporcionados pela ciência moderna, de adotar métodos e processos de aprendizagem efetiva, de gerar e disseminar conhecimentos, de atualizar os conteúdos daquilo que é ensinado e transmitido, de fazer florescer as potencialidades do desenvolvimento humano pleno. As instituições educacionais são relevantes, também, na medida em que sejam capazes de evitar o descolamento entre o que se aprende na escola e aquilo que se pratica no cotidiano.
A escola precisa integrar as várias ecologias, entre elas a ecologia humana, a ecologia social, a ecologia cultural, a ecologia do ambiente, que são dimensões fundamentais das ciências ecológicas. Precisa, também, educar não apenas a razão e o intelecto, mas a intuição e as emoções e sentimentos.
Ao estimular a educação para a tolerância, para o respeito à diversidade, para a cultura de paz, as instituições educacionais dão uma contribuição relevante para o desenvolvimento da cultura planetária e para a cidadania global. Ao adotarem propostas pró-ativas, voltadas para uma visão ampla do futuro, ao estimularem a criatividade e incentivarem os projetos portadores de futuro, ao facilitarem a imaginação e a criação por parte dos aprendizes, elas estarão deixando de ser apenas reprodutoras de conhecimentos do passado, tornando-se construtoras ativas de um futuro sustentável.
Isis de Palma
é membro do Grupo SP da Aliança para um Mundo Responsável, Plural e Solidário
Respeitar a vida e a dignidade de cada pessoa, sem discriminação nem preconceito; praticar a não-violência ativa, repelindo a violência em todas as suas formas: física, sexual, psicológica, econômica e social, em particular contra os mais fracos e vulneráveis, como as crianças e os adolescentes; compartilhar o tempo e os recursos materiais cultivando a generosidade, a fim de acabar com a exclusão, a injustiça e a opressão política e econômica; defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, privilegiando sempre a escuta e o diálogo, sem ceder ao fanatismo, à difamação e não desprezando o próximo; promover um consumo responsável e um modo de desenvolvimento que leve em conta a importância de todas as formas de vida e o equilíbrio dos recursos naturais do planeta; contribuir para o desenvolvimento da comunidade, propiciando a plena participação das mulheres e o respeito aos princípios democráticos, com o objetivo de criar juntos novas formas de solidariedade.
Este é o Manifesto 2000 pela Paz, da Unesco, com os princípios básicos para o desenvolvimento de uma cultura de paz e não-violência. Refletir sobre eles nos leva a pensar que bastaria segui-los à risca para que tivéssemos solucionados alguns dos mais graves problemas do planeta. O saudoso Carlito Maia diria: "Não precisamos de quase nada, apenas uns dos outros".
Como se define uma cultura da paz? Seria o fiel cumprimento dos princípios citados acima? Talvez fosse necessária uma reflexão anterior. Grandes conflitos mundiais não ocorreriam se fossem cumpridas as resoluções da ONU. A impunidade é a pior forma de violência e os crimes não podem ficar impunes. Não se pode construir uma cultura de paz sem antes punir e banir os crimes de estado, os crimes de guerra, os crimes da exclusão social provocados por regimes autoritários ou regimes submissos ao poderio econômico do capital financeiro mundial.
A exclusão social, a violência e os crimes aumentam cada vez mais nos países onde a participação política da sociedade é inexistente. O caminho da construção da paz está no fortalecimento das democracias no mundo e na ampliação dos mecanismos de participação, no "empoderamento" das sociedades. A sociedade civil deve atuar como protagonista por meio do exercício constante do diálogo e das conquistas coletivas.
Vivemos em uma sociedade individualista, consumista, que valoriza o possuir. A construção da paz e da democracia se faz em cada local, nas relações pessoais, no trabalho, no trânsito, nas ruas. Está no respeito ao diferente, seja aquele que está próximo ou não, ou à cultura de outros povos. Está no exercício da participação social e política, na escolha dos melhores representantes nos períodos eleitorais, na fiscalização do legislativo e na exigência do cumprimento das leis. Está também no altruísmo, na escuta, no silêncio e na reflexão.
A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo acaba de aprovar o projeto de resolução número 13 de 2002 (em 31/10/2002), em que cria o Conselho Parlamentar pela Cultura da Paz, de natureza permanente e deliberativa.
Esse conselho foi fruto do trabalho da sociedade civil do Estado de São Paulo, que agora tem poder legislativo. Ele será composto de representantes das organizações e movimentos pela paz e deputados estaduais.
Caminhadas, bandeiras brancas, canções e tambores apenas representam a paz, o simbólico e os rituais podem ser mobilizadores. Agora cabe a nós, cidadãos e cidadãs, efetivamente realizar a transformação do país e do planeta que queremos. A cultura da paz se faz na educação para a participação política de nossa sociedade. Cada um tem a sua responsabilidade, e o Brasil, mais do que na hora, pode dar o exemplo.
Lia Diskin
é fundadora da Associação Palas Athena
Em 1999, quando a Unesco lançou o Manifesto 2000 pela Paz em escala mundial, propondo a adesão e o compromisso aos seis princípios que o compõem - respeitar a vida, rejeitar a violência, ser generoso, ouvir para compreender, preservar o planeta, redescobrir a solidariedade -, catalisou o sentimento e o anseio de milhares de indivíduos e movimentos que estavam em busca de um ideário capaz de nortear ações que revitalizassem o caráter corretivo e vinculador da vida em sociedade.
As iniciativas que articulam novos modos de sentir, pensar e estar no mundo e que fervilham em todos os cantos do planeta se encontraram em um espaço comum, reconhecendo suas afinidades sob um mesmo nome: cultura de paz.
O próprio conceito de paz alargou seus horizontes abraçando indivíduos, grupos, culturas e nações, promovendo uma mudança de curso no processo civilizatório que deu origem ao século 20 - o mais bélico e desagregador da história humana. Essa mudança ecoa em documentos internacionais, fóruns mundiais, parlamentos continentais e congressos, abordem eles assuntos econômicos, jurídicos, filosóficos, educacionais ou religiosos.
Tal mudança ainda não é visível na vida cotidiana dos povos. Isso, bem sabemos, levará gerações. Entretanto, se munirmos essas gerações com referências capazes de despertar a vocação ética para o diálogo, o respeito, a justiça social, a liberdade, a solidariedade e a compaixão, a utopia presente será o ponto de apoio sobre o qual a condição humana poderá redimensionar-se harmonicamente dentro da vida do universo.
O fundamento da educação para a paz é o reconhecimento da dignidade intrínseca do ser humano e, desse modo, deve promover o sentimento de capacidade, autonomia e realização pessoal, amparado no livre acesso às oportunidades e benefícios que a vida em sociedade oferece: educação, saúde, emprego, moradia, cultura e lazer.
Entre as numerosas contribuições de que já dispomos para colocar em cena uma pedagogia humanizante, destacamos os sete saberes necessários para se ensinar no século 21, do professor Edgard Morin, que propõe uma verdadeira transformação do nosso pensar:
1. as cegueiras do conhecimento - o erro e a ilusão;
2. os princípios do conhecimento pertinente;
3. ensinar a condição humana;
4. ensinar a identidade terrena;
5. enfrentar as incertezas;
6. ensinar a compreensão;
7. a ética do gênero humano.
Num encadeamento sistêmico de singular perspicácia, esses saberes orientam a redefinição salutar das relações consigo mesmo, com o outro e com o universo. Outra proposta nos chega pelo Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século 21, presidida por Jacques Delors, que destaca quatro eixos ou pilares por meio dos quais garantir que todas as pessoas, grupos e comunidades possam desenvolver suas capacidades, talentos e aspirações:
1. aprender a conhecer;
2. aprender a viver junto;
3. aprender a fazer;
4. aprender a ser.
O programa socioeducativo A Paz Pede Parceiros, da Associação Palas Athena, que é realizado em praças, parques e espaços públicos, também se encontra nesta vertente. Ele congrega artistas plásticos, educadores, artesãos, atores, poetas e agentes comunitários em ações interativas com o público atendendo a quatro objetivos:
1. simplicidade voluntária - evitar o supérfluo e o desperdício;
2. ética solidária - promover a arte do convívio;
3. cidadania responsável - participar na gestão do bem comum e do espaço público;
4. valorização das diferenças - incentivar as diferenças como fonte de riqueza.
Por último, gostaríamos de partilhar a Plataforma para uma Cultura de Paz, oferecida pela professora Therezinha Fram durante sua palestra na Assembléia Legislativa do estado de São Paulo, em 24 de setembro passado. A professora destacou que já há princípios e valores consensuados internacionalmente, sendo necessário agora empregar nosso empenho e criatividade para pô-los em prática. Essa plataforma tem dez ingredientes:
1. saber se aquilo que fazemos conduz à paz e ao bem da humanidade;
2. conhecer as formas de conflito, suas causas e efeitos;
3. promover os direitos humanos, não apenas os cívicos e políticos, mas também os culturais, sociais e ambientais;
4. fortalecer a democracia, na qual a cidadania deve ser significativa e consolidada;
5. avaliar as diferentes formas de exclusão - social, econômica, cultural, religiosa, de gênero, psicológica, moral;
6. pesquisar o que é a cultura humana, a fim de estabelecer critérios para julgar diferenças e semelhanças;
7. estudar as funções do Estado, da sociedade civil, das universidades, das organizações, focalizando a inter-relação e a dinâmica entre eles;
8. fortalecer a Organização das Nações Unidas, um organismo internacional que pode dar conta da diversidade e dos possíveis conflitos entre nações;
9. refletir e se comprometer com os seis princípios do Manifesto 2000 pela Paz;
10. aumentar a percepção de si mesmo, do curso da vida pessoal, familiar, profissional e da comunidade na qual se está inserido.
Na larga estrada da educação para a paz, cujo objetivo é fundar uma cultura vocacionada para a paz, não há modelos a seguir. Cada espaço, comunidade, tradição, cultura terá de buscar no próprio solo as variáveis que podem reconciliar-nos com a vida e suas infinitas possibilidades.