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A importância da divulgação científica para a ciência e a educação

Com o advento da internet e a criação de novos canais de comunicação, as pessoas passaram a ter mais autonomia no consumo de informações. E essas informações passaram a circular de diversas maneiras, seja por redes sociais, grupos de conversas, dentre outras.  

A divulgação científica está incluída neste novo modelo de circulação de informação. Antes, se as revistas e publicações científicas eram o único meio de consumir informação desta área, as novas plataformas dão espaço aos pesquisadores para ressignificarem suas descobertas e buscarem novas maneiras de engajar o público nos avanços da ciência.  

Atualmente, de acordo com astrônomo e docente da Escola Sesc de Ensino Médio Alex Oliveira, o campo da divulgação científica brasileira é muito promissor. No entanto, o físico acredita que é preciso crescer ainda mais.  

Ele explica que, na língua inglesa, existem centenas de grandes canais de divulgação científica de grande relevância e audiência, enquanto no Brasil não há dezenas desse tipo. Segundo ele, o que difere países de língua inglesa do Brasil são os pesquisadores, que possuem grande influência e atuam como divulgadores, desde a era de Carl Sagan até Neil DeGrasse Tyson e Bill Nye.  

O pesquisador cita o trabalho de Marcelo Gleiser e iniciativas como a da Natália Pasternak como alguns dos principais atualmente, porém, que são esforços isolados que ocorrem à revelia da academia, a qual olhava com maus olhos esse tipo de iniciativa aqui no Brasil, até pouco tempo atrás.  

“Isso é muito estranho, porque, sendo a pesquisa de base no Brasil majoritariamente financiada pela iniciativa pública, a melhor forma de garantir o financiamento é educando e sensibilizando o público da importância e relevância dessa pesquisa. Felizmente a coisa tem mudado, e hoje vemos mais e mais divulgadores”, explica Oliveira. Leia a seguir trechos da entrevista que ele concedeu ao Sesc Birigui.
 

O que falta para que as grandes descobertas tenham mais destaque na imprensa e que chamem mais a atenção das pessoas?  

Segundo Alex, educação e divulgação. O professor alega que o conhecimento tem de sair da torre de marfim universitária e seguir para a população geral. Pois o país investe muito pouco em educação básica, e a maioria das políticas públicas educacionais são voltadas às universidades.  

Porém, esse contexto de divulgação científica e de fomento da ciência poderia ter sido incluído no dia a dia do estudante desde o início, na educação básica e na primeira infância, de acordo com Oliveira. A astrônomo afirma que países mais desenvolvidos têm programas educativos na TV aberta, e que o Brasil precisa disso, de crianças curiosas por natureza, e de adultos que alimentem o interesse científico nos pequenos.  
 

Metodologia e ferramentas para a divulgação  

A comunicação em linguagem acessível é o segredo para a divulgação científica, principalmente nas redes sociais, declara Alex. Ele diz que há muito potencial no YouTube como uma ferramenta, além das outras plataformas, como Instagram e Tiktok.  

O professor reitera que a informação precisa ser rápida, eficaz e apresentada de uma forma divertida, para que o público se interesse por aquilo. Por isso, com pequenas pílulas de conhecimento em linguagem mais acessível e de modo mais frequente, é possível alcançar um público que já é interessado. “As pessoas já gostam e se fascinam pelo espaço. O interesse já está lá, só precisamos aproveitá-lo melhor”, comenta Oliveira.   

E é assim que ele chama a atenção dos alunos, tanto na sala de aula como fora dela: utilizando a história ao seu favor. Segundo ele, o contexto histórico e a capacidade de envolver histórias são ferramentas que ajudam muito a dar significado a tudo que estamos aprendendo. Por isso, uma de suas técnicas é utilizar a contextualização dentro da realidade dos alunos, com o que tem a ver com o eles vão aprender, para que a aprendizagem tenha um propósito.  
 

Cosmos 

Para o astrônomo, o evento Cosmos tem uma importância gigante para a comunidade científica. Pois, segundo ele, esse tipo de evento permite uma conexão do público geral interessado com seus pares e proporciona a troca com especialistas de diversos tipos, levando informação e encantamento científico para mais e mais pessoas.  

“Se pudesse, acho que deveríamos ter eventos como esse com maior frequência e em escala de tamanho também, um mega festival científico, como Rock in Rio, transmitido na TV, seria um sonho (rs)”, brinca o pesquisador.  
 

Indicações do professor para os amantes da ciência e os que querem estar mais por dentro deste universo:
 

1. Canal Nerdologia
 

 

2. Canal Astrotubers 
 


3. Canal Ciência Todo Dia
 


4. Canal Educação Científica (canal próprio do professor Alex Oliveira)

“Eu criei esse projeto como um blog em 2017 para falar sobre ferramentas educacionais para professores, e hoje é um canal no YouTube que fala sobre ciência para o público geral e educação para professores, e que agora tem um perfil no Tiktok para falar sobre curiosidades científica”, explica o docente. 
 


Sobre o entrevistado 

Docente na Escola Sesc de Ensino Médio, Alex Oliveira é Doutor em Astronomia pelo Observatório Nacional, com estágio de doutorado sanduíche no Observatoire de Paris-Meudon, França. Especialização MBA em Educação Moderna (PUCRS) e em Gestão Escolar (USP/ESALQ). Ampla experiência observacional em diversos observatórios incluindo o ESO (European Southern Observatory), no Chile. Trabalha com criação de materiais didáticos em física e outras metodologias de estímulo à divulgação científica. 

Cosmos 20 anos  

Alex Oliveira é o convidado especial da palestra de Vivian Miranda, "O trabalho coletivo na astronomia". Ele participa com um vídeo no qual deixa um comentário e uma pergunta para a palestrante da noite.