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Habitar Palavras: Tatiana Cestari
Ansiedade na Pandemia
Há pouco mais de um ano, a humanidade trava guerra a favor da vida, ao tentar manter-se longe da Covid-19, que já contaminou 14.659.011 brasileiros e levou 403.781 deles, à morte. (Dados coletados no dia 01/05/21, no site do Ministério da Saúde).
Ao tentar manter-se fisicamente e psicologicamente bem, algumas pessoas se veem diante de outro problema: a ansiedade.
Nunca se ouviu tanto falar da ansiedade como no último ano. É muito provável que quem não tinha ou ao menos não sofria interferência dela no cotidiano, passou a travar batalhas diárias e com isso teve que sofrer adaptações para conviver com a doença, considerada um dos males do século. Entre essas adaptações estão terapias e medicamentos.
Em meados de agosto de 2020, ou seja, cinco meses após o decreto da pandemia no Brasil, uma farmacêutica me revelou que a venda de medicamentos para controle da ansiedade havia aumentado cerca de 50% no município onde resido.
Somente quem convive com essa doença e sabe definir suas oscilações no decorrer dos dias, meses e anos, tem a capacidade de pautar cada momento de dor psicológica, que interfere também no físico.
Uma pessoa que não carrega a ansiedade nas costas já enfrenta seus problemas e muitas vezes se vê em situações de estresse. Já quem convive com a doença, carrega um peso bem maior. De uma vida repleta de incertezas, medos e dores.
Esses fantasmas não avisam quando surgirão. Eles simplesmente aparecem. Embora isso dependa, sim, do ambiente em que se vive e de como é o relacionamento com a família, no trabalho, parceiro (a), filhos e amigos.
Certamente todo ansioso já ouviu, alguma vez, algum dos comentários a seguir sobre os sentimentos causados pela doença: ‘é falta de Deus’, ‘coisa de gente que gosta de acumular problemas’, ‘falta do que fazer’, e por aí vai... e isso mais atrapalha do que ajuda num momento de crise.
É importante que aqueles que convivam com uma pessoa ansiosa busquem informações sobre a doença, para entender as dores de quem ama e, assim, poder ajudar ou ao menos evitar palavras e atitudes que possam acionar gatilhos que levem a uma crise.
Equilíbrio
Ninguém sabe quando é o fim da linha,
A única certeza é que ela chega,
Ninguém sabe quando será o último abraço,
A última risada,
O último suspiro...
Por isso,
Quando tudo isso passar,
Ria,
Abrace,
Beije,
Se jogue,
Peça perdão,
Perdoe
Viva o hoje,
Mas faça planos, sim,
Não deixe de acreditar em dias melhores,
Pois eles acontecem todos os dias!
Pensamentos positivos,
Atraem momentos positivos,
Atitudes positivas,
Atraem situações positivas.
E sabe o medo?
Ele precisa existir,
Afinal,
Ele nos mantém com os pés no chão,
Mas não permita que ele te domine,
Equilíbrio, sempre!
Um ano de incertezas
Já parou para analisar quantas vidas conhecidas, ou não, se foram nesse último ano, vitimadas pela Covid-19?
Já contabilizou isso em números? Isso, mesmo! Números! Pois é isso o que essas vidas são para a maioria dos governantes e até mesmo, quem sabe, para pessoas que não sofreram perdas.
Talvez tenha perdido seu pai, mãe, irmão, tios, primos, alguns amigos e aquele vizinho querido – ‘pau pra toda obra’...
Por isso, todas as manhãs, quando abro meus olhos, e antes que meu cérebro me leve a pensar nos problemas que preciso resolver durante o dia, faço uma breve oração. Basicamente agradeço a Deus por estar viva. Por manter a mim, pais, irmão, sobrinhos e outros familiares próximos, longe desse vírus terrível e, muitas vezes, mortal.
Também rezo e agradeço pela vida quando ouço as perdas de outras pessoas. Essas notícias chegam pela TV, por meio de conhecidos e pelas redes sociais.
Confesso que deixei de assistir noticiários com muita frequência, mesmo sendo jornalista. Não é questão de preferir certa alienação. Mas de poupar um pouco o psicológico. Ao menos nesse momento. Depois tudo volta ao normal.
Não há um dia em que eu acesse minhas redes sociais e não haja um internauta lamentando a perda de alguém querido. Já fiz isso, mas não mais. Decidi apenas rezar, deixando de aumentar essa lamentação virtual.
Há um ano, todos vivemos de incertezas. Não sabemos se vamos sair dessa pandemia vivos, contaminados, porém recuperados, ou, com muito cuidado e sorte, sem contaminação. Que cada um faça sua parte.
Por fim, tudo isso me faz lembrar que há mais de um ano algumas das palavras que mais usamos são: pandemia, auxílio emergencial, mortes, Covid-19, Coronavírus, lockdown, quarentena, testou positivo, luto, respirador, oxigênio, entubado (a), hospital, distanciamento social, entre dezenas de outras palavras associadas à doença, que já matou 403.781 brasileiros (dados do Ministério da Saúde, no dia 01/05/21).
Sigamos confiantes e com cada um fazendo sua parte, por si e pelos outros. Não é o momento de exercer egoísmo. É tempo de amar!
Sobre a autora
Natural de Guaraçaí, interior de São Paulo, Tatiana Cestari, 44 anos, é jornalista pela Universidade de Marília (Unimar). Já trabalhou como repórter e editora em jornais impressos e sites nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Atuou como assessora de imprensa de políticos e instituição sindicalista. Hoje presta serviços freelancer para um site e uma revista, além de microempreender no ramo da alimentação.
Habitar Palavras - Biblioteca Sesc Birigui
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