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Editorial
O crescimento vertiginoso
da cidade, observado nas últimas décadas, fez com que investimentos
públicos e privados se deslocassem do centro histórico de São
Paulo para outros bairros. Embora benfazejo, o desenvolvimento dessas outras
áreas implicou - por falta de planejamento urbano e de políticas
públicas inteligentes - o abandono da região, aos poucos esvaziada
de suas funções econômicas mais expressivas.
A deterioração física, a incúria de sucessivas administrações
municipais e a sua ocupação desordenada pelo comércio informal,
transformaram a área numa paisagem devastada e insegura, com bolsões
de pobreza e baixíssima qualidade de vida, hostil ao cidadão,
ao turista e aos investimentos.
As iniciativas recentes para a sua requalificação, promovidas
pelo poder público e por diversas instituições, são
um indicador importante de que as coisas estão mudando. Adquirindo o
antigo prédio da Mesbla para transformá-lo em um complexo cultural
e de lazer, o Sesc de São Paulo associa-se a esse amplo esforço
de renovação urbana.
Mas é preciso mais. É preciso atrair investimentos privados em
larga escala. Afinal, a região dispõe da maior e melhor infra-estrutura
de transportes, de comunicações e de serviços públicos
de todo o país, além de um patrimônio histórico e
arquitetônico precioso. Mas para que esses investimentos retornem ao Centro,
é necessário rever restrições urbanísticas
e de circulação viária, criar incentivos e outras formas
de estímulo ao empreendedor privado. Não há como recuperar
o Centro para a cidade - e para o cidadão - senão com a parceria
entre poder público, instituições e investidores. A cidade
foi construída assim. É assim, também, que pode ser resgatada.
Abram Szajman
Presidente do Conselho Regional do Sesc no Estado de São Paulo