Sesc SP

Matérias da edição

Postado em

A voz das urnas

Ney Figueiredo / Foto: Bruno Leite
Ney Figueiredo / Foto: Bruno Leite

Por: NEY FIGUEIREDO

Nota da Redação – Esta palestra foi proferida no dia 11 de setembro de 2014, um mês antes das eleições. Não se trata de uma projeção, mas de uma análise da conjuntura política naquele momento.


Fazer previsão é difícil. Alguém disse, me parece que foi Roberto Campos, que o Brasil é tão imprevisível que até o passado é difícil prever, porque vivemos reinterpretando tudo. Mas quero mais é ter uma conversa com vocês, falando sobre os perfis dos candidatos atuais, com uma projeção para cada um deles. Vou analisar também o Congresso Nacional, como vai ficar após as eleições. Muita gente diz que o Congresso é muito ruim, mas posso garantir que vai piorar. Estamos a três semanas da eleição e é difícil estar prevendo como vai ficar o cenário, mas atualmente o PMDB [Partido do Movimento Democrático Brasileiro] tem a maioria no Senado, com 18 senadores, o PT [Partido dos Trabalhadores], 13, o PSDB [Partido da Social Democracia Brasileira] tem 10, o PR [Partido da República], 8, o PTB [Partido Trabalhista Brasileiro], 6, o DEM [Democratas], 5, o PP [Partido Progressista], 5, o PDT [Partido Democrático Trabalhista] tem 5 e o resto são partidos com dois ou três senadores. O sonho de Lula sempre foi ter o Senado na mão, porque essa Casa tem dado as maiores derrotas ao governo.

País dividido

O debate hoje no Brasil é muito partidarizado, tudo é bélico, ou se está de um lado ou do outro, mas a ponto de se matar. Os que não concordam com as nossas ideias geralmente são considerados inimigos, então não temos adversários, mas inimigos. Em São Paulo, por exemplo, onde a rejeição ao PT chegou a níveis estratosféricos, a coisa é muito bélica. A luta de uma parte da sociedade brasileira para demonizar o PT deu certo, até Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] reconhece, porque houve tanto escândalo que era impossível não fazer efeito, o mensalão todo dia na televisão, Joaquim Barbosa e o procurador-geral da República falando. Isso vai aparecer nas urnas. Com a rejeição ao PT, por exemplo, na Bahia, onde estive há questão de 48 horas, é impressionante a virada que ACM Neto deu. Ele é baixinho, mas poderoso, está derrotando o PT, salvo virada na reta final.

Está acontecendo isso em Pernambuco, onde fizeram uma grande união entre Armando Monteiro e o PT, mas Armando está perdendo para Paulo Câmara, do PSB [Partido Socialista Brasileiro]. Então o PT está colhendo o que plantou. Em compensação o país ficou muito dividido, porque Dilma ainda tem grande aceitação nas cidades pequenas e entre a população de baixo salário, que são os beneficiários do Bolsa Família, do Bolsa Presídio, Bolsa Emprego, bolsa não sei o que, tem bolsa de tudo. Então vejo muito dividido esse país que o próximo presidente vai herdar. Depois há uma profusão de números, é tanto indicador, tanta análise e interpretação que já não sabemos mais em quem acreditar. Uma hora põem o Brasil lá em cima, outra hora lá embaixo, agora, por exemplo, estão mostrando que nosso desenvolvimento da educação não era bem aquilo que se pensava. O próprio TCU [Tribunal de Contas da União] disse ontem que a pobreza no Brasil é muito maior do que se acreditava. Toda hora aparece um dado novo, há uma profusão de informações e um fenômeno novo, que é a turboparticipação das redes sociais, principalmente para alimentar os boatos. É uma fofoca inacreditável, você já não sabe mais o que pensar.

Há também uma overdose de publicidade do governo, nunca se gastou tanto em propaganda como agora. E uma coisa que considero perigosa para o país: está se usando muito a mentira. Sempre se usou a mentira, todo mundo mente, mas o próprio governo, de forma cavalar, como diz a Miriam Leitão, traz dados infundados, que são desmentidos logo a seguir pelos fatos ou por entidades. Chegando ao ponto de o Banco Central querer processar o economista Alexandre Schwartsman porque ele fez uma análise. Como economista, ele tem todo o direito de fazer a análise que quiser. Podemos combater no campo das ideias, mas não proibir. Tanto que houve um abaixo-assinado com mil e tantas assinaturas, inclusive de economistas do governo, em favor de Schwartsman.

Problemas x felicidade

O Brasil apresenta uma série de contradições, com a economia profundamente desigual e o nível de educação lamentável, e tudo isso vai cair no colo do futuro presidente. Somos os últimos nas filas, a infraestrutura não funciona, a educação não funciona. Somos minúsculos naquilo em que poderíamos nos tornar grandes. Nunca o ambiente de negócios esteve tão ruim no Brasil. Eu era consultor político e virei consultor empresarial. Tenho um grande cliente, o GP Investments, antigo banco Garantia, que atua na área do private equity. É um problema trazer uma empresa para cá, ficou complicado investir no Brasil.

Há, entretanto, uma contradição em matéria de felicidade. Entre 158 países, pesquisados pelo Ibope internacional, o Brasil é o 19º povo mais feliz e no que se refere ao futuro – daqui a cinco anos – o brasileiro é o mais otimista de todos. Nos últimos anos houve mudanças assustadoras, a conjugação de estabilização da moeda com o crescimento mundial, o alto preço das commodities brasileiras, aumento do salário-mínimo, mais crédito, mais Bolsa Família, a explosão do consumo, a ascensão de vasto contingente dessa chamada nova classe média e a melhoria da condição dos mais pobres. Entre 2000 e 2012 a renda familiar média dos mais pobres subiu 45% e a dos 25% mais ricos, 13%.

Por outro lado, houve urbanização sem investimentos, consumo sem cidadania. Em 2012 tínhamos 3,2 milhões de domicílios das classes C, D e E sem água encanada, 9,2 milhões sem coleta de lixo e 19,3 milhões sem serviço de esgoto. De 2003 a 2013 passamos de 23 milhões para 43 milhões de automóveis. E agora proíbem o carro de andar na rua, Fernando Haddad criou faixas exclusivas para transporte público e o carro fica como uma estátua para deixar em casa. Os serviços públicos pioraram, saúde, educação, transportes, segurança.

E há a questão da desigualdade, que Eduardo Gianetti, um dos assessores da Dilma, tem sempre ressaltado. Em 1980, 81 milhões de brasileiros moravam nas cidades, hoje são 160 milhões. Mas isso não foi acompanhado por melhorias nos serviços públicos. Hoje 42% dos brasileiros se acotovelam em 2% do território e a urbanização não trouxe consigo os investimentos necessários. O resultado é que temos uma opinião pública confusa, a sociedade polarizada, a nova classe média contra os ricos, instituições políticas com baixíssima aceitação e muito desacreditadas, como a Presidência da República e o Congresso. A rejeição a Dilma e ao PT em São Paulo é resultado dessas contradições todas.

Fruto do acaso

Entrando agora especificamente na sucessão presidencial, escrevi na eleição passada um artigo para a “Folha de S. Paulo”, com o título “O Brasil depois das Urnas”. Como tive certa capacidade de previsão, resolvi repetir a dose. Naquele artigo escrevi que se Dilma mantivesse em seu núcleo central de decisão pessoas como Lula, [Antonio] Palocci e [Henrique] Meirelles era provável que repetisse o governo Lula, embora em condições econômicas mundiais não tão favoráveis. Acreditava que não devia mudar muita coisa. Dilma foi uma candidata escolhida por Lula, uma escolha pessoal, em minha opinião para evitar uma luta fratricida dentro do PT. Como se sabe, Dilma era pedetista, na origem, e ele a fez presidente da República.

Mas acontece que Lula, Meirelles e Palocci, por razões que já sabemos, acabaram não tendo nenhuma ação no governo dela. Então prevejo que, se a Dilma for reeleita, livre das amarras de quem a indicou, a tendência é de que volte a seu passado. Dilma é muito fruto do acaso. Teve uma educação de classe média alta, aprendeu francês, estudou piano. O pai tinha alguns recursos na área imobiliária, então até os 16 anos ela foi uma menina que ia ter o baile de debutantes, que casaria com alguém da elite de Minas Gerais. Mas ele morreu e ela se matriculou na escola mais subversiva à época, o Colégio Estadual Central de Belo Horizonte. Foi até uma atitude corajosa, porque tinha uma vida tranquila e foi para a luta armada.

Ela conheceu Carlos Araújo durante a militância política e mais tarde mudou-se para Porto Alegre, terra natal de Araújo, onde trabalharam juntos na fundação do PDT. Ele foi deputado estadual e tinha muita força no brizolismo. Alceu Collares, o primeiro negro a ser prefeito de Porto Alegre, a puxou para ser secretária da Fazenda. Mais tarde, o Alceu foi governador e ela o acompanhou, sempre pelo PDT. Quando o PT tomou o poder e [Leonel] Brizola caiu num certo ocaso, ela passou para o PT e foi secretária de Minas e Energia, do Rio Grande do Sul.

Em 2002, quando houve o apagão, Dilma apareceu em uma reunião em Brasília. Lula não a conhecia bem, mas ela tinha um laptop e apresentou muitos dados; o presidente ficou encantado com aquilo. E mais tarde nomeou-a ministra de Minas e Energia, em vez de escolher o professor [Luiz] Pinguelli Rosa, uma das grandes autoridades na área, que era o homem mais indicado para ser ministro. No ministério, o resultado de sua gestão estamos vendo agora, não foi uma boa gestora. Naquela condição, ela também presidiu o Conselho da Petrobras, com Lula sempre confiando muito nela. O candidato à sucessão de Lula seria José Dirceu, no primeiro mandato de Lula foi ele quem realmente exerceu o poder. Mas Dirceu caiu em desgraça, sendo eliminado da lista. Aí veio Palocci, que também caiu em desgraça. Lula então sugere o nome dela, mas foi numa sucessão de acasos que ela chegou lá. Num segundo mandato penso que, liberta desses compromissos e sem nenhuma chance futura de ser candidata a alguma coisa, ela será ela mesma, porque as rédeas e os freios não existirão mais. Para admitir o contrário seria preciso que ela deixasse de ser ela mesma. E depois temos o problema do petrolão, que promete ser muito mais estarrecedor que o mensalão quando forem revelados detalhes da Operação Lava Jato e os nomes de todos os envolvidos.

Com relação à Marina [Silva], realmente parece ser predestinada. Uma mulher que foi seringueira, sofreu inúmeras doenças, foi salva diversas vezes por intervenções médicas milagrosas, chegou a ser duas vezes senadora, com uma penetração na rede social muito grande. No movimento de junho de 2013 foi impressionante como ela cresceu nas redes sociais. Ela abre mão de algumas coisas, mas não abre mão de outras. Por exemplo, é aliada no Estado dela ao que existe de mais atrasado na política, os irmãos Viana. Em São Paulo não quer subir no palanque de Geraldo Alckmin, mas o vice de Alckmin, Márcio França, é o tesoureiro da campanha dela. Entre seus assessores, os dois que mais aparecem na mídia são o Eduardo Gianetti, muito mais conhecido como filósofo do que como economista, e André Lara Resende, que foi um dos pais do real, um empresário brilhante que está virando um filósofo também. Ele tem feito artigos quilométricos no “Valor Econômico” e em um deles escreveu: “A insatisfação da sociedade, retratada de forma difusa nos protestos de junho do ano passado, pode vir a ser catalisadora de uma mudança profunda de rumo, que abra caminho para um novo desenvolvimento no país, não mais baseado exclusivamente no crescimento do consumo material, mas da qualidade de vida”. Ninguém de nós aqui é contra. O que acontece é que para fazer isso, com esse Congresso que a cada legislatura piora, só com a força, porque nem Lula com a coalizão que tinha conseguiu promover a reforma política. Fernando Henrique [Cardoso] sonhava em fazê-la e não conseguiu sequer aprovar a cláusula de barreira.

Pulverização

Pelos dados que temos, não haverá grandes mudanças na Câmara Federal e o Senado não muda. Hoje o PT tem 88 deputados, o PMDB 72, o bloco PP, PROS [Partido Republicano da Ordem Social] e PSB tem 60, o PSD [Partido Social Democrático] tem 45. Aliás, esse PSD é um fenômeno, Gilberto Kassab consegue no fim de mandato fazer um partido que passou o PSDB em número de deputados, é uma coisa inacreditável. Mas não me parece que esteja mudando muito essa proporção de forças. Como o PT está perdendo em muitos estados em função do mau desempenho dos governadores, isso acaba se refletindo na bancada. O PSB vai crescer, tem uma bancada de 24 deputados e calculo que chegue a 36. Então acredito que não vai ocorrer uma grande mudança, mas vai haver mais pulverização, mais gente para ganhar ministério, pois o número de partidos com deputados federais eleitos pode chegar a 30.

No Senado também não muda grande coisa na base de apoio ao governo e o que muda é para pior. Não vejo como fazer o que André Lara Resende propõe com um Congresso desses e também não se pensa mais no Brasil em virada de mesa, não há clima para isso.

Aécio Neves é mais transparente. Ele delegou muito em Minas Gerais, dizem até que preferia ficar em Paris e no Rio, delegando poderes ao professor Vicente Falconi e a Antonio Anastasia, que fizeram um belo governo no estado. Então demonstrou capacidade de delegar e, como candidato, delegou a gestão da economia a Armínio Fraga, que já disse o que quer fazer, que seria basicamente a doutrina aplicada por ele quando foi presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique: sanear as finanças públicas e atuar em infraestrutura e na educação. Isso é mais ou menos transparente. Aécio tem alguma chance de ser presidente, mas em política a gente nunca sabe, já vi até boi voar.

O grande problema que vejo é a transição no caso de Dilma não ser reeleita. Eu não era consultor oficial, mas oficioso do presidente Fernando Henrique e não queria ir ao Palácio, porque no dia seguinte iam encontrar uma calcinha na minha vida. Disse: “Quero que o senhor saiba o que faço, que o chefe da Casa Civil saiba, que os principais ministros saibam e que a sua secretária saiba”. Nós nos falávamos quase que diariamente, pude trabalhar e, graças a Deus, não aconteceu comigo o que houve com o Eduardo Jorge, arrumaram uma amante para ele. A transição de Fernando Henrique para Lula foi a mais civilizada que já vi. Como havia uma boataria internacional, fomentada por especuladores financeiros, de que o Brasil ia pegar fogo, Fernando Henrique reuniu sua área econômica, com Meirelles e outros, Zé Dirceu participou também, e os despachou para os Estados Unidos para dizer que não era nada disso. A coisa chegou a um tal grau de civilização que o Lula, em retribuição a Fernando Henrique, deixou com ele quatro embaixadas importantes, Portugal, Itália, Inglaterra e França, o filé-mignon, além da presidência do Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas]. É inacreditável, jamais pensei que Lula fosse cumprir isso.

Não acredito que algo semelhante vá acontecer agora, porque o país está muito aparelhado, são milhares e milhares de pessoas, falam em 30 mil, 40 mil, já falaram até em 50 mil que estão no Judiciário, na Polícia Federal, nas estatais. Tecnicamente não dá para tirar essa gente toda. Eles não podem sair, é até um problema de sobrevivência. Então prevejo grandes dificuldades na transição.

O livro de Matias Spektor, 18 Dias, fala dessa ação de Fernando Henrique. Vejam um trecho: “FHC não agiu por benevolência ou simpatia pessoal por Lula, mas por puro cálculo político. A sobrevivência do real e do programa tucano de reformas sociais dependiam da aceitação nos mercados internacionais de um governo brasileiro de esquerda. FHC apelou aos Estados Unidos em nome de Lula, porque a economia se encontrava na berlinda e uma transição instável poderia destroçar seu maior legado, a moeda estável”. Vejam que o autor afirmou que FHC agiu para não deixar a moeda ser destruída, já que foi tão difícil combater a inflação.

Voltando aos candidatos, eu me baseio no que dizem na televisão e na imprensa. Confesso que não consigo entender Dilma. Ela às vezes me lembra Miguel Arraes, que precisava de um intérprete, ninguém entendia o que ele falava. No Dia das Crianças ela disse assim: “Se hoje é o Dia das Crianças, ontem eu disse que o dia da criança é o dia da mãe, do pai e das professoras, mas também é o dia dos animais. Sempre que você olha uma criança, há uma figura oculta, que é o cachorro atrás, o que é algo muito importante”. No nordeste ela disse: “Os bodes. Eu não me lembro qual é o nome, mas teve um prefeito que me disse: ‘Eu sou prefeito da região produtora da terra do bode’. Então vamos fazer um plano que atenda os bodes, que são importantíssimos”.

Marina, com seu marinês, afirmou: “Relação de mutualismo trófico, centralidade da necessidade, controles ex post facto, agenda plasmante, metabolização e completude para democratizar a democracia”. E o Aécio fala muito de Minas, parece até que o Brasil é Minas Gerais. O Brasil não é Minas, nem São Paulo é o Brasil. Ele se apega muito, inclusive está no programa dele, a dizer o que fez em Minas.

Como contribuição de uma agenda para o futuro, penso que o próximo dirigente tem de ganhar a batalha da opinião pública para estabelecer uma agenda de modernização do Estado, mais educação, mais infraestrutura e ambiente de negócios favorável. Quanto mais escolarizado, menos estatizante e mais democrático. Enquanto a sociedade não estiver convencida de que só o smartphone não traz consigo educação, saúde, transporte, segurança pública, política decente e um país forte, será difícil avançar.

Debate

CLÁUDIO CONTADOR – Existe uma diferença grande entre Lula, Dilma e Fernando Henrique, que é a escolha da equipe. A equipe dela é sempre muito pavorosa, é uma forma talvez até de se sobressair, eles são péssimos. Inclusive as pessoas não conhecem os ministros. No tocante aos assessores da Marina, não vejo o Gianetti nem o André Lara Resende muito entusiasmados, eram mais animados com Eduardo Campos, não tanto com ela. Acho que já perceberam que é uma figura difícil. Um defeito seriíssimo é a questão da lealdade. Ela não tem lealdade, inclusive com o próprio partido. O fato de dizer que não está interessada no segundo mandato, como você mencionou, complica. Pelo menos ficasse calada. A verdade é a seguinte: com Dilma não corremos nenhum risco, estaremos absolutamente certos de que teremos o caos. Com a Marina temos o risco. Então votemos de acordo com a nossa percepção de probabilidade.

JOSEF BARAT – Uma dúvida: os Estados Unidos têm o mecanismo da eleição primária e uma escolha prévia do candidato. As primárias configuram o jogo de forças que terá se ganhar a eleição, porque são por estado e consequentemente pela representação. No Brasil não existe isso e sempre achei que aqui o que substitui as primárias são os arranjos políticos nos estados. São 27, como se fossem 27 países com políticas e alianças diferentes. Eu acreditava que o candidato mais habilitado a fazer isso, portanto, com condições de chegar ao segundo turno, seria Aécio Neves, porque aprendeu a fazer isso. No entanto, não é o que está acontecendo, é outra lógica que está conduzindo as alianças. Esse jogo de partidos tem alguma influência no final ou a eleição vai ser decidida na base da emoção?

LENINA POMERANZ – Quando Marina disse que iria governar com os melhores de cada partido, surgiu a discussão sobre o que ela faria com os partidos políticos. De certa forma ela estaria subvertendo a ordem democrática, porque passaria por cima das siglas. Gostaria de ouvi-lo sobre essa avaliação.

NEY FIGUEIREDO – As observações de vocês me dão a oportunidade de dizer por que me interessei pelo marketing político. Em 1960, era muito garoto e morava nos Estados Unidos, por acaso liguei a televisão para ver um programa popular da época, não me lembro o nome, e avisaram que aquela programação seria interrompida para transmitir o primeiro debate ao vivo entre candidatos, que eram Richard Nixon e John Kennedy. Fiquei estupefato com uma coisa daquelas, porque nada tinha sido anunciado em lugar nenhum. Nixon foi o primeiro a chegar, sentou-se e depois apareceu John Kennedy, jovial e atlético. Jacqueline Kennedy estava no auditório, então ele pegou uma flor e foi primeiro entregar a ela, para depois sentar-se à mesa. Com isso já desarmou Nixon, que estava nervosíssimo. A diferença entre eles no voto direto, para se ter uma ideia, foi de 0,0001% no olho mecânico. Kennedy acabou vencendo e inaugurou o marketing político moderno no mundo todo.
De volta ao Brasil, mais tarde escrevi o livro O Poder da Propaganda, que me permitiu entrar nessa área, embora a obra só tenha tido efeitos práticos no meu bolso depois de 20 anos, porque escrevi pouco antes da chegada dos militares e ficamos 20 anos sem eleição. A primeira campanha que fiz foi para Tito Costa, em São Bernardo do Campo, que ganhamos, e depois aquela campanha famosa da Fiesp [Federação das Indústrias do Estado de São Paulo] para tirar o Theobaldo de Nigris, que estava lá havia uns 300 anos.
Voltando à questão dos partidos, realmente aqui é totalmente diferente. Nos Estados Unidos não ocorreria o fenômeno Collor, por exemplo, porque para poder ser candidato teria de passar por uma seleção partidária. Lá a coisa é resolvida pelas primárias e o candidato também precisa ter certo peso dentro do partido. Aqui é uma esculhambação total e absoluta, não se pode falar em partido. Lembro-me quando Getúlio dissolveu os partidos em 1937, dizendo que não representavam nada, porque não tinham ideologia. Depois veio Castello Branco, em 1965, e repetiu as mesmas palavras. Se alguém fizesse isso agora, diria a mesma coisa. No Rio Grande do Norte, por exemplo, é uma confusão, juntaram-se duas famílias que brigavam havia 50 anos, os Maias com os Alves, apoiando um só candidato, Henrique Alves. Estão aliados PMDB, que é da base de apoio ao governo, o PSB da Marina e mais uma coligação de 12 partidos, inclusive DEM e PSDB, mais destacados partidos de oposição ao governo federal, contra o PT e o PSD. Então como é que se pode falar em partido?
O governador de São Paulo tem como seu vice o PSB, que é o partido da Marina. Isso se repete em todo o Brasil, de uma maneira inacreditável. Um analista político de fora teria de ficar pelo menos um ano aqui para entender tudo.
O que vai acontecer com Marina? A aliança que Lula costurou funcionava mais ou menos com ele, que é um craque. O fato de ser antipetista e não gostar de Lula não escurece minha visão, ele realmente é um craque impressionante, soube lidar com esse pessoal todo. Ela não consegue. Por exemplo, será muito difícil tirar Eduardo Cunha da presidência da Câmara. Renan Calheiros está elegendo o filho com uma bela votação em Alagoas, aumentando sua bancada. Pelas regras, o partido que tem a maior bancada preside o Senado. Renan é eleito porque só faz isso, não sai de Brasília, resolve qualquer problema de qualquer senador, é o despachante dos senadores e participa de todas as reuniões. A imagem pública dele é uma e a interna é outra. Foi eleito com quase 80% dos votos dos senadores, depois de toda a campanha que a mídia fez contra ele. É um político ativo e vai ser muito difícil tirá-lo de lá.

EDUARDO SILVA – Um líder político só tem sucesso se conseguir passar emoção para o povo. Foi assim com Getúlio Vargas, que virou um santo homem. Faria Lima aqui em São Paulo tinha muito prestígio por seu jeito de ser. Jânio Quadros também passava emoção para o povo. Marina Silva está sensibilizando as pessoas só por sua imagem, é pura emoção. Agora, não sei se vai dar certo no governo. Mas o país não vai quebrar mais do que já quebrou. Não dá para elogiar nenhum governo da República como efetivamente ativo para melhorar a situação econômica.

NEY PRADO – O sentir vem antes do pensar. Os americanos têm uma expressão: “Do not explain, make them feel”. Não explique, faça o eleitor sentir.

NEY FIGUEIREDO – Nosso povo teria uma surpresa enorme se soubesse como as campanhas são feitas, o aparato tecnológico que se usa. Hoje temos, por exemplo, um instrumento chamado real time, inventado por um português. Funciona assim: pegamos um site, por exemplo, o iG, com o real time instalado. Se estou em casa, vendo o iG, o sujeito que está lá do outro lado sabe quem eu sou, onde estou e quais as matérias que naquele momento estão me interessando. Assim, o editor faz a pauta on time, porque sabe no que estou interessado. Essa é uma das armas que tem hoje o marquetólogo. Outra são as pesquisas qualitativas. Por que nas novelas de vez em quando alguém sofre um acidente e um personagem desaparece? Porque não está agradando. Há grupos qualitativos analisando a cada momento o programa.
No próprio debate o candidato leva um ponto e, se ele disser alguma besteira, o marqueteiro do outro lado já está com uma pesquisa qualitativa no ar. É tudo muito tecnológico e depende também de dinheiro. Por que uma campanha política custa R$ 200 milhões, R$ 300 milhões? As pesquisas são caríssimas.
Uma das explorações que se tem demais é realmente a emoção. Nos Estados Unidos fazem isso desde a década de 1970. Aqui Duda Mendonça foi talvez quem mais usou essas ferramentas. Não inventou, mas soube utilizar. Já tinha feito isso pela primeira vez na Bahia, com Mário Kertész. Foi interessante essa estreia dele. Maluf era candidato em São Paulo, sendo seu marqueteiro Roberto Medina. Eu era o coordenador de marketing e de pesquisa. Ocorre que Medina foi sequestrado e eu tinha de arrumar alguém que entendesse de televisão. Aloysio Biondi me falou de Duda Mendonça e ele veio para substituir o sequestrado, para ficar enquanto durasse o sequestro. E fez aqui a mesma campanha que tinha feito para Kertész, utilizando a mesma imagem do coração. Quando Medina foi libertado, foi para a casa do Maluf e ao ver o sucesso de Duda, ficou revoltado, dizendo que tinha sido traído. Ele e Duda discutiram e brigaram. Maluf me disse: “Se isso sair na imprensa, gasto um milhão de dólares, mas vou descobrir quem foi e vou acabar com ele”. Nunca saiu na mídia, porque o Maluf era de fazer mesmo. Isso veio a ser relatado mais tarde num livro meu, mas já não tinha mais importância.
A disputa entre Lula e Collor abordo em outro livro. Todas as pesquisas apontavam que o Lula passaria Collor. Aquele debate em que Collor levou um monte de documentos (não havia nada na pasta), a edição feita por Roberto Marinho foi fundamental, deu uma virada no jogo. Existe a pesquisa e o tracking, que, quando há dinheiro, é diário. Então os partidos acompanham diariamente o termômetro da população. Naquela época, já havia isso e tudo estava demonstrando que Lula ia passar, mas o debate foi fundamental. O que se montou foi o seguinte: como havia realmente medo de Lula ganhar, aquela história de Mario Amato, os 300 mil empresários que sairiam do país, diversas pessoas, inclusive eu, foram encarregadas de ligar para as federações empresariais do Brasil todo pedindo que repercutissem o debate nos estados, dizendo que o Collor ganhou. Funcionou demais. Isso tudo não é segredo, depois a Globo publicou e infelizmente eu estava metido nisso.

CONTADOR – Marina não seria um novo Collor?

NEY – Ela não tem nada do Collor, tem muito mais origem e legitimidade que ele. Ela teve 20 milhões de votos em 2010 e o Collor veio do nada. Aliás, na época, houve denúncias seriíssimas contra Collor, dos colegas dele de Alagoas. Divaldo Suruagy, que foi uma espécie de pai político dele, publicou um livro, A Grande Farsa, antes da eleição, mostrando tudo que havia acontecido e dizendo o que ia acontecer: vão roubar, esse cara é maluco, a família é maluca. Isso saiu no jornal, mas não adiantou, o povo já estava decidido e o medo de Lula era muito grande. Sinto agora essa união da sociedade contra a Dilma. O que falou no programa dela me deixou preocupado, porque é candidata a presidente da República. Disse que Marina vai acabar com o país, porque vai tirar a independência do Banco Central. É apelar demais.

ZEVI GHIVELDER – Nesse assunto do debate entre Collor e Lula criou-se o mito de que a Globo tinha manipulado. Na época, eu dirigia o telejornal da Manchete, vimos a fita inúmeras vezes e realmente Collor tinha se saído melhor. Não precisava a Globo fazer manipulação. Na verdade, o que transformou a campanha do Collor foi outra coisa. Leopoldo Collor, irmão do candidato, que era meu funcionário, foi quem trouxe aquela menina, dizendo que era a filha ilegítima do Lula. Essa foi a grande virada de Collor.

NEY FIGUEIREDO – Leopoldo me procurou no início da campanha e eu lhe dei um conselho. Disse que seu irmão não era conhecido no Brasil e seria bom levá-lo aos Estados Unidos para uma coletiva de imprensa. Brasileiro adora notícia que vem de fora. Fizeram isso, a primeira entrevista dele foi nos Estados Unidos e teve uma grande repercussão no Brasil.

MANUEL HENRIQUE FARIAS RAMOS – Sartre escreveu um livro, chamado Engrenagem, em que demonstra claramente que o sistema se coloca acima da vontade individual de quem quer que seja. O exemplo está aí, o sistema já está colocado. Aliás, sua exposição da composição do Congresso mostra as raízes e a fundamentação de como o sistema funciona. Então fico preocupado com a sobrevivência do próximo presidente. Se Dilma ganhar, o desastre está feito. Temos quase certeza das dificuldades que existem se o Aécio vencer. Então vou trabalhar com a hipótese da vitória de Marina. Ela não tem nenhuma disposição para governar acima dos partidos, não tem essa pretensão e vou dizer por quê. Tem a experiência de Napoleão III, no século 19, que tentou imitar o tio, comprometendo a vida de milhares de soldados e endividando a França. Mas ele foi eleito pelo proletariado e governou acima dos partidos. Obviamente caiu, como caíram Jânio Quadros e Collor, sem sustentação partidária. Lula não caiu com o mensalão porque teve um partido por trás a sustentá-lo.
Então, sendo eleita, como fica Marina? Eu a imagino ligada ao PSDB, não vejo alternativa. Mais do que isso, colocaria na Casa Civil alguém tipo José Serra, porque ela vai precisar se manter no poder para governar. Pedir racionalidade é pedir demais, mas temos hipóteses reais. Não sei se o senhor concorda com isso.

MÁRIO ERNESTO HUMBERG – Vejo os acenos que Marina tem feito a outros partidos e evidentemente o PSDB estará no governo dela. Ela tem mencionado também a possibilidade de levar Henrique Meirelles e Roberto Rodrigues para o ministério, o que comporia com certeza uma certa base política.

BARAT – Ela não poderia cair no colo do PT, de Lula?

PAULO LUDMER – Sobre o mesmo tema, o cientista político Marcos Nobre diz que houve uma peemedização de todos os partidos. O crime é suprapartidário, a oposição não tem significância. Portanto, as hordas da população se colocaram diante dos palácios por falta de interlocução com quem quer que seja. Qualquer um dos três que seja eleito deverá adotar medidas muito severas de natureza econômica. Como vai ficar o populacho, o andar de baixo?

NEY FIGUEIREDO – A transição no Brasil do império para a república foi muito branda, o presidente ficou com muitos poderes do imperador. Falam muito da base de apoio de Collor, mas ele tinha maioria no Congresso nos primeiros seis meses. Jânio também teve, o problema é que quis depois dar um golpe acima da democracia. Fernando Henrique teve um apoio no primeiro mandato maior do que Lula. Lula teve, assim como Dilma. Essas coisas são tecidas e o partido fundamental no governo Fernando Henrique e no de Lula não foi o PSDB, nem o PT, foi o PMDB. Ele foi o fiel da balança nessa coisa toda e acho quase impossível que Marina ou outro qualquer governe sem o PMDB, até porque esse partido tem uma vocação para o governo que nunca vi igual.

JOSÉ ROBERTO FARIA LIMA – E o PSD.

NEY FIGUEIREDO – Sim, e agora o PSD, mas esse partido tem uma coisa interessante, não é de direita, não é de centro, não é de nenhuma posição. Então o presidente da República tem realmente poderes muito grandes, principalmente no início do mandato. Acho que Marina, que foi senadora duas vezes, terá de compor. Não acredito inclusive que ela não vá ter uma forma de composição com o próprio PT, porque ela é fundadora desse partido, foi senadora duas vezes por ele e foi ministra de Lula.
Qual será a base dela? Tirando o PMDB, que está em todos os governos, o resto não sei. Certamente deve entrar também o PSDB. Não podemos esquecer que o partido dela tem quadros muito ruins. O próprio presidente atual, não tenho nada contra ele, mas quando abre a boca é um desastre. Inclusive, no processo de escolha dela para ser candidata no lugar do Eduardo Campos, ele disse que estava em dúvida. Mas que dúvida? E foi ideia dele colocar Renata Campos como vice, um absurdo total. Felizmente, ela não aceitou.

MOACYR VAZ GUIMARÃES – No frigir dos ovos, ganhe quem ganhar, vai prevalecer a frase do deputado Roberto Cardoso Alves: “É dando que se recebe”. Sem a aplicação dessa regra não se governará.

LUIZ GORNSTEIN – Seus colegas cientistas políticos consideram que um atraso político para o país foi a introdução da reeleição. Na prática isso adia o aparecimento de novas lideranças. Você acha que ela devia acabar?

ÁLVARO MORTARI – A história brasileira sempre teve uma participação constante dos militares. Atualmente, como você vê o desinteresse da área militar pela situação presente e futura do Brasil?

CONTADOR – Por falar nisso, qual a posição da Marina em relação aos militares? Lembro que ela nunca foi inimiga deles, mesmo com toda a repressão na região norte. A briga de Marina é com os latifundiários e o Exército tem uma função importantíssima naquela região.

JOÃO TOMAS DO AMARAL – Não se comentou a questão dos partidos nanicos. Qual é o nível de intervenção que eles possuem, tendo em vista essa grande pulverização que existe e uma tendência cada vez maior de surgirem novos nanicos?

NEY FIGUEIREDO – Com relação à reeleição, tendo em vista as características do país, acho que foi um mal. Hoje Fernando Henrique seria a favor de um mandato só, mas de cinco anos, como era. O instituto da reeleição é uma falha, porque dá ao ocupante do cargo uma condição antidemocrática. Veja o espaço que Dilma tem, ela simboliza o poder, e os meios de comunicação, mesmo que não queiram, são obrigados a acompanhá-la.
Com relação aos militares, não noto neles nenhum desejo de pagar a conta da intervenção outra vez, porque a que pagaram foi muito alta. A democracia está mais solidificada, as instituições estão funcionando. Então não vejo clima para eles voltarem, a não ser que haja uma balbúrdia total, mas aí seria mais para manter a ordem.
Quanto aos partidos nanicos, juntam-se muito em bloco, às vezes conseguem até um ministério e o fatiam entre si, o que é pior ainda. Quanto mais partidos, mais vai ser difícil dividir, porque eles se juntam em blocos e tem que atender a todo o bloco. É ruim para a democracia.

FARIA LIMA – Gostaria de saber até que ponto você acha que as urnas eletrônicas podem influenciar no processo de escolha do próximo presidente.

NEY FIGUEIREDO – Nos Estados Unidos houve uma fraude inacreditável na eleição do [George W.] Bush, na Flórida [em 2000], a ponto de o presidente do Supremo de lá, quando houve a decisão final que deu a cadeira a Bush em vez de a Al Gore, ter dito assim: “Nós nunca saberemos quem ganhou essa eleição. Sabemos quem perdeu, foi a democracia”. Foi uma vergonha. Então a fraude é possível. Houve um caso no Rio Grande do Norte que testemunhei. Fernando Bezerra, ex-líder dos governos FHC e Lula, perdeu a eleição para o Senado, mas até a véspera da eleição tinha dez pontos acima da atual governadora. Mas no distrito de Mossoró essa candidata, Rosalba [Ciarlini], teve 90% dos votos. Isso não existe. Vim a saber depois que o marido dela era o maior técnico na área de computação do Rio Grande do Norte e dono da empresa que cuidava disso. Procurei Tito Costa para impugnar a eleição, mas o prazo já tinha passado. Outro medo que tenho: não confio nesse presidente do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], José Dias Toffoli. A cultura jurídica dele é zero e o advogado de um partido, como ele foi do PT, não pode ser o presidente do Tribunal Eleitoral.
Finalmente, o financiamento público. Não pode continuar essa esculhambação que está aí. Um financiamento correto é muito difícil, há muitas propostas, mas nenhuma é perfeita. Temos de adotar a menos ruim, mas não continuar como está.

 


 

Ney Figueiredo é formado em Ciências Jurídicas, Sociais e Administração. No início da vida profissional foi defensor público e procurador federal. Foi consultor durante mais de 20 anos das principais entidades empresariais brasileiras, como Fiesp, CNI, Febraban, CNF, Fecomercio São Paulo, UBE e Fórum dos Empresários. Atuou em casos importantes da nossa vida empresarial, como nos embates de Daniel Dantas no Opportunity e na recente disputa entre Abilio Diniz e o grupo francês Casino.

Foi um dos precursores do marketing político no Brasil, tendo participado de dezenas de campanhas e assessorado inúmeros governadores, como Franco Montoro, em São Paulo, Roberto Magalhães, em Pernambuco, e Albano Franco, em Sergipe. Desenvolveu também importantes projetos no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Foi um dos fundadores do Centro de Estudos de Opinião Pública da Unicamp e relator do primeiro processo do Conar. Pertenceu por sete anos ao Conselho do Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, e foi diretor de diversas agências de publicidade, entre elas Alcântara Machado e DPZ, da qual foi um dos fundadores.

Escreveu dezenas de artigos e é autor ou coautor de 15 livros, destacando-se Diálogos com o Poder, Políticos ao Entardecer e Empresariado Brasileiro – Política, Economia e Sociedade.

Esta palestra de Ney Figueiredo, com o tema “Cenário Político Nacional depois das Urnas”, foi proferida no Conselho de Economia, Sociologia e Política da Fecomercio, Sesc e Senac de São Paulo, no dia 11 de setembro de 2014