Postado em
Um Lugar ao Sol
Na praia, na piscina ou mesmo na cidade, o bronzeado só vale a pena na companhia do filtro solar e de outros cuidados com a pele

Deque do Sesc Pompéia: "praia urbana"
"Pelo fato de a camada de ozônio [que protege a terra dos raios ultravioleta do sol] vir afinando, a passagem da luz é mais intensa", explica a dermatologista Denise Steiner, graduada pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em ciências médicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Com isso, a pele recebe mais radiação negativa." Segundo a especialista, entre os problemas que a exposição excessiva ou inadequada ao sol pode causar à pele estão a queimadura solar, alergias (como urticária ao sol), a chamada fitofotodermatose (aquela "mancha do limão") e, o que vem gerando cada vez mais preocupação, o câncer de pele.
Todo cuidado é pouco
O câncer de pele é um tumor formado por células que sofreram uma transformação e multiplicaram-se de maneira desordenada e anormal, dando origem a um novo tecido por meio de um processo chamado neoplasia. Entre as causas que predispõem a pele ao início dessa transformação aparece, como principal agente, a exposição prolongada e repetida à radiação ultravioleta do sol. Existem basicamente três tipos de câncer de pele. Os mais ligados ao sol, segundo a doutora Steiner, são o carcinoma basocelular e o carcinoma espinocelular. A médica explica que o primeiro - responsável por 70% dos diagnósticos de câncer de pele no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) - pode aparecer como uma ferida que não cicatriza ou também um nódulo brilhante na pele. "O carcinoma basocelular cresce devagar e compromete rosto e áreas expostas", conta a especialista. "Ele pode agredir a cartilagem do nariz e o globo ocular, e deve ser retirado. Normalmente não apresenta disseminação." Já o carcinoma espinocelular - diagnóstico em 25% dos casos, também segundo o Inca - cresce mais rápido e, com freqüência, compromete os lábios. "Esse também pode virar uma ferida que não cicatriza e deve ser retirado rapidamente, pois pode se disseminar." O terceiro tipo é o melanoma maligno e, segundo a dermatologista Ane Beatriz Nina, pode ser fatal. "O melanoma costuma aparecer como uma pinta escura e irregular, e pode apresentar diferentes cores dentro da mesma mancha", afirmou a médica em entrevista ao canal Espaço Aberto, do Jornal da USP.
Hora do bronze
As unidades do Sesc são a escolha de muitos que querem se refrescar ou tomar um "solzinho" sem sair de São Paulo. Além do deque do Sesc Pompéia, os parques aquáticos do Sesc Itaquera e do Interlagos chegam a concentrar 6 mil e 4 mil pessoas, respectivamente, em um dia de céu azul e sol. É exatamente por isso que, entre as funções dos técnicos e monitores das unidades, uma especial se agrega durante o verão: garantir que a diversão dos usuários seja segura - em todos os aspectos, mas, sobretudo, na "hora do bronze". (Veja Boxe: Pele Saudável) "Existem registros generalizados quanto aos fatores [casos de mal-estar] ligados ao verão", explica Jonadabe Ferreira da Silva, técnico do Sesc Itaquera. "Mas as ocorrências mais comuns durante esse período [verão] são alimentação inadequada, desidratação e ardência nos olhos." Já o Sesc Pompéia possui um deque conhecido pelos usuários como a "praia urbana".
O local chega a receber uma média de 500 pessoas em um final de semana. E, especialmente durante o Sesc Verão, a programação da unidade se encarrega de oferecer atividades que são verdadeiras dicas de cuidados com o sol e com o calor intenso. "A gente sempre entrega panfletos e fica de olho em idosos ou em famílias que trazem crianças pequenas", relata Octávio Weber Neto, técnico da unidade. "Mas, além do trabalho com cada usuário, a unidade oferece uma programação com vários artistas que fazem intervenções de cunho educativo sobre cuidados no verão." Na unidade Interlagos, um projeto de ação desenvolvido por uma equipe multidisciplinar se encarrega de desenvolver ações educativas em diversos assuntos, entre eles, os cuidados com a exposição ao sol. "São estratégias diretas e indiretas que traçamos com o auxílio de um material audiovisual", explica Fábio Henrique Miranda dos Anjos, técnico da unidade. "Usamos vídeos, animações, adesivos colocados em pontos estratégicos, anúncios na rádio-bolha - um sistema de som dentro do conjunto aquático - e ainda displays nas mesas do restaurante entre outros recursos."
O cuidado não vale só para quem se diverte. Nas unidades do Sesc todos os técnicos que ficam expostos ao sol por longos períodos recebem equipamento de proteção individual (EPI), kit composto de protetor solar (com fator acima de 30), boné, garrafas de água e óculos escuros. "Além disso, usamos roupas claras e leves, principalmente os que trabalham em áreas abertas, como quadras, campos, piscina, parques etc.", diz Jonadabe. A dermatologista Denise Steiner alerta sobre o fato de problemas de pele ligados à exposição excessiva ao sol por exigência da profissão serem considerados "doenças do trabalho" - principalmente no caso de profissionais como guardas de trânsito, carteiros ou trabalhadores da construção civil. "É indispensável para essas pessoas o uso do protetor solar, com fator 15 pelo menos, nas áreas expostas", recomenda a especialista.
Pele saudável
1. Evite a exposição ao sol no período das 10 às 16 horas, horário em que os raios são mais intensos.
2. Aplique bloqueador ou filtro solar indicado para a pele, pelo menos meia hora antes da exposição ao sol e repita a dose a cada duas horas, aproximadamente.
3. Não esqueça de usar filtro solar ou bloqueador inclusive nos pés, mãos e orelhas (locais onde a pele é mais sensível). Também não dispense o uso do protetor labial.
4. As partes que ficam mais diretamente expostas ao sol, como face, ombros, costas e braços, devem ser mais protegidas. Bonés e chapéus ajudam na proteção do rosto e ombros.
5. Os óculos de sol de boa qualidade (que impedem a passagem dos raios ultravioleta) auxiliam na proteção dos olhos, evitando as freqüentes dores de cabeça no verão.
6. Hidrate-se constantemente. No verão, o corpo perde muito mais líquido, que deve ser reposto com bebidas como sucos, água-de-coco e, principalmente, a velha e boa água mineral.
7. Evite bebidas alcoólicas. Apesar de darem sensação de saciar a sede, elas aceleram o processo de perda de líquidos por meio da urina - principalmente a cerveja.
8. Dê preferência aos alimentos frescos e leves. Saladas, legumes cozidos e frutas são muito bem-vindos.
9. Após a exposição ao sol, a pele deve ser hidratada. Existem produtos específicos disponíveis.
Consultoria: doutora Denise Steiner e departamento médico do Sesc Itaquera e Sesc Interlagos
