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Um exemplo de preservação

O mundo passa por um período de crises de vários tipos, entre as quais a de maior visibilidade, no momento, é a econômico-financeira. Muito mais grave, porém, e com conseqüências talvez mais dramáticas, segundo os cientistas, será aquela provocada pelas mudanças climáticas, e que afetará indiscriminadamente a vida de todos nós, ricos e pobres. Essas alterações, na maioria das vezes, são provocadas pela forma como lidamos com a natureza, provocando desequilíbrios de tal ordem que agora nos vemos obrigados a cuidar melhor dos recursos que ainda nos restam. A reportagem de capa desta edição fala de preservação, mostrando como e por que a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá se tornou um modelo eficiente para manter de pé parte da floresta amazônica, evitando a extinção de espécies e contando com a participação efetiva da população local nos diversos manejos ali desenvolvidos.

Se num trecho da Amazônia o Brasil dá bom exemplo, em outras regiões ocorrem situações opostas. Na agricultura, setor fundamental para a economia do país, a dependência da água é total, mas mesmo assim esse insumo nem sempre é tratado com a devida racionalidade e respeito. É o que vem acontecendo no oeste do estado da Bahia, onde boa parte dos produtores parece desconsiderar por completo o fato de que os bons resultados do agronegócio nacional se devem à disponibilidade de recursos hídricos. Ali, o uso de dispositivos para irrigação, que desperdiçam até 40% da água que os alimenta, tem levado diversos rios quase ao esgotamento, além de comprometer uma reserva de peso, o aqüífero Urucuia. Esse assunto é apresentado e discutido neste número, com um alerta dos especialistas, segundo os quais os padrões de utilização dos recursos hídricos no local são claramente insustentáveis.

Esta publicação teve sempre a preocupação de levar aos leitores informações a respeito de arte e cultura, e desta vez não foi diferente. Uma das matérias relacionadas a essa área trata do crescimento da atividade conhecida como arqueologia de contrato, graças à qual tem sido possível recuperar peças de grande valor histórico e artístico. Outra mostra a situação preocupante em que se encontram os museus brasileiros. Não é compreensível que um país trate seu acervo cultural com tanto descaso, a ponto de colocar em risco obras que são verdadeiros registros da memória nacional. Iniciativas como o Estatuto dos Museus, um projeto de lei que está em apreciação no Senado, nos dão no entanto a esperança de que esse cenário venha a melhorar.

Abram Szajman
Presidente da Federação e Centro do Comércio do Estado de São Paulo
e dos Conselhos Regionais do Sesc e do Senac