Sesc SP

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Educação

REVISTA E Novembro - 2006

 

 

FOME DE SABER

 

 

Cursos do novo Centro de Educação Permanente (CEP) do Sesc Vila Mariana reforçam o trabalho da instituição na difusão de conhecimento

 

 


Desde o início dos trabalhos do Sesc São Paulo, em meados do século 20, a difusão cultural sempre apareceu como uma das principais bases de trabalho. As ações no sentido de fazer chegar a comerciários e usuários em geral informações culturais, históricas e sobre assuntos de interesse geral - de política a alimentação - se formalizaram com um programa específico em 1960, quando surgiram as Unidades Móveis de Orientação Social (Unimos). O objetivo era levar atividades esportivas às cidades que não possuíam unidades do Sesc e formar grupos de interesse em teatro, cinema e fotografia. Ainda nos anos 60, a proposta foi ampliada com as Escolas Abertas da Terceira Idade, que levaram informação a um público distante da sala de aula. Buscava-se tanto a socialização do público idoso quanto a atualização de seus conhecimentos. Ao longo dos anos, outros marcos pontuaram o trabalho, como a inauguração do Sesc Pompéia, em 1982, unidade cujas oficinas de criatividade se tornaram referência para o espaço e, até hoje, centram-se na difusão do domínio de métodos e técnicas de diversas manifestações artísticas, como pintura, fotografia e música. Em dezembro de 1997, a inauguração do Sesc Vila Mariana representou um reforço nessa vocação, com uma programação contínua de cursos, seminários e congressos. "A unidade é vista como um dos principais pontos desse trabalho de difusão de conhecimento, não só na rede Sesc, mas também na própria cidade de São Paulo", afirma Olegário Machado Neto, gerente da unidade. "Os eventos realizados têm em comum o objetivo de debater temas da atualidade e apresentar as principais tendências e informações com dois vieses básicos: o desenvolvimento de uma consciência crítica e a promoção da qualidade de vida."


 

Educação permanente
Desde o dia 3 de outubro, o esforço em difundir informações para uma compreensão mais abrangente e crítica da realidade e da cultura vem contando com o Centro de Educação Permanente na unidade Vila Mariana.Os cursos, em diferentes áreas - o primeiro módulo contempla artes visuais, música, literatura, esportes, história, política, ciência e nutrição -, destinam-se ao público em geral e não exigem formação prévia nas áreas abordadas. "O CEP surge num momento de consolidar o trabalho que já era desenvolvido por intermédio dos seminários, congressos e fóruns de discussão", afirma o gerente. "Nós percebemos que havia uma demanda potencial para cursos como esses, vinda de pessoas que estão interessadas em conhecer melhor a realidade ou a manifestação artística de que mais gostam, como o cinema ou a música, por exemplo."



Após discussões internas na unidade - da gerência em conjunto com técnicos e encarregados da programação -, partiu-se para um trabalho de pesquisa no qual foi estabelecido um diálogo com universidades e centros de estudo. O resultado foi a definição de 60 possíveis cursos, em 11 áreas do conhecimento. "Aí foi o momento de o pessoal da unidade se reunir novamente", conta Olegário. "Afinal, nós temos profissionais que trabalham com música, dança, teatro, artes plásticas, cinema, fotografia, esportes, meio ambiente, educação física etc. E foi esse pessoal que estabeleceu as prioridades de assuntos para esse primeiro módulo." O próximo passo foi reunir o corpo docente, ou seja, escolher os professores que tivessem disponibilidade para ministrar as aulas. O resultado foi uma grade que conta com nomes como o professor titular de ética e filosofia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, o escritor Nelson de Oliveira e o astrônomo do Instituto de Astronomia Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) Amâncio Friaça, entre outros. "No que diz respeito a minha área, posso dizer que a sobrevivência da literatura de qualidade depende da qualidade dos leitores", afirma Nelson de Oliveira, que ministra, até novembro, o curso Benditos e Malditos da Literatura: Tradição e Ruptura. "Cursos rápidos de arte, literatura e ciência, que revelem às pessoas outros universos do conhecimento, são bastante necessários. Agora, é importante que, uma vez terminado o curso, as pessoas continuem investindo no próprio aprimoramento. É importante que continuem lendo e estudando, para que as portas desse novo universo não se fechem", recomenda. Para Reginaldo Mattar, professor-coordenador do curso de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e que ministra, também até o mês que vem, o curso Séculos 20 e 21: Conflitos e Guerras, o mundo atualmente vem necessitando cada vez mais da constante atualização do saber adquirido, nas mais diversas áreas, independentemente da profissão e da idade das pessoas. "Ao abrir um jornal pela manhã, devemos, minimamente, saber em que mundo vivemos, o que podemos fazer e como podemos fazer." Mattar acredita ainda que um dos pontos de destaque do trabalho está na oportunidade de profissionais de áreas diferentes poderem trocar informações. "É fundamental para um engenheiro, por exemplo, mergulhar numa discussão filosófica, assim como um filósofo aprenderia muito se pudesse ter conhecimentos da teoria da relatividade. Enfim, o mais importante é incitar as pessoas a pensar e estimular a ousadia intelectual."

 

 

 

 

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