FOME
DE SABER
Cursos
do novo Centro de Educação Permanente (CEP) do Sesc Vila
Mariana reforçam o trabalho da instituição na difusão
de conhecimento
Desde
o início dos trabalhos do Sesc São Paulo, em meados do século
20, a difusão cultural sempre apareceu como uma das principais
bases de trabalho. As ações no sentido de fazer chegar a
comerciários e usuários em geral informações
culturais, históricas e sobre assuntos de interesse geral - de
política a alimentação - se formalizaram com um programa
específico em 1960, quando surgiram as Unidades Móveis de
Orientação Social (Unimos). O objetivo era levar atividades
esportivas às cidades que não possuíam unidades do
Sesc e formar grupos de interesse em teatro, cinema e fotografia. Ainda
nos anos 60, a proposta foi ampliada com as Escolas Abertas da Terceira
Idade, que levaram informação a um público distante
da sala de aula. Buscava-se tanto a socialização do público
idoso quanto a atualização de seus conhecimentos. Ao longo
dos anos, outros marcos pontuaram o trabalho, como a inauguração
do Sesc Pompéia, em 1982, unidade cujas oficinas de criatividade
se tornaram referência para o espaço e, até hoje,
centram-se na difusão do domínio de métodos e técnicas
de diversas manifestações artísticas, como pintura,
fotografia e música. Em dezembro de 1997, a inauguração
do Sesc Vila Mariana representou um reforço nessa vocação,
com uma programação contínua de cursos, seminários
e congressos. "A unidade é vista como um dos principais pontos
desse trabalho de difusão de conhecimento, não só
na rede Sesc, mas também na própria cidade de São
Paulo", afirma Olegário Machado Neto, gerente da unidade.
"Os eventos realizados têm em comum o objetivo de debater temas
da atualidade e apresentar as principais tendências e informações
com dois vieses básicos: o desenvolvimento de uma consciência
crítica e a promoção da qualidade de vida."
Educação
permanente
Desde o dia 3 de outubro, o esforço em difundir informações
para uma compreensão mais abrangente e crítica da realidade
e da cultura vem contando com o Centro de Educação Permanente
na unidade Vila Mariana.Os cursos, em diferentes áreas - o primeiro
módulo contempla artes visuais, música, literatura, esportes,
história, política, ciência e nutrição
-, destinam-se ao público em geral e não exigem formação
prévia nas áreas abordadas. "O CEP surge num momento
de consolidar o trabalho que já era desenvolvido por intermédio
dos seminários, congressos e fóruns de discussão",
afirma o gerente. "Nós percebemos que havia uma demanda potencial
para cursos como esses, vinda de pessoas que estão interessadas
em conhecer melhor a realidade ou a manifestação artística
de que mais gostam, como o cinema ou a música, por exemplo."
Após discussões internas na unidade - da gerência
em conjunto com técnicos e encarregados da programação
-, partiu-se para um trabalho de pesquisa no qual foi estabelecido um
diálogo com universidades e centros de estudo. O resultado foi
a definição de 60 possíveis cursos, em 11 áreas
do conhecimento. "Aí foi o momento de o pessoal da unidade
se reunir novamente", conta Olegário. "Afinal, nós
temos profissionais que trabalham com música, dança, teatro,
artes plásticas, cinema, fotografia, esportes, meio ambiente, educação
física etc. E foi esse pessoal que estabeleceu as prioridades de
assuntos para esse primeiro módulo." O próximo passo
foi reunir o corpo docente, ou seja, escolher os professores que tivessem
disponibilidade para ministrar as aulas. O resultado foi uma grade que
conta com nomes como o professor titular de ética e filosofia da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, o escritor
Nelson de Oliveira e o astrônomo do Instituto de Astronomia Geofísica
e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São
Paulo (USP) Amâncio Friaça, entre outros. "No que diz
respeito a minha área, posso dizer que a sobrevivência da
literatura de qualidade depende da qualidade dos leitores", afirma
Nelson de Oliveira, que ministra, até novembro, o curso Benditos
e Malditos da Literatura: Tradição e Ruptura. "Cursos
rápidos de arte, literatura e ciência, que revelem às
pessoas outros universos do conhecimento, são bastante necessários.
Agora, é importante que, uma vez terminado o curso, as pessoas
continuem investindo no próprio aprimoramento. É importante
que continuem lendo e estudando, para que as portas desse novo universo
não se fechem", recomenda. Para Reginaldo Mattar, professor-coordenador
do curso de relações internacionais da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e que ministra,
também até o mês que vem, o curso Séculos 20
e 21: Conflitos e Guerras, o mundo atualmente vem necessitando cada vez
mais da constante atualização do saber adquirido, nas mais
diversas áreas, independentemente da profissão e da idade
das pessoas. "Ao abrir um jornal pela manhã, devemos, minimamente,
saber em que mundo vivemos, o que podemos fazer e como podemos fazer."
Mattar acredita ainda que um dos pontos de destaque do trabalho está
na oportunidade de profissionais de áreas diferentes poderem trocar
informações. "É fundamental para um engenheiro,
por exemplo, mergulhar numa discussão filosófica, assim
como um filósofo aprenderia muito se pudesse ter conhecimentos
da teoria da relatividade. Enfim, o mais importante é incitar as
pessoas a pensar e estimular a ousadia intelectual."
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