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Herdeiros da liberdade

Remanescentes de quilombos sobrevivem há quase 300 anos em Goiás

ALINE CÂNTIA e LEONARDO BOLONI


Foto: Leonardo Boloni

Amanhece no planalto Central, e o sol já ilumina as serras goianas e o rio Paranã. Numa humilde casa de adobe, o café, adoçado com rapadura, está quase pronto. Ao redor do fogão a lenha, as crianças riem e brincam com o prato na mão, as mulheres terminam de fritar o biscoito e os homens tiram o primeiro dedo de prosa do dia. Em poucos minutos, todos estarão saindo. É hora de ir para a roça, lavar os utensílios no rio, torrar a farinha ou seguir para a escola. Assim começa mais um dia na comunidade calunga, a maior das remanescentes de quilombos do Brasil, com seus 237 mil hectares de área. Escondida entre as montanhas da chapada dos Veadeiros, a 300 quilômetros de Brasília, abriga mais de 4,5 mil pessoas.

Quem trafega pela rodovia GO-241, entre Teresina de Goiás e Cavalcante, e vê a placa "Para o Vão de Almas, só carro traçado [com tração nas quatro rodas]", junto a uma porteira antiga, nem imagina que aquela é a entrada para um universo rico em tradições. A história do povo calunga vem de longe. No século 18, os bandeirantes Bartolomeu Bueno da Silva, chamado pelos índios de Anhangüera, e João Leite da Silva Ortiz deram início à colonização daquela região (que a princípio foi chamada de Minas dos Goiases - a partir do nome de um povo indígena que vivia naquela área, rica em ouro). As populações nativas foram escravizadas, destruídas ou tiveram de fugir e buscar novo hábitat.

Como havia necessidade crescente de mão-de-obra, levas de africanos foram para lá enviadas, diretamente dos portos de Santos, Salvador e Rio de Janeiro. Por essa razão, eles se tornaram, junto com os indígenas, os principais elementos da colonização do estado de Goiás, que nasceu da exploração do ouro. Os escravos, contudo, sonhavam escapar dos maus-tratos e viver em liberdade. O preço a pagar era ter de deixar para trás parentes e amigos e encarar um caminho repleto de incertezas.

Aqueles que se aventuraram tiveram de se esconder por muitos anos em locais de difícil acesso. Foi assim que travaram contato com indígenas das tribos acroá, capepuxi, xacriabá, xavante, caiapó, carajá, avá-canoeiro, que com o tempo os ajudaram a conhecer melhor o novo território. "Eram nossos compadres, sabiam direitinho quando ia ou não chover. Se no caminho tinha cobra, onça...", relembra Dermetrino dos Santos, de 75 anos, morador do Vão de Almas. Ele é um dos personagens de uma história de quase 300 anos de luta diária pela sobrevivência.

Os antigos escravos enfrentaram muitas dificuldades para vencer as adversidades impostas pelo sertão goiano. Foi preciso aprender a conhecer e a domar o meio ambiente para reconstruir a vida. Deram ao local onde se instalaram o nome de Calunga, que na língua banta significa "lugar sagrado", "de proteção". Começaram, então, a observar a melhor época para plantar e colher, a reconhecer a madeira boa para fazer embarcações, móveis, ferramentas ou utensílios domésticos. Descobriram que algumas plantas podiam ser usadas como remédio e que era possível sobreviver na chapada dos Veadeiros retirando da natureza apenas o essencial. "A gente arranca a mandioca e já planta no mesmo lugar. Tirou, tem de devolver, não está certo?", pergunta Eva dos Santos, esposa de Dermetrino.

A região, devido às dificuldades de acesso, parecia perfeita como esconderijo: muita serra e, principalmente, rios. Entre eles, o grande Paranã, que corta o território calunga e tem vários afluentes: rio Prata, ribeirão dos Bois, rio das Almas (hoje, rio Branco), rio Bezerra, etc.

Com o tempo, os ex-escravos foram se distribuindo pelas encostas de montanhas que ladeiam o vale do rio Paranã. Hoje, são quatro núcleos principais de população: Contenda, Vão de Almas, Vão do Moleque e Ribeirão dos Bois, todos formados por pequenos povoados, como Engenho II, Diadema, Vargem Grande, Taboca, Tinguizal, Choco, Funil, Riachão, entre outros. Nomes que estão ligados ao dia-a-dia daquele povo ou falam da sua relação com a natureza.

Passados quase 300 anos da formação do quilombo, as condições de vida no território calunga pouco mudaram. Ainda hoje, andar por lá, só a pé ou no lombo de mula. Como não há estradas, os membros da comunidade são obrigados a longas caminhadas para ir às roças, que podem ficar muito longe das moradias. Numa região de solo bastante arenoso, quando uma boa faixa de terra para o plantio é localizada, eles não se preocupam muito com a distância, pois sabem que é lá que poderão cultivar alimentos para o sustento das famílias.

Essa realidade faz parte do cotidiano de Eva e Dermetrino, que, além de rezadores e benzedeiros, sempre viveram do cultivo da roça. Os dois estão juntos há quase 50 anos, e seu casamento foi "arrumado" pelo pai da noiva, a qual na época tinha 19 anos. "Ele foi lá em casa e conversou com o meu pai. Passou um mês, e a gente se casou. Depois de oito dias, meu pai me levou para a casa dele, quer dizer, do pai dele, que foi onde a gente morou uns anos ainda", conta Eva. Para eles, a vida continua praticamente a mesma desde aquela época. "Sempre trabalhei. Está vendo essas ramas aí? Eu busquei longe, mas longe mesmo, lá no pé do morro do Migué", diz ela, enquanto já descasca a mandioca para fazer a farinha.

Folia e chuva

O Santos Reis chegou
chegou na porta e parou
e foi dizendo boa noite,
boa noite, morador.

"Boa noite!", responde o anfitrião, que já preparou o café forte e a broa de mandioca para receber quem bate à porta.

"É a folia-de-reis, festa bonita que gira de casa em casa, pedindo a Jesus Cristo que abençoe a família e não se esqueça da chuva, que é pra modo do milho crescer", conta Cassiano Rodrigues, folião e alferes da bandeira na festa do povoado da Ema.

O evento movimenta toda a comunidade. Nos dias que o antecedem, o assunto é só esse, e o pessoal deixa as roças para ajudar no que for preciso. Uma turma de dez homens fortes se reúne para matar o boi, que vai virar jantar. Aliás, um delicioso jantar, preparado pelas mulheres e meninas.

Tão logo o sol se esconde no dia 1º de janeiro, começa a festa da "saída da folia". É hora de agradecer as graças alcançadas e fazer pedidos para o novo ano. "Vamos pedir muita chuva. Com esse tempo seco, a roça não cresce. A gente planta, mas não nasce", conta José Pereira das Virgens. Enquanto esperam pelos foliões, o tema da conversa é a chuva, que está demorando a cair... "Ainda não chegou, mas hoje meu cachimbo chiou. Isso quer dizer que vai chover", afirmava Lió dos Santos, conhecida como Velha Lió, moradora do povoado da Ema. "Não sei, não, ainda não apareceu vaga-lume. E já viu, quando aparece, é chuva na certa", dizia outro, secando o fumo na chapa do fogão a lenha. E a conversa segue adiante... Até se ouvir os foguetes, sinal de que os foliões estão chegando.

Em tom de festa e de fé, as pessoas são recebidas pelos donos da casa. O alferes da bandeira vai à frente, abrindo caminho. Depois de muito canto e muita reza, as mulheres mais velhas se juntam para a sussa, dança de origem africana que foi preservada pela comunidade. São elas que puxam os versos, ao som dos pandeiros e violas dos foliões. "Levanta a saia, mulata. Não deixa a saia molhar. A saia custou dinheiro, dinheiro custa ganhar", canta Domingas dos Santos, enquanto convida as comadres para dançar também.

Depois das cantorias, é hora do jantar, em uma mesa farta. Os foliões são os primeiros a ser servidos pelos anfitriões. Satisfeitos, cantam, então, o Bendito de Mesa, para pedir continuidade na fartura, agradecer e abençoar o alimento. E, antes de ir embora, tocam a curraleira, com sapateados e cantorias, "como numa catira", explicam. Numa grande brincadeira, cantam versos já conhecidos e ainda aproveitam para improvisar e convidar as mulheres para dançar a sussa novamente. A animação só termina quando o alferes chama todos para seguirem a estrada: é hora de montar as mulas e começar o giro da folia.

E o cachimbo da Velha Lió não mentiu... Para alegria geral, todos vão embora debaixo de uma forte chuva, que cai pelo resto da noite. Cavalgando pelo cerrado, os foliões atravessam a madrugada batendo de casa em casa, e tudo volta a se repetir: saudação, bênção da casa e da bandeira, o café, a broa de mandioca, a sussa e a curraleira. E o giro continua, até que o galo começa a cantar, e eles pedem abrigo na última casa visitada, onde passarão o dia. Lá é o pouso da folia, onde dormem em redes armadas na casa ou à sombra das árvores no terreiro. Os foliões são tratados com honrarias pelos anfitriões, almoçam, rezam e cantam até baixar a noite, quando seguem para mais um giro. E assim será até 6 de janeiro, quando podem arrematar a folia.

Época de encontro

Sem contar com uma igreja ou a presença constante de um padre, o povo adotou maneiras próprias de demonstrar sua religiosidade. A principal delas são as festas populares, que também desempenham importante papel social. Como a comunidade é dividida em núcleos distantes, é nessas ocasiões que parentes se revêem, crianças são batizadas, muitos jovens conhecem seus futuros maridos e esposas, namoros viram casamento, lideranças locais se encontram com representantes políticos. "Moro em Goiânia desde menina, mas não deixo de estar presente. É na festa de Nossa Senhora da Abadia que relembro que sou calunga de verdade. Não quero perder isso de jeito nenhum. E trago minha filha, para ela aprender também", afirma Irene dos Santos, que foi estudar fora quando tinha 8 anos.

As festas populares são as maiores heranças trazidas pelos primeiros moradores da comunidade calunga. Como eles vieram de diversos lugares e chegaram ali em diferentes períodos, algumas das festividades também são típicas de cada local. A grande festa do Vão de Almas é o Império de Nossa Senhora da Abadia, e acontece em agosto. No Vão do Moleque, comemora-se a Senhora do Livramento, em setembro. No mês de outubro é a vez da Senhora do Rosário, festejada no Tinguizal. No entanto, outras, como as folias, ocorrem em praticamente todos os povoados.

Para o lavrador calunga, as festas religiosas marcam momentos importantes do ano: as comemorações que acontecem em toda a comunidade vão de janeiro a junho. Com a folia-de-reis, eles festejam o plantio e pedem chuva para o ano que se inicia. Com Santo Antônio e São João, saúdam o fim da colheita e agradecem a fartura.

Quando não é época de festejos religiosos, os moradores também dão um jeitinho de se reunir para dançar e brincar. "Pode ser no forró, no samba, nas músicas da igreja ou das folias. Eu gosto mesmo é de dançar e de cantar", diz Cida de Aquino. Ela e sua irmã, Deth Soares, ambas ainda jovens, moram na comunidade de Ribeirão dos Bois e adoram uma boa festa. A alegria, aliás, é a marca registrada desse povo.

Comida e remédio

"Pode servir os moços. A comida é simples, mas foi preparada com carinho. Nosso café é preto mesmo, mas tem um biscoitinho também. No almoço não tem carne, porque não está podendo matar o gado e não deu peixe", explica a Velha Lió, sempre preocupada com os amigos e parentes, que a visitam com freqüência para jogar conversa fora ou pedir conselhos.

A culinária calunga é constituída de arroz, mandioca, farinha, milho, maxixe, quiabo, guariroba, feijão e carne de peixe ou de boi, tudo preparado em antigos fogões a lenha. Legumes e folhas não fazem parte do cardápio, e é raro encontrar um pé de alface ou de chicória em seus terreiros. Os alimentos que os calungas aprenderam a consumir vêm do cerrado. É dali que são extraídos palmitos, frutas e raízes. É comum ver grupos de crianças pelas matas e beiras de rios em busca de cajá, manga, pitomba, pinha, murici, goiaba, araçá, entre outros. E sempre voltam para casa com sacolas e bolsos cheios. Além dessas frutas, encontram os coquinhos da pindaíba, dos quais extraem o óleo, e o pequi, que vira conserva. O gergelim, torrado e moído, serve para fazer um tipo de mingau com leite, muito saboroso e nutritivo.

Os calungas mantêm a tradição de "fazer boca de pito" com o café, embora seja difícil ver um pé em suas roças e terreiros. Antigamente, era com as sementes de uma planta amarela do cerrado que eles chamam de "fedegoso" que se fazia uma espécie de café. "A gente ainda encontra bastante dela por aí, mas é muito amarga e não se usa mais. Mas, antes, era só o fedegoso mesmo", conta Cida de Aquino, de Ribeirão dos Bois.

O tabaco é cultivado nos terreiros e preparado em casa, onde vira fumo de rolo ou, como é chamado por lá, "taboqueiro". Os mais velhos usam o cachimbo feito de barro ou do galho da roseira, sempre na mesma hora, como se fosse um ritual. Para acendê-lo, muitos ainda utilizam o artifício - um tipo de isqueiro rústico, que nada mais é do que uma ponta de chifre cheia de algodão desfiado, que uma faísca transforma em braseiro. O fumo é também empregado em combinação com a cinza dos fogões a lenha para arear os dentes. Mascar fumo é também uma forma de aliviar a dor de dente. Alguns fazem ainda o "moído", ou rapé, à base de fumo e de outras ervas.

Como o povo calunga sempre viveu em contato direto com a natureza, aprendeu a conhecer raízes e plantas. Dermetrino, do Vão de Almas, garante nunca ter ido ao médico em toda a sua vida. "Quando adoeço, o que é difícil, graças a Deus, sempre uso remédio do mato. Todo dia de manhã tomo uma mistura com raiz de jalapa e nada de ruim me pega", diz ele, que até hoje se vira com o que aprendeu com os antepassados. A dor de estômago, por exemplo, pode ser curada com lasca de chifre torrada e moída. "Cheirar esse pó alivia dor de cabeça", garante ele, que acredita que as doenças de hoje chegaram junto com o pessoal da cidade.

Para dar melhor sustentação a essa população, as prefeituras dos municípios mais próximos criaram um programa de capacitação para agentes de saúde da comunidade. Assim, sem deixar de lado o uso de raízes e ervas, o povo calunga vem utilizando novos recursos para melhorar o próprio dia-a-dia.

Posse da terra

Ao longo de sua história, os calungas nunca deixaram de enfrentar lutas e inquietações, mas também conheceram conquistas importantes, principalmente em relação à terra, que um dia foi toda deles. Depois, veio sendo tomada por grileiros e fazendeiros, que causaram muita confusão na região. A Velha Lió lembra-se bem dessas histórias. "Gente de fora foi chegando e colocando cerca como se fosse tudo deles. Um desses moços veio aqui em casa e, quando fui ver, ele tinha um revólver. Fiquei brava e disse que daqui não ia sair. E aqui estou, até morrer, na minha terra calunga."

Mas como explicar que a terra era deles, se ninguém tinha documento que comprovasse? A vida era tão simples por lá, que quando precisavam de sal ou de roupas de tecido, iam até Barreiras (BA) em lombo de burro ou Belém do Pará em pequenos botes. "A gente saía pelo Paranã, caía no Tocantins e seguia até a cidade de Belém. E como demorava... Partia no dia 1º de maio e só voltava no 1º de maio do outro ano. Lembro que era uma choradeira de tristeza na ida e outra de alegria na volta", lembra Romão Vieira, que diz ter feito a viagem umas quatro vezes. Com tanta dificuldade, ninguém se preocupava com propriedade. Para eles, a terra era o lugar de morar, trabalhar e viver.

Na década de 80, o povo, que vivia tranqüilamente, foi se defrontando com uma série de problemas. De início, a cada dia chegava um grupo de garimpeiros. Além do ouro que ainda existia por ali, havia muitos tipos de minerais: cassiterita, tantalita, manganês, cristal de rocha... Sem contar a brita, o calcário e a areia. Não demorou e vieram madeireiras, mineradoras e empresas produtoras de carvão. Então, o território calunga começou a correr perigo.

Durante muitos anos, a região foi alvo dessa gente que vinha de fora e colocava cercas, queimava casas e, assim, destruía também o sossego do povo. Neste ano, porém, a situação parece finalmente caminhar para bom termo. Foi estabelecido um convênio entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o estado de Goiás para regularização fundiária das terras. A ação, que contará com recursos do MDA e do Incra, está orçada em R$ 19,3 milhões, dos quais R$ 3,3 milhões relativos à participação do governo estadual. Numa parcela de 100 mil hectares há habitantes não quilombolas, que deverão ser retirados da área. Trata-se de propriedades particulares, e nesses casos está previsto o pagamento de indenização da terra nua por meio de Títulos da Dívida Agrária (TDAs) e das benfeitorias, em dinheiro. Essa medida atende ao decreto 4.887, de 20 de novembro de 2003, que definiu a política do governo federal para as áreas quilombolas.

Novos tempos

Há alguns anos, a comunidade calunga começou a ser "assunto" entre os governantes. "Queremos acabar com a pobreza, mas sem perder nossa história", afirma Ester de Castro, calunga e vereadora na cidade de Teresina de Goiás.

Em meados de 1997, Sirilo dos Santos Rosa, líder comunitário do povoado Engenho II, enviou ao Ministério da Educação um pedido de uma escola calunga, pois só assim os jovens permaneceriam no local. Entre 1998 e 2001, uma equipe do ministério visitou diversas comunidades, que ganharam escolas em alguns povoados - medida essencial, porque a história começou a ser contada a partir das próprias vivências do povo -, além de livros e cadernos de atividades.

Além disso, a comunidade Engenho II recebeu, no início de 2004, iluminação elétrica. Para os mais velhos, essas novidades ainda geram desconfiança. A Velha Lió acha que nada precisa mudar. "Nunca teve luz nem nada disso. Eu durmo cedo, levanto com o sol e, além do mais, a candeia com a cera de aratim ilumina e ainda perfuma a casa", afirma ela, enquanto acende seu cachimbo. Para outros, no entanto, é um sonho. No povoado de Diadema, a dona-de-casa Deth Alves faz planos de abrir um bar ou um salão de beleza.

De acordo com a pesquisadora Bernadete Lopes, atual diretora de Proteção do Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Palmares, a instalação de energia elétrica, ao mesmo tempo em que leva informação e possibilita geração de renda para a comunidade, também pode interferir na preservação da cultura. "Agora, os calungas poderão ter fábricas e pequenos negócios funcionando no local, além de dispor de informação bem perto deles, o que é essencial nos dias de hoje. Claro que isso acarretará mudanças de hábitos, mas, no caso dessa comunidade, a energia elétrica é vital", afirma.

Há, porém, um perigo no ar, principalmente porque a comunidade está se tornando conhecida e já começa a atrair a atenção de turistas. Se não receber a devida proteção, o território calunga corre o risco de ser tomado pela exploração comercial por parte de aventureiros. Aquela terra e seus habitantes, afinal, fazem parte de um capítulo importante da história do povo brasileiro e merecem respeito.

 

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