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Dossiê

Mãe Coragem
Mãe Coragem e seus Filhos, uma das obras-primas do teatro mundial, escrita por Bertolt Brecht em 1938, ganhou nova adaptação sob direção de Sérgio Ferrara. Depois de estrear com sucesso de crítica e público no Festival de Teatro de Curitiba, a peça, que conta com Maria Alice Vergueiro, José Rubens Chachá e Rubens Caribé, chegou ao palco do Teatro Sesc Anchieta, reproduzindo a história da vendedora ambulante Ana Fierling e seus filhos, durante a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). A adaptação e a tradução da montagem ficaram à cargo do crítico teatral Alberto Guzik e de Maria Alice Vergueiro. A peça segue em cartaz até o dia 30 de junho. Confira no Em Cartaz os dias e horários do espetáculo.
"As mulheres que vivem no morro são como Mãe Coragem, têm alegria de viver. O filho pode ter morrido, o marido pode estar preso, mas ela sai, vai à luta, batalha, vê o
Carnaval. Mãe Coragem é exatamente assim. Acho que isso foi da minha geração.
Nós queríamos a política, mas também a sensualidade"
Maria Alice Vergueiro, protagonista de Mãe Coragem e seus Filhos, em cartaz no Teatro Sesc Anchieta

Plantando Alternativas
O Sesc Itaquera realiza, até o dia 2 de junho, o projeto Plantando Alternativas, reunindo uma feira de produtos orgânicos, palestras, oficinas, apresentações musicais e teatrais e uma tradicional cerimônia japonesa, o Festival Tanabata, também conhecido como Festival das Estrelas. Um dos acontecimentos culturais mais tradicionais da comunidade nipo-brasileira, que se instalou também na região de Itaquera, a festa inspira-se numa antiga lenda chinesa incorporada pelo povo japonês: dois amantes castigados foram transformados em estrelas e separados pela Via Láctea. Comovido com a tristeza do casal, o Senhor Celestial permite um único encontro anual, no qual os desejos de todos são atendidos.

Faces de Eva
A baiana Nana Meirelles (foto) apresentou a modernidade e o suingue eletrônico de seu disco Alta Costura no projeto Faces de Eva, no Sesc Consolação. Entre outras artistas emergentes, participaram também Ana Lee e a paulista Bia Biagi, cantando músicas de João Donato. O projeto dá continuidade à idéia de abrir espaço para que novos talentos femininos da arte nacional divulguem seus trabalhos. Durante todo o mês, apresentaram-se cantoras e compositoras de diferentes estilos e influências. Em comum, o fato de estarem lançando seus primeiros álbuns.


Responsabilidade social
O Instituto Ethos e o jornal Valor Econômico promoveram em maio, no Sesc Vila Mariana, a cerimônia de premiação da segunda edição do Prêmio Ethos-Valor, que tem como objetivo estimular a discussão da responsabilidade social das empresas na comunidade acadêmica. Participaram do concurso alunos de pós-graduação e do último ano dos cursos de graduação que desenvolvem projetos sobre o tema. Os trabalhos finalistas serão publicados em CD-ROM e distribuídos em universidades e centros de pesquisa. Além da cerimônia, que contou com a presença do Diretor Regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, houve também o lançamento do livro Responsabilidade social das empresas - A contribuição das universidades.
"Se a nossa única ambição no trabalho é ganhar dinheiro, seremos facilmente comprados ou vendidos. Se a nossa ambição é colocar nossos valores em prática, a felicidade está ao nosso alcance" Oded Grajew, diretor-presidente do Instituto Ethos, no Sesc Vila Mariana

Viver bem pra mais de cem
No mês passado, no Sesc Bertioga, aproximadamente mil idosos, provenientes de grupos que freqüentam unidades do Sesc, na capital e no interior, estiveram reunidos para discutir questões relativas ao meio ambiente e à qualidade de vida. Além disso, o encontro ofereceu diversas possibilidades de participação, através de oficinas de reciclagem, painéis sobre ecologia ambiental, vivências corporais, esportes adaptados, trilhas ecológicas e caminhadas.

Hype
O Sesc Pompéia apresentou, em maio, o festival de música e cultura eletrônica Hype, reunindo DJs brasileiros da nova geração, como Telefunken e Mental Giu, e músicos estrangeiros, como os franceses Kid Loco e Olaf Hund, o alemão Rainer Trüby e a dupla austríaca Kruder & Dorfmeister. O objetivo do evento foi apresentar um panorama do que vem sendo produzido de música eletrônica no mundo e revelar a nova cara do movimento no Brasil. Uma programação paralela promoveu oficinas de criação musical e exibição de videoclipes. Além disso, em uma das noites do festival, aconteceu o show-tributo Experiências Tropicais, em homenagem a um dos maiores criadores da música brasileira, o maestro e arranjador Rogério Duprat, considerado um dos mentores do tropicalismo.

Nova Safra da MPB
Pelo quarto ano consecutivo, o Sesc Ipiranga realiza o projeto Encontros Musicais da Nova Safra da MPB, que conta com direção musical da jornalista Roseli Tardelli. Um show mensal reúne três artistas: músicos, cantores e grupos que despontam no cenário da MPB. Em maio, apresentaram-se o quarteto instrumental Zarabatana, a compositora mineira Tânia Bicalho e o cantor e compositor Lula Barbosa.

Atividades adaptadas
O Sesc São Carlos realizou, em maio, o Simpósio Sesc de Atividades Físicas Adaptadas. Através de uma ampla programação, estudantes e profissionais de diversas áreas tiveram a oportunidade de ampliar o conhecimento sobre as possibilidades dos portadores de deficiências e de necessidades especiais. "Com o olhar além da deficiência, da desvantagem, caminhamos para melhorar a qualidade de vida das pessoas, assegurando os direitos humanos/sociais", afirma a professora Verena Pedrinelli, uma das conferencistas.

O Carrasco
O Sesc Belenzinho apresentou, em maio, O Carrasco, do grupo carioca Amok Teatro, ganhador do prêmio Governador do Estado do Rio de Janeiro como melhor espetáculo de 2001. Inspirada no romance homônimo do escritor sueco Pär Lagerkvist, a montagem tem direção de Ana Teixeira. Como em seu trabalho anterior, o monólogo Cartas de Rodez, a diretora explora ao máximo a expressividade física e vocal dos intérpretes: os ensaios de O Carrasco duraram mais de sete meses.

Gilberto Gil
Não há dúvidas em relação à contribuição que Bob Marley deu à música mundial. O maior ícone do reggae internacional, que morreu no dia 11 de maio de 1981, recebeu, exatos 21 anos depois, uma homenagem brasileira digna de sua importância. Iniciando a turnê internacional de seu disco em homenagem ao jamaicano, intitulado Kaya N'Gan Daya, Gilberto Gil apresentou nesse dia show homônimo no Sesc Catanduva. Há muito tempo se fala da ligação musical existente entre os dois músicos. Gil costuma dizer que dois de seus maiores ídolos são Luiz Gonzaga - que o compositor homenageou em seus últimos dois discos - e Bob Marley. "Na verdade, encontrei uma espécie de similitude entre o cangaceiro e o rastaman. Ambos causando-me a mesma impressão de estranheza, beleza e grandeza em seus processos e projetos de vida: Gonzaga, um cangaceiro implícito, idílico; Marley, um rastaman explícito, real", afirma Gil.
"Depois do samba e do baião, o que eu mais gosto é de reggae. Coisa de neguinho...
Neguinho gosta de batuque, não tem jeito"
Gilberto Gil, que iniciou a turnê de seu show Kaya N'Gan Daya em maio no Sesc Catanduva

Desenvolvimento motor
O Sesc Consolação promoveu em maio o workshop Desenvolvimento Motor, com o norte-americano David Gallahue, diretor da Comissão Acadêmica e de Pesquisa da Escola de Educação Física da Universidade de Indiana. Autor de onze livros sobre o assunto, o especialista deu no Teatro Sesc Anchieta a palestra Ensinando Habilidades Esportivas, na qual defendeu a importância dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento pessoal. "O jogo é um processo de aprendizagem, não é um produto da aprendizagem", afirma Gallahue. "Brincamos porque é prazeroso, porque a gente se diverte. Essa é uma ferramenta muito importante para fazer com que as pessoas tenham um estilo de vida mais saudável." Além da palestra, o professor organizou também duas vivências, nas quais propôs atividades e desafios para experimentar e explorar a criatividade motora.

Orlando
A companhia de dança suíça Buissonnière apresentou, em maio, no Teatro Sesc Anchieta, o espetáculo multimídia Orlando, inspirado no romance homônimo da escritora inglesa Virginia Woolf. O espetáculo tem direção do prestigiado coreógrafo e bailarino catalão Cisco Aznar. "Sem dúvida Woolf era uma mulher com um grande senso de humor. Ao mesmo tempo que reivindicava umas libras e uma habitação própria para poder escrever, se queixava de sua criada e recebia, em sua casa de campo, flores frescas cortadas de um jardim de Buenos Aires", conta Cisco. Esse é o quarto espetáculo apresentado no Brasil pelo coreógrafo, considerado um dos mais promissores talentos da dança mundial contemporânea.

Sociedade e educação
O congresso Educação e Transformação Social, promovido em maio pelo Sesc Santos, reuniu, durante quatro dias, alguns dos mais importantes especialistas nacionais para discutir o papel fundamental que a educação pode exercer no desenvolvimento da sociedade. Através de oficinas, vivências, palestras e mesas-redondas, profissionais como Rubem Alves, Maria Rita Kehl e Paul Singer refletiram sobre o tema e proporcionaram aos participantes a possibilidade de aprofundar os conhecimentos e debater os principais conceitos e perspectivas da educação. Leia na seção Em Pauta deste mês artigos exclusivos de alguns dos participantes sobre o assunto.
"Para transformar permanentemente o mundo, o homem precisa apropriar-se sempre da cultura. Essa apropriação se dá pela educação, que constitui a atualização histórico-cultural do indivíduo" Vitor Henrique Paro, professor, no Sesc Santos

Política cultural
Cultura Pública - A Organização Política do Sonho, coletânea de artigos e trabalhos jornalísticos publicados pelo advogado, poeta e escritor Jorge Cunha Lima, terá noite de autógrafos no dia 3 de junho, às 19h, na Livraria Cultura no Conjunto Nacional, av Paulista, 2073, São Paulo. Cunha Lima foi Secretário da Cultura do Estado de São Paulo e presidente da Fundação Cásper Líbero e hoje está à frente da Fundação Padre Anchieta (TV Cultura). No livro, publicado pela Editora Senac, o autor traça um paralelo entre vida intelectual e atividade pública para levantar questões cruciais da cultura pública no Brasil e enfatizar o papel da televisão na formação do brasileiro.

Congresso homenageia Sesc
Em discurso proferido no Senado Federal, o senador Romero Jucá incluiu o Sesc entre as instituições modelares do país, ressaltando sua eficácia na oferta de cultura e lazer de qualidade para todos. Já o deputado Duílio Pisaneschi, em sessão na Câmara, destacou o Prêmio Unesco de Cultura, outorgado em 2001 ao Sesc-SP, contemplando a ampla política de democratização cultural da instituição, que se estende às regiões mais carentes do Estado.


Frases

"E eu normalmente não gosto de falar das pessoas pela frente. Acho uma falta de educação tão grande, não é? Falar mal pela frente constrange quem fala e quem ouve. Não custa nada esperar que a pessoa dê as costas"
Ariano Suassuna, em palestra no Sesc Consolação

"Que sentido tem um senhor respeitável, grisalho, quem sabe vovô, às vezes bem-vestido, à beira do gramado, ficar gritando obviedades, quando não palavrões, que, aliás, os jogadores não ouvem, por causa do barulho do estádio?"
Ugo Giorgetti, cineasta, no livro Técnicos: Deuses e Diabos da Terra do Futebol, lançado em maio no Sesc Ipiranga

"Como a platéia do teatro shakespeariano ou o público latino nas comédias de Plauto que xingavam os atores quando a peça lhes desagradava, os torcedores nos estádios expressam as suas convicções a respeito do técnico"
Cacá Rosset, diretor teatral, no livro Técnicos: Deuses e Diabos da Terra do Futebol

"Os humanistas acusavam os cientistas de esfriar a relação do homem com o universo, transformando-a em equações e coisas do gênero. Felizmente se percebeu que isso é uma grande bobagem: é impossível que a intimidade esfrie uma relação".
Aníbal Fonseca, assessor científico da exposição Por que, Pra quê?, no Sesc Pompéia

"João do Vale foi um magnífico exemplo desses brasileiros que enfrentam as adversidades apenas com uma arma: o talento"
Sérgio Cabral, sobre o homenageado do Boteco do Cabral de maio, no Sesc Araraquara