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Experimentos com Tempo e Sombras
Tempo é fluxo perpétuo de transformação. Essa é umas premissas de Henri Bergson no livro A Evolução Criadora, Prêmio Nobel de Literatura de 1927. Na obra, o filósofo francês discute o tempo como movimento transitório e imutável, um processo fluído e contínuo da existência que gera o futuro no presente enquanto revisita o passado. É dividido em instantes e momentos, maneira que o homem encontrou de mensurar a passagem do tempo. Ilusão ou movimento da infinitude, o tempo mostra que não somos a origem, e tampouco o fim.
Para refletir sobre o tempo, o Sesc Santo André e o artista indiano Daku convidam o público para a instalação Experimentos com Tempo e Sombras. Em exposição inédita no Brasil, o artista anônimo nascido em uma pequena cidade da Índia utiliza em suas obras a tecnologia mais antiga do mundo para medir o tempo: as sombras. A rampa de entrada da unidade recebe uma grande instalação suspensa com letras que, ao serem refletidas pelo sol, formam frases escritas pelas sombras no chão. O texto, de autoria do artista, incita a reflexão sobre o tempo e o efeito de sua passagem em nossas vidas.
“Antes da invenção do relógio moderno, as sombras eram a principal fonte de mensuração do tempo. Os egípcios antigos usavam relógios solares ou relógios de sombra para medir os ciclos de 24h do dia/noite. Hoje, no mundo moderno - de aceleradas mudanças -, nós quase esquecemos da conexão entre sombras e tempo”, afirma o artista que utiliza o pseudônimo Daku, tradução hindi para a palavra “bandido”.
Além da instalação que recepciona o público no Sesc Santo André, Daku expõe retratos de suas obras em diversos locais pelo mundo, sempre experimentando diferentes técnicas e linguagens ao estabelecer diálogos profundos e localizados com os espaços nos quais trabalha.
A despeito dos temas complexos, desafiando a si e a sua audiência, o artista logra afetar seu espectador com comentários simples e incisivos, na forma de intervenções públicas de arte. Por vezes poético e lírico, outras tantas, vândalo e cru, o trabalho de Daku é sempre surpreendente e constantemente transitório.
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A exposição estará aberta de terça a domingo, até o dia 1 de março, no Sesc Santo André. A classificação é livre e a entrada gratuita para todos os públicos.