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Carta ao leitor
O Brasil é um país de contrastes. Se, por um lado, tem uma das maiores malhas hidrográficas do mundo, por outro deixa uma parcela considerável da população sem água tratada. O saneamento básico, tema da matéria de capa, continua sendo um enorme desafio para a administração pública, que, ao deixar de fazer os investimentos necessários nessa área, condena as camadas de baixa renda a viver em locais insalubres, onde o esgoto corre a céu aberto, colocando em risco a saúde de comunidades inteiras. A privatização do setor, apontada pelo governo como solução, esbarra na resistência de vários grupos da sociedade, decepcionados com as dificuldades que enfrentam em serviços anteriormente oferecidos por empresas públicas e agora na mão de particulares, como luz e telefone.
A deficiência do saneamento no Brasil, porém, não se limita aos perigos imediatos a que a população está sujeita. Os danos ao meio ambiente são igualmente graves, quando toneladas de esgoto são despejadas nos rios sem nenhum tratamento, comprometendo os programas de irrigação, a pesca e o abastecimento de água. Justamente no momento em que o mundo todo mostra apreensão pelo risco iminente de escassez do precioso líquido num futuro próximo. Um país de natureza pródiga como este, tão rico em biodiversidade, não deveria menosprezar uma área essencial para a saúde e o bem-estar de seus habitantes.